Procuradoria aponta tentativa de intimidar autoridades brasileiras ao pedir sanções contra ministro do Supremo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito policial para investigar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que será o relator do caso por prevenção, já que centraliza as investigações sobre atos antidemocráticos no país.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fundamenta o pedido na atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Segundo a PGR, o deputado busca a aplicação de sanções internacionais contra o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades brasileiras, com o objetivo de intimidar agentes públicos envolvidos nas investigações e processos contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e aliados.
A PGR argumenta que a conduta do parlamentar visa interferir no andamento de processos criminais no Brasil. Essa atuação poderia configurar crimes como tentativa de obstrução da Justiça e coação de testemunhas no curso do processo que investiga a suposta formação de quadrilha para tentativa de golpe de Estado.
No âmbito do pedido de investigação, Gonet também solicitou que o ex-presidente Jair Bolsonaro preste depoimento sobre o caso, uma vez que seria diretamente beneficiado pelas ações do filho nos EUA. Eduardo Bolsonaro havia anunciado publicamente há dois meses que estava trabalhando para que autoridades americanas sancionassem Moraes.
A situação ganhou novos contornos após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmar na semana passada que sanções contra Moraes estão “em análise” e que há “grande possibilidade” de ocorrerem. A declaração mobilizou o governo brasileiro e magistrados, que intensificaram o diálogo diplomático com os EUA para evitar as sanções, consideradas uma afronta à soberania nacional.