Mais uma reviravolta no concurso da Polícia Militar. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) encaminhou, ontem, à Justiça pedido de anulação da prova de conhecimentos, realizada em 22 de novembro do ano passado, e das etapas seguintes do processo. O promotor Eduardo Cajueiro, que assumiu o caso em dezembro, comprovou a existência de um esquema de fraude e pediu, ainda, o aprofundamento das investigações da Polícia Civil para tentar identificar o mentor intelectual do esquema. Cajueiro ajuizou uma ação civil pública para suspender o concurso até o fim dessas investigações. O estado terá três dias para se pronunciar sobre a ação do MPPE assim que receber a notificação da Justiça.
Em dois meses, o promotor ouviu 28 candidatos e outras 16 pessoas que trabalharam na realização do concurso, entre fiscais e chefes de prédio. A investigação do MPPE começou após denúncias de irregularidades feitas pelos candidatos no dia da prova e depois de matérias veiculadas na imprensa. “Após ouvir candidatos e pessoal que trabalhou no concurso, constatei que foram registrados casos de pessoas com celular durante os testes no Recife, na Região Metropolitana e no Interior. Essa situação deveria ter sido fiscalizada e proibida”, disse o promotor.
De acordo com Cajueiro, somente a identificação do mentor intelectual da fraude pode garantir a localização de todos os envolvidos no esquema. “Uma fiscal ouvida, por exemplo, disse que mandou os candidatos desligarem os celulares, retirarem as baterias e colocarem o equipamento embaixo das bancas. Nessa situação, o candidato deveria ser retirado do concurso”, comentou.
Na opinião de Cajueiro, o esquema de fraude foi bem elaborado. “Foram registrados casos de celulares com mensagens contendo as respostas dos quesitos e ainda foi apreendido um equipamento de transmissão e recepção de sinais”, destacou. Segundo o promotor, houve uma quebra do princípio de vinculação ao edital. “Tudo leva a crer que não se trata de acerto de bar. É necessário identificar o mentor intelectual da fraude. Com essaomissão, seria impossível afirmar com exatidão que todos aqueles que seriam beneficiados pela fraude foram devidamente identificados e expurgados do certame”, destacou.
Pelo menos quatro aparelhos celulares receberam mensagens de texto com as respostas das provas, enviadas pelo mesmo número, na mesma data e em horários aproximados, apontaram as investigações da Polícia Civil. “O concurso público é a porta de entrada mais democrática e justa que existe para o serviço público. Tal fato, por si só, é mais do que suficiente para ensejar a anulação da prova objetiva, por macular a moralidade do processo seletivo como um todo”, explicou o promotor. Caso a determinação do MPPE seja aceita pela Justiça, todos os candidatos – exceto os que foram eliminados – poderão fazer provas novamente.
Fonte: Diário de Pernambuco