Internacional

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Israel avança sobre a Cidade de Gaza em nova fase da ofensiva

A incursão terrestre, que visa desmantelar o controle do Hamas na região, agrava a crise humanitária e eleva a tensão internacional, em meio a acusações de genocídio.

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As Forças de Defesa de Israel (IDF) deram início a uma massiva invasão terrestre na Cidade de Gaza na madrugada desta terça-feira, 16, marcando o que descrevem como a “fase principal” de sua ofensiva. A operação, que cumpre uma ameaça antiga, eleva drasticamente os riscos para centenas de milhares de civis palestinos que ainda residem na área, transformando a cidade em um perigoso campo de batalha.

Com três divisões de soldados da ativa e da reserva, o exército israelense declarou que o objetivo é “desmantelar a infraestrutura terrorista do Hamas”. O porta-voz militar, Avichay Adraee, alertou a população sobre os perigos de permanecer na cidade, enquanto o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, confirmou o início de uma “poderosa operação”, classificando o momento como um “estágio crucial” para o país.

A intensificação dos ataques já reflete um pesado custo humano. Nas últimas horas, o hospital Al-Shifa, principal centro médico da cidade, recebeu mais de vinte corpos e dezenas de feridos. Autoridades de saúde locais relatam a impossibilidade de equipes de emergência socorrerem vítimas presas nas ruas ou sob escombros, agravando uma crise que, segundo a ONU, já provocou mais de 63 mil mortes, o deslocamento de quase toda a população e a destruição de mais de 80% das edificações.

A estratégia israelense consiste em uma “manobra coordenada e gradual”, que une inteligência, tropas terrestres e poder aéreo para neutralizar o que consideram o “reduto central do Hamas”. A expectativa é encontrar cerca de 3 mil combatentes do grupo e de facções aliadas. Embora as IDF afirmem que 40% do milhão de habitantes da região já deixaram suas casas, a justificativa para a ofensiva – impedir novos ataques como o de 7 de outubro de 2023 – é recebida com ceticismo pela comunidade internacional.

A ofensiva terrestre foi lançada logo após uma visita do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que reiterou o apoio “inabalável” dos Estados Unidos a Israel, um gesto interpretado como um aval da administração Trump para a operação. A ação militar, no entanto, diminui as esperanças de um cessar-fogo negociado, defendido por muitos como a via mais segura para a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.

Internacional

Relação estremecida: Musk é excluído de jantar de Trump com líderes de tecnologia

Encontro na Casa Branca reúne CEOs como Zuckerberg e Gates, mas ausência do dono do X evidencia o rompimento com o presidente.

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Um jantar de alto nível promovido por Donald Trump para os principais executivos de tecnologia dos Estados Unidos, nesta quinta-feira (4), contará com a notável ausência de Elon Musk. O evento, que reunirá na Casa Branca nomes como Mark Zuckerberg, da Meta, Tim Cook, da Apple, e Sam Altman, da OpenAI, sinaliza um claro distanciamento entre o presidente e o proprietário da plataforma X, antes considerado um importante aliado.

Fontes da Casa Branca confirmaram que o nome de Musk foi intencionalmente deixado de fora da lista de convidados. A exclusão reflete meses de uma relação conturbada, marcada por críticas públicas e desentendimentos que vieram a público, quebrando uma aliança que parecia sólida no início do mandato de Trump, quando Musk chegou a ser nomeado para um cargo no governo.

A parceria começou a ruir quando Musk se opôs veementemente a um pacote de corte de impostos defendido pelo presidente, classificando a medida como uma “abominação nojenta”. A crítica resultou em sua saída do posto governamental e deu início a uma série de ataques mútuos, desgastando a proximidade entre as duas figuras influentes.

Desde o rompimento, a troca de acusações se intensificou. Musk chegou a declarar que Trump não teria vencido a eleição sem seu apoio e insinuou a existência de ligações do presidente com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein. Em resposta, Trump afirmou que o bilionário havia “enlouquecido” e expressou sua decepção.

