Bombardeios israelenses matam líderes militares iranianos e atingem instalações nucleares, enquanto retaliação de Teerã fura sistema de defesa e atinge Tel Aviv.

Na noite de quinta-feira (12), Israel lançou o que analistas classificam como o ataque mais abrangente e intenso já realizado contra o Irã, atingindo dezenas de alvos militares e nucleares em território iraniano. A operação, descrita como “sem precedentes” desde a guerra Irã-Iraque dos anos 1980, resultou na morte de importantes líderes militares iranianos e causou danos significativos às instalações nucleares do país. As explosões foram registradas em Teerã e outras cidades iranianas, marcando uma nova escalada no conflito entre os dois países.
O ataque israelense teve como principais alvos a usina de Natanz, considerada o centro do programa de enriquecimento de urânio do Irã, além de instalações em Isfahan e um aeroporto militar em Tabriz. Entre as vítimas confirmadas estão Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, Mohammad Bagheri, chefe das Forças Armadas, e os cientistas nucleares Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi. Segundo o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, o balanço da primeira onda de ataques foi de 78 mortos e 320 feridos. A estratégia adotada por Israel seguiu padrão similar ao utilizado contra o Hezbollah no Líbano, visando eliminar figuras-chave da liderança iraniana.
Israel justificou a operação como uma ação preventiva para neutralizar uma “ameaça iminente” representada pelo programa nuclear iraniano. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o Irã havia acumulado urânio enriquecido suficiente para produzir entre nove e quinze bombas nucleares, com um terço desse material enriquecido nos últimos três meses. A Embaixada de Israel no Brasil classificou o Irã como “principal patrocinador do terrorismo global” e uma “ameaça existencial” ao Estado israelense, alegando que o regime iraniano busca a “aniquilação de Israel” por meio de um programa nuclear clandestino.
A retaliação iraniana não tardou a chegar. Na sexta-feira (13), o Irã lançou centenas de mísseis balísticos contra Israel, conseguindo furar o sistema de defesa “Domo de Ferro” e atingir pontos estratégicos em Tel Aviv e Jerusalém. Os projéteis atingiram sete regiões da capital israelense, causando incêndios em edifícios e deixando pelo menos três mortos e dezenas de feridos. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, classificou o ataque israelense como uma “declaração de guerra” e prometeu que Israel teria um “destino amargo e doloroso”. Uma segunda onda de mísseis foi disparada na madrugada de sábado (14), intensificando ainda mais o conflito.
Os ataques israelenses causaram danos significativos às instalações nucleares iranianas, incluindo a destruição da infraestrutura para reconversão de urânio enriquecido em Isfahan e danos ao sistema elétrico da usina de Natanz. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que a infraestrutura acima do solo de Natanz foi destruída, podendo ter danificado as centrífugas do local. A agência alertou para o risco de “liberações radioativas com graves consequências” e está monitorando a situação. Instalações em Fordow também foram atingidas, embora autoridades iranianas tenham minimizado os danos, afirmando que não há motivo para preocupação em termos de contaminação.

O conflito atual representa a maior escalada entre Israel e Irã desde que a rivalidade se intensificou após a Revolução Islâmica de 1979. Antes da revolução, as relações entre os países eram cordiais, com o Irã sendo o segundo país islâmico a reconhecer Israel. O regime dos aiatolás rompeu relações diplomáticas e passou a apoiar grupos como Hamas e Hezbollah, transformando Israel em seu principal adversário regional. A atual operação militar é considerada a maior já realizada em território iraniano desde a guerra contra o Iraque, gerando temores de que a “guerra nas sombras” entre os dois países se transforme em um conflito aberto de grandes proporções.
A comunidade internacional reagiu com preocupação à escalada do conflito. A Alemanha aumentou a segurança de instituições judaicas e israelenses, enquanto o presidente americano Donald Trump aproveitou a ocasião para pressionar o Irã a selar um acordo nuclear com os Estados Unidos “antes que seja tarde demais”. O Iraque, que abriga bases americanas e grupos paramilitares apoiados pelo Irã, intensificou conversas para dissuadir uma possível retaliação em seu território. As negociações nucleares entre Irã e EUA, previstas para domingo (15), foram suspensas indefinidamente, aumentando as incertezas sobre o futuro do Oriente Médio e a possibilidade de uma guerra regional de grandes proporções.