O presidente Lula (PT) demitiu no começo da tarde desta quarta-feira (25) a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. O comando do banco é alvo da cobiça do centrão e entrou nas negociações com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em troca de apoio no Congresso Nacional.
O posto está na mira do PP desde julho. O nome indicado por Lira para o banco é o do funcionário de carreira Carlos Antônio Vieira Fernandes. Lula usou mesmo método de demissão da ex-ministra Ana Moser (Esportes), com uma saída arrastada e conversas antes da oficialização.
Além de indicar o comando da Caixa, o PP também deve levar a maioria das 12 vice-presidências. Hoje a principal dúvida é se Lula topará entregar a secretaria de habitação ao partido. Além de o cargo ser considerado vital pelo governo, o presidente gosta de Inês Magalhães, hoje na cadeira.
Na primeira leva de acordos do governo com o centrão, entraram os deputados André Fufuca (PP-MA) no Esportes e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) no Portos e Aeroportos, em setembro.
O encontro de Lula com Serrano ocorre no momento em que a votação do projeto de lei de tributação de fundos exclusivos e offshores passa por uma sucessão de adiamentos. A proposta é considerada prioritário para a equipe econômica para elevar a arrecadação federal.
O mandatário chegou a dizer, há um mês, que não estava disposto “a mexer com nada” naquele momento, dias antes da sua cirurgia nas pálpebras e no quadril, indicando que poderia deixar para depois a troca no banco.
Dias antes, porém, em entrevista à Folha de S.Paulo em 17 setembro, Lira admitiu que a Caixa está nas negociações com o governo e que as indicações políticas para todas as vice-presidências do banco passarão por ele. O nome de Carlos Antônio Vieira Fernandes foi levado ao presidente há cerca de três semanas.
Fernandes é paraibano, economista, integra os quadros do banco, foi diretor-presidente da Funcef (Fundação dos Economiários Federais), o fundo de pensão da Caixa, e comandou ministérios em gestão petista. Ele chegou à secretaria-executiva do Ministério da Integração Nacional em 2012, quando o PP ocupou a pasta. O ministro era Aguinaldo Ribeiro, que também é da Paraíba e aliado de Lira.
O nome indicado agora por Lira a Lula chegou a assumir interinamente o cargo de ministro das Cidades e da Integração, mas foi demitido por Dilma no momento em que o PP começava a desembarcar do governo para apoiar o processo de impeachment, que culminou com a queda da petista em 2016.
Fonte: Estado de Minas