Apesar de uma aparente trégua, que incluiu um pedido de desculpas por telefone por parte de Musk, as tensões persistiram. A continuidade das críticas do empresário a projetos do governo foi recebida com ameaças de retaliação por parte de Trump, que cogitou usar a máquina pública contra as empresas de Musk. O jantar, portanto, serve como o mais recente capítulo dessa disputa, formalizando o afastamento no cenário político e empresarial.

Brasil, Internacional

Justiça italiana mantém Carla Zambelli presa por risco máximo de fuga

Corte de Apelação nega pedido da defesa para que deputada aguarde decisão sobre extradição em liberdade.

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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa na Itália após decisão da Corte de Apelação do país, que identificou “grau máximo” de perigo de fuga caso a parlamentar seja liberada. A determinação foi divulgada nesta quinta-feira (28/8), um dia após Zambelli passar por audiência com três juízes italianos que analisam o pedido de extradição feito pelas autoridades brasileiras.

A defesa da deputada havia solicitado à Justiça italiana que ela aguardasse em liberdade a decisão sobre sua extradição, requerida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Zambelli foi condenada duas vezes pela Corte brasileira e deixou o país antes de ser presa, buscando refúgio no território europeu. Os magistrados italianos, no entanto, rejeitaram o pedido após avaliar laudos médicos e concluir que a deputada tem condições de permanecer no sistema prisional.

Durante a audiência realizada na quarta-feira (27/8), o procurador de Justiça da Itália alertou os juízes sobre o risco de fuga da brasileira, argumento que foi contestado pela defesa. O advogado Pagnozzi sustentou que Zambelli não possui passaporte italiano nem brasileiro e não tem recursos financeiros disponíveis, uma vez que o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias dela e de seu marido.

A avaliação médica realizada por peritos italianos concluiu que a equipe da unidade prisional onde Zambelli está detida “garante a administração correta de terapias farmacológicas, o monitoramento básico e especializado constante da saúde e a administração correta e consistente das terapias estabelecidas”. Segundo relatos da defesa, o responsável pela perícia falou por cerca de dois minutos durante a audiência, limitando-se a afirmar que a deputada “pode continuar em cárcere” sem apresentar justificativas detalhadas.

A parlamentar aguardará na prisão italiana a decisão final sobre sua extradição para o Brasil, onde responde a processos que resultaram em duas condenações pelo STF. O caso representa um marco nas relações jurídicas entre Brasil e Itália, envolvendo uma figura política de destaque que buscou escapar da Justiça brasileira em território europeu, mas encontrou resistência das autoridades locais em conceder-lhe liberdade provisória.

Internacional

Quem são os jornalistas mortos por Israel nesta segunda-feira em Gaza

Cinco profissionais da imprensa internacional perderam a vida no bombardeio ao hospital Nasser, único em funcionamento no sul do território palestino.

Ahmed Abu Aziz, Moaz Abu Taha, Mariam Abu Dagga, Mohammed Salama e Hussam al-Masri | Imagem: REUTERS/Redes sociais

Cinco jornalistas morreram nesta segunda-feira (25) durante um ataque israelense ao hospital Nasser, no sul da Faixa de Gaza, em meio a uma operação que deixou 20 pessoas mortas. Os profissionais da imprensa internacional estavam cobrindo o conflito quando foram atingidos pelo segundo de dois mísseis disparados pelas forças israelenses contra a unidade de saúde, que é a única ainda em funcionamento na região sul do território palestino.

Entre as vítimas estão Hussam al-Masri, repórter da agência Reuters que realizava uma transmissão ao vivo no momento do primeiro bombardeio, Mariam Dagga, videojornalista e colaboradora da Associated Press, e Mohammad Salama, fotógrafo da TV catari Al Jazeera. Também perderam a vida Moaz Abu Taha, que prestava serviços à TV americana NBC, e Ahmed Abu Aziz, que trabalhava para veículos de comunicação árabes. O fotógrafo Hatem Khaled, também da Reuters, ficou ferido no ataque.

