Meio Ambiente

Desmatamento no Brasil apresenta queda acentuada, mas ainda preocupa

Relatório do MapBiomas indica segundo ano consecutivo de redução geral no desmatamento, porém bioma da savana brasileira concentrou mais da metade das perdas em 2024, com agropecuária como principal vetor.

Foto: Divulgação / PNCV

Uma notícia alentadora para o meio ambiente brasileiro emergiu com a divulgação do mais recente Relatório Anual do Desmatamento (RAD) pela rede MapBiomas: pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou uma queda na supressão de sua vegetação nativa.

Em 2024, a redução geral atingiu 32,4% em todos os seis biomas nacionais, um avanço considerável que se soma à retração de mais de 11% observada em 2023 em comparação com o ano anterior. Este cenário positivo reflete os esforços contínuos para conter a perda florestal, com a Amazônia Legal, inclusive, alcançando seu menor índice de desmatamento desde o início da série histórica do RAD, em 2019.

Apesar do panorama geral de recuo, o Cerrado continua a ser motivo de grande preocupação. O bioma, conhecido como a savana brasileira, foi o ecossistema mais devastado no último ano, respondendo por mais da metade de toda a área desmatada no país, com uma perda de 652.197 hectares. A região do Matopiba – acrônimo que engloba áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – foi particularmente atingida, concentrando 75% do desmatamento no Cerrado e aproximadamente 42% de toda a perda de vegetação nativa brasileira.

Juntamente com o Pará, esses quatro estados foram responsáveis por 65% da área total desmatada no Brasil em 2024. O Maranhão, mesmo apresentando uma redução em seu índice de desmatamento em relação a 2023, ainda liderou o ranking dos estados que mais desmataram.

A Amazônia, embora tenha demonstrado melhora, ainda figura como o segundo bioma com maior área desmatada, perdendo 377.708 hectares. Um ponto de atenção é o estado do Acre, que viu seu desmatamento aumentar em 30% em relação à sua média histórica. Somados, Cerrado e Amazônia foram responsáveis por quase 83% de toda a área desmatada no Brasil em 2024.

Outro fator que acende o alerta é o crescimento da degradação florestal na Amazônia, impulsionada principalmente por incêndios em períodos de seca extrema, que aumentou 163% entre 2022 e 2024. Essa degradação, que em 2024 atingiu uma área superior à do estado de Sergipe, pode comprometer os saldos positivos obtidos com a redução do desmatamento direto.

O relatório do MapBiomas também destaca a situação crítica na Caatinga, que registrou o maior alerta de desmatamento em seis anos de monitoramento. Um único imóvel rural no Piauí foi responsável pelo desmatamento de 13.628 hectares em apenas três meses, e municípios piauienses lideram o aumento da devastação no bioma.

No acumulado dos últimos seis anos (2019-2024), o Brasil perdeu uma área de vegetação nativa equivalente ao território da Coreia do Sul, totalizando 9.880.551 hectares, dos quais 67% ocorreram na Amazônia Legal. O Pará é o estado com o maior acumulado de perdas nesse período.

A principal causa da perda de vegetação nativa, segundo o MapBiomas, continua sendo a expansão agropecuária, responsável por mais de 97% do desmatamento nos últimos seis anos. O garimpo também exerce pressão, especialmente na Amazônia, onde se concentra 99% da área desmatada por essa atividade. Os biomas Pantanal e Mata Atlântica somaram 3% das perdas em 2024, enquanto o Pampa apresentou a menor área desmatada.

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes e fiscalização contínua para que a tendência de queda no desmatamento se consolide e se estenda a todos os biomas, protegendo a rica biodiversidade brasileira.