Trump ataca soberania brasileira com tarifas abusivas de 50%

Presidente americano usa falsas premissas para punir o Brasil e defender Bolsonaro, ignorando dados reais da balança comercial.

Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque

Em uma decisão que expõe o desrespeito aos princípios básicos da diplomacia internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (9) a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para território americano. A medida, que entrará em vigor em 1º de agosto, representa um ataque direto à soberania nacional e demonstra como interesses políticos pessoais podem se sobrepor às relações comerciais entre nações.

A carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela o verdadeiro caráter desta decisão: uma retaliação política disfarçada de medida comercial. O republicano justifica a taxação alegando uma suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal. Trump ignora deliberadamente que o processo judicial é legítimo e segue o devido processo legal brasileiro.

As acusações de Trump contra o STF, mencionando “centenas de ordens de censura secretas e ilegais”, demonstram um desconhecimento preocupante sobre o funcionamento das instituições brasileiras. O que o presidente americano chama de censura são, na verdade, medidas legais para combater a desinformação e proteger a democracia, aplicadas dentro do marco constitucional brasileiro.

Mais grave ainda é a distorção dos dados econômicos apresentada por Trump para justificar sua decisão. O presidente americano alega um suposto déficit na balança comercial com o Brasil, quando a realidade é exatamente o oposta. Segundo dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Brasil registra déficits comerciais com os Estados Unidos há 16 anos consecutivos, desde 2009.

Os números são inequívocos: ao longo desse período, as vendas americanas ao Brasil superaram as importações em impressionantes US$ 88,61 bilhões, equivalente a R$ 484 bilhões na cotação atual. Ou seja, os Estados Unidos têm um superávit comercial substancial com o Brasil, contradizendo frontalmente as alegações de Trump sobre desequilíbrios comerciais.

A reação do governo brasileiro foi firme e adequada. O presidente Lula convocou uma reunião de emergência com sua equipe ministerial e deixou claro que o país não aceitará tutela externa. Em suas palavras, “o processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência que ameace a independência das instituições nacionais”.

O vice-presidente Geraldo Alckmin foi certeiro ao avaliar a medida como injusta, afirmando que “o Brasil não é problema para os Estados Unidos” e que a taxação “prejudica a própria economia americana”. De fato, a tarifa de 50% é a mais alta aplicada por Trump até o momento, superando as taxas impostas a outros países que variam entre 20% e 40%.

O aspecto mais lamentável desta crise é a postura antipatriótica de setores da extrema direita brasileira. Líderes bolsonaristas, incluindo Eduardo Bolsonaro, não apenas apoiaram as tarifas prejudiciais ao país como celebraram a decisão que afetará diretamente a economia nacional e os empregos brasileiros. Esta atitude revela uma subordinação inaceitável a interesses estrangeiros em detrimento da soberania nacional.

A articulação política por trás das tarifas também é reveladora. Parlamentares governistas denunciam que a família Bolsonaro, especialmente Eduardo Bolsonaro, que se mudou para os Estados Unidos, trabalhou ativamente para pressionar o governo americano contra o Brasil. Esta é uma demonstração clara de como a extrema direita brasileira coloca seus interesses políticos acima dos interesses nacionais.

O Brasil deve responder a esta agressão comercial com dignidade e firmeza, defendendo sua soberania e seus interesses econômicos. As tarifas abusivas de Trump, baseadas em falsas premissas e motivações políticas espúrias, não podem ser aceitas passivamente. É hora de mostrar que o país não se curvará a pressões externas e que suas instituições democráticas são respeitadas e protegidas pelo povo brasileiro, independentemente de interferências estrangeiras.

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