O bombardeio ocorreu em duas etapas, com um intervalo entre os disparos que permitiu a chegada de equipes de resgate e jornalistas ao local. Testemunhas relataram à Reuters que o segundo míssil foi lançado justamente quando esses profissionais estavam no hospital investigando os danos causados pela primeira explosão. Imagens registradas de dentro e de fora da unidade hospitalar documentaram o momento exato em que o segundo projétil atingiu o local, interrompendo abruptamente a cobertura jornalística.

O Exército israelense confirmou o ataque, mas negou ter jornalistas como alvo, afirmando que “as Forças de Defesa de Israel não miram civis” e prometendo abrir uma investigação sobre o ocorrido. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o episódio como um “acidente trágico”. A posição israelense contrasta com a realidade enfrentada pelos profissionais de imprensa em Gaza, onde Israel não permite a entrada de repórteres de agências internacionais, forçando os veículos de comunicação a contratar jornalistas locais para cobrir o conflito.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, mais de 240 profissionais da imprensa palestinos foram mortos em Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023. O ataque desta segunda-feira ocorre apenas três semanas após outros cinco jornalistas da Al Jazeera terem sido mortos em um bombardeio israelense, em um padrão que tem gerado condenação de organizações internacionais de direitos humanos e da Associação de Jornalistas Internacionais, que repudiou o novo ataque contra profissionais da imprensa.

Internacional

Ataque israelense mata 20 pessoas em hospital de Gaza, dentre elas jornalistas

Bombardeio atingiu jornalistas e equipes de resgate no hospital Nasser, único ainda operacional no sul do território palestino.

Vinte pessoas morreram e diversas ficaram feridas nesta segunda-feira (25) em um ataque israelense ao hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Entre as vítimas fatais estão quatro jornalistas que cobriam o conflito na região, segundo informações do Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Imagens registradas pela TV Alghad mostram o momento exato em que dois mísseis israelenses atingem o complexo hospitalar. O vídeo confirma relatos de testemunhas que descreveram um intervalo entre os disparos, sendo que o segundo projétil foi lançado quando equipes de resgate, jornalistas e outras pessoas inspecionavam os danos causados pelo primeiro bombardeio. O hospital Nasser é o maior da cidade de Khan Younis e o único ainda em funcionamento no sul de Gaza.

Entre os jornalistas mortos estão Hussam al-Masri, que trabalhava como freelancer para a agência Reuters, um profissional da Associated Press e dois repórteres da emissora catari Al Jazeera. O fotógrafo Hatem Khaled, também contratado pela Reuters, ficou ferido no ataque. A transmissão ao vivo que Hussam operava foi interrompida abruptamente no momento do bombardeio inicial.

O Exército israelense confirmou o ataque e disse lamentar “qualquer ferimento entre pessoas não envolvidas”, sem especificar o significado dessa declaração. As forças militares afirmaram não ter tido intenção de atingir jornalistas, mas não explicaram quem era o alvo da operação. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, procurado pela Reuters, optou por não comentar o ocorrido.

O episódio ocorre em um contexto de intensificação da ofensiva israelense em Gaza, com o início de uma ampla operação terrestre para tomar a Cidade de Gaza. Israel não permite a entrada de repórteres de agências internacionais no território, contrariando diretrizes da ONU que asseguram o direito de presença de jornalistas em zonas de guerra. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, mais de 240 profissionais da imprensa palestinos foram mortos por disparos israelenses em Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.

