Personalidade | Saiba quem foi Delmiro Gouveia

Empresário visionário que desafiou o poder inglês no Nordeste brasileiro.

Imagem: Reprodução

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu na fazenda Boa Vista, no município de Ipu, Ceará, e morreu assassinado em 1917, aos 54 anos, em Vila da Pedra, atual cidade de Delmiro Gouveia, em Alagoas. Filho ilegítimo de um fazendeiro que morreu na Guerra do Paraguai, teve origem humilde e precisou trabalhar desde cedo para sustentar a família.

Aos 19 anos, mudou-se com a mãe para Pernambuco, onde começou como bilheteiro de trem e despachante de barcaças. Sua trajetória empresarial iniciou-se no comércio de peles e couros, atividade que o levou a enriquecer rapidamente e a ser conhecido como o “Rei das peles” no Nordeste brasileiro.

Em 1896, fundou a Casa Delmiro Gouveia & Cia e expandiu seus negócios para outros setores. Urbanizou o bairro do Derby no Recife, construiu o Mercado Coelho Cintra e ergueu uma refinaria de açúcar que chegou a ser a maior da América do Sul na época.

Após conflitos pessoais e políticos, mudou-se em 1904 para Vila da Pedra, no sertão alagoano, próximo ao rio São Francisco. Lá, desenvolveu seu projeto mais ambicioso: uma usina hidrelétrica na cachoeira de Paulo Afonso e uma fábrica de linhas de costura que revolucionou a indústria têxtil brasileira.

A Companhia Agro-Fabril, inaugurada em 1914, produzia as famosas linhas “Estrela”, que chegaram a fabricar mais de 20 mil carretéis por dia. A empresa oferecia benefícios sociais pioneiros, como vila operária, assistência médica, escola e cinema para os trabalhadores.

O sucesso da fábrica incomodou o monopólio inglês da Machine Cotton, que produzia as “Linhas Corrente”. Os ingleses tentaram comprar o empreendimento e, diante da recusa de Delmiro, passaram a sabotar seus negócios, registrando a marca “Estrela” em outros países sul-americanos.

Delmiro Gouveia foi encontrado morto misteriosamente no terraço de sua casa em 1917, em um crime que nunca foi esclarecido. Após sua morte, a Machine Cotton praticou dumping para quebrar a concorrência brasileira, e a fábrica foi vendida e destruída em 1930. A cidade onde viveu seus últimos anos hoje leva seu nome, perpetuando a memória deste empresário nacionalista que ousou desafiar interesses estrangeiros no Brasil.

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