O governo da Síria afirmou neste domingo que Israel levará o Oriente Médio a uma guerra se continuar com ataques contra alvos no território sírio. Para o regime do ditador Bashar Assad, a ação desta madrugada contra um centro militar viola leis internacionais.
As declarações são feitas horas após caças israelenses bombardearem o complexo militar de Jamraya, a 60 km da capital Damasco. Segundo fontes do governo israelense, a intenção era destruir um carregamento de mísseis iranianos que seriam enviados ao grupo radical libanês Hizbollah.
A ação causou a condenação do Irã, aliado de Assad, mas também do Egito e da Liga Árabe que, apesar de darem apoio aos rebeldes sírios, são contrários à atuação militar israelense na região e defendem a criação de um Estado palestino.
Mais cedo, o regime sírio disse, em comunicado divulgado pela agência de notícias Sana, que o bombardeio era uma declaração de guerra de Israel. A mesma frase foi dita pelo vice-chanceler, Faisal al Mekdad, em entrevista à CNN.
Em comunicado feito durante um intervalo em uma reunião de emergência do alto escalão do regime, o ministro da Informação da Síria, Omram al Zoubi, disse que os ataques fazem com que o Oriente Médio se torne “mais perigoso” e são “uma flagrante violação às leis internacionais”.
O ministro sírio defendeu que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) avalie a questão e afirmou que o regime enviou duas cartas, uma destinada ao conselho e outra ao secretário-geral, Ban Ki-moon.
No documento, Zoubi afirmou que os ataques israelenses dos últimos dias são um apoio direto às ações dos terroristas, como o regime de Assad chama os rebeldes que há dois anos combatem contra o governo, em especial a Frente al Nusra, que diz ter relações com a rede terrorista Al Qaeda.
“Esta agressão, da qual Israel não se responsabilizou, abre portas a todas as possibilidades e confirma a ligação entre Israel e grupos de ideologia radical islâmica. Eles não podem jogar com o destino da Síria. Nós temos direito de proteger com todos os meios nosso país e nosso povo de toda a agressão estrangeira”.
Ele também acusou os Estados Unidos de darem cobertura para a ação israelense e voltou a dizer que os rebeldes são financiados por países árabes, como a Arábia Saudita, a Turquia e o Qatar. “Estamos todos em um estado de ira. Não é um ataque novo, pois é praticado todos os dias por terroristas”.
Embora a retórica do regime sírio seja de guerra com Israel, é improvável que Assad provoque um conflito, em especial pelo uso de todo o efetivo do Exército sírio para combater os grupos rebeldes.
Fonte: Folha de São Paulo