Internacional

Trump volta a aparecer com a mão maquiada, fazendo ressurgir questionamentos sobre a saúde do presidente dos EUA

Líder americano foi fotografado na última sexta-feira com base aplicada na pele durante encontro oficial, um mês após Casa Branca confirmar diagnóstico de insuficiência venosa crônica.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a chamar atenção da imprensa ao aparecer em público com maquiagem na mão direita durante evento oficial na Casa Branca. Na última sexta-feira (22), ao receber o presidente da FIFA, Gianni Infantino, jornalistas observaram uma base aplicada na pele do mandatário americano, reavivando discussões sobre seu estado de saúde que haviam surgido no mês passado.

Durante as entrevistas, observadores notaram que Trump adotava comportamentos aparentemente destinados a esconder o dorso da mão direita, seja colocando a outra mão por cima, seja virando o pulso de forma exagerada ao gesticular. A tentativa de disfarçar a condição da mão tem se tornado um padrão nas aparições públicas do presidente desde que os primeiros sinais visíveis foram reportados pela imprensa americana em fevereiro deste ano.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, evitou comentar diretamente sobre o uso de maquiagem, mas reforçou a versão oficial de que as marcas na pele são resultado da intensa agenda de compromissos do presidente. “O presidente Trump é um homem do povo e se encontra com mais americanos e aperta as mãos deles diariamente, mais do que qualquer outro presidente na história”, declarou Leavitt ao jornal inglês “The Independent” no sábado (23).

Em julho, após semanas de especulações sobre a coloração roxa da mão e o inchaço visível nos pés e tornozelos de Trump, a Casa Branca divulgou um memorando médico oficial confirmando o diagnóstico de insuficiência venosa crônica. O documento, assinado pelo médico presidencial Sean Barbabella, classificou a condição como “benigna e comum, especialmente em indivíduos com mais de 70 anos”, descartando problemas mais graves como trombose, insuficiência cardíaca ou comprometimento renal.

O uso de maquiagem para camuflar as manchas roxas não é novidade na rotina presidencial de Trump. Registros fotográficos mostram que desde maio o presidente tem aparecido com a mão visivelmente maquiada em diversos eventos, incluindo a cúpula da OTAN em junho e outras ocasiões oficiais. A insuficiência venosa crônica, segundo especialistas, é caracterizada por lesões nas veias das pernas que dificultam o retorno do sangue ao coração, sendo mais comum em pessoas idosas e podendo ser agravada por fatores como hereditariedade e longos períodos em pé.

Internacional

ONU declara oficialmente situação de fome em Gaza

Mais de 640 mil palestinos enfrentam desnutrição catastrófica enquanto agências internacionais responsabilizam Israel pela crise humanitária.

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Pela primeira vez desde o início do conflito, a Organização das Nações Unidas declarou oficialmente a existência de fome em Gaza. Os dados divulgados pela Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC) revelam que mais de meio milhão de pessoas estão “presas em uma situação de fome, marcada por inanição generalizada, miséria e mortes evitáveis”. A declaração representa o reconhecimento formal de que três limites críticos foram ultrapassados: privação extrema de alimentos, desnutrição aguda e mortes relacionadas à fome.

Os números apresentados pelas agências da ONU expõem a dimensão da tragédia humanitária. Até o final de setembro, mais de 640 mil pessoas enfrentarão níveis catastróficos de insegurança alimentar em toda a Faixa de Gaza, enquanto outras 1,14 milhão estarão em situação de emergência. A crise atinge de forma particularmente severa as crianças: mais de 12 mil foram identificadas como gravemente desnutridas apenas em julho, representando o número mensal mais elevado já registrado e um aumento de seis vezes desde o início do ano.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a situação como “um desastre causado pelo homem, uma acusação moral e um fracasso da própria humanidade”. As agências internacionais são unânimes ao apontar que a fome resulta de quase dois anos de conflito, deslocamentos repetidos e restrições severas ao acesso humanitário. Aproximadamente 98% das terras agrícolas no território estão danificadas ou inacessíveis, dizimando a produção local de alimentos, enquanto nove em cada dez pessoas foram deslocadas de suas casas.

