Aranha sabia que seria o grande personagem do duelo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, na noite desta quinta-feira.
O goleiro foi hostilizado pelos torcedores adversários logo ao entrar no gramado, para o aquecimento. Com a bola rolando, foi vaiado todas as vezes em que pegou na bola, mas foi fundamental para que o Santos voltasse com um ponto, no empate por 0 a 0, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O goleiro disse que nunca se sentiu tão mal num jogo de futebol. Criticou a torcida gremista, dizendo que “a maioria parecia concordar” com as ofensas racistas que sofreu. Desabafou ao afirmar que não daria “desculpas para esse povo, não”. E, ao ser questionado sobre o pedido de perdão de Patrícia Moreira, a torcedora flagrada o xingando de “macaco”, detonou:
– Uma coisa é perdoar, abraçar. Ela está indo nos programas de televisão se explicar e cada vez piora a situação. A primeira coisa que faz é se explicar. Tentou chorar e não conseguiu. Uma coisa que não tem necessidade – disse o goleiro
Aranha foi vaiado todas as vezes que tocou na bola. E foram muitas. Com boas defesas, foi um dos destaques do empate por 0 a 0.
– Sempre procuro respeitar o adversário, a torcida adversária. É triste (o comportamento da torcida do Grêmio), eles (torcedores) parecem que concordam com tudo o que aconteceu (injúrias raciais). Tenho de fazer minha parte. Estou tranquilo, sou profissional. Mas que é triste, é triste – disse, no intervalo.
Depois, emendou.
– Tenho de fazer o meu trabalho, mas é triste. Se tiver de dar desculpas para esse povo não vou dar, não.
Após a partida, Aranha voltou a falar sobre o episódio. Ele comentou que sentiu uma vaia “diferente” e deixou evidente toda sua mágoa com os torcedores gremistas:
– Fiquei triste porque deu para perceber bem qual é o pensamento do torcedor gremista, da grande maioria que apoiou o ato. Não foi só a garota (Patrícia Moreira). Ela está pagando mais porque foi ela que apareceu (na TV). Tinha muita gente contra minha atitude. A única coisa que fiz foi relatar para o árbitro (as ofensas), coisa que está na lei, na regra. Muita gente sofreu para que hoje isso estivesse na lei. A punição às vezes serve para isso. Eu não ligo para as vaias, para manifestação do torcedor, desde que seja do esporte. E a gente, sem ser hipócrita, sabe que a vaia hoje foi diferente – completou.
Fonte: Globo Esporte