A responsabilização internacional recai diretamente sobre Israel. Volker Turk, alto comissário de Direitos Humanos da ONU, afirmou que “a fome declarada hoje na província de Gaza é o resultado direto das ações tomadas pelo governo israelense”, que “restringiu ilegalmente a entrada e a distribuição de assistência humanitária”. Para Turk, trata-se de “um crime de guerra usar a fome como método de guerra”, enquanto as mortes resultantes “também podem constituir o crime de guerra de homicídio doloso”.

As projeções para os próximos meses intensificam a urgência da situação. O número de crianças em risco grave de morte por desnutrição até junho de 2026 triplicou, passando de 14.100 para 43.400, enquanto 55 mil mulheres grávidas e lactantes devem sofrer níveis perigosos de desnutrição. As agências da ONU alertam que “as condições de fome se espalhem da província de Gaza para as províncias de Deir Al Balah e Khan Younis nas próximas semanas”, exigindo um cessar-fogo imediato e acesso humanitário total para evitar uma catástrofe ainda maior.

Internacional

Carnes e café atingem preços recordes nos Estados Unidos

Tarifas comerciais e mudanças climáticas pressionam orçamento das famílias americanas com aumentos históricos nos alimentos básicos.

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Os americanos estão enfrentando uma realidade amarga no supermercado: dois dos produtos mais consumidos no país nunca estiveram tão caros. A carne bovina atingiu preços recordes, com a carne para churrasco chegando a US$ 11,87 por libra (quase R$ 150 por quilo), enquanto a carne moída custa US$ 6,33 por libra (cerca de R$ 75 por quilo). Ao mesmo tempo, o café brasileiro pode saltar dos atuais US$ 15,99 por libra (R$ 194 por quilo) para mais de US$ 24 por libra (R$ 290 por quilo), transformando a xícara matinal em um luxo para muitas famílias.

Essa explosão de preços tem três culpados principais. O primeiro são as mudanças climáticas, que têm castigado a pecuária americana com secas prolongadas. O resultado é devastador: menos animais nos pastos e menor produtividade por cabeça de gado. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos já reduziu em 4% suas expectativas de produção de carne para este ano.

O segundo fator são as políticas comerciais do governo Trump. As tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros criaram uma barreira artificial que encarece drasticamente as importações. No caso da carne, isso significa 180 mil toneladas a menos chegando aos Estados Unidos. Para o café, a situação é ainda mais crítica, já que o Brasil fornece quase 17% de todo o café consumido pelos americanos.

O terceiro elemento da crise vem do México. O governo americano mantém restrições às importações de gado mexicano devido a uma doença conhecida como “bicheira do Novo Mundo”. Essa medida, anunciada em maio, cortou mais uma fonte importante de abastecimento de carne para o mercado interno.

O impacto social dessa crise é profundo. Dois terços dos adultos americanos bebem café todos os dias, consumindo em média três xícaras cada um. O consumo da bebida cresceu 7% desde 2020, mostrando como ela se tornou essencial no dia a dia dos trabalhadores. Importadores americanos relatam estar “perdendo o sono” com os novos custos, temendo que o café se torne inacessível para milhões de pessoas.

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Tensão militar entre EUA e Venezuela se intensifica com navios americanos e mobilização de milicianos

Trump envia três embarcações militares para águas próximas ao país sul-americano enquanto Maduro anuncia ativação de 4,5 milhões de milicianos armados.

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A escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela ganhou novos contornos nesta semana com o envio de três navios militares americanos para a costa venezuelana e o anúncio de Nicolás Maduro sobre a mobilização de milhões de milicianos. Os navios USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson devem chegar à região até a noite desta quarta-feira, segundo fontes diplomáticas em Washington.

O governo de Donald Trump justifica a operação naval como parte do combate ao tráfico de drogas em águas internacionais. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, classificou a droga como “ameaça à segurança nacional dos EUA” e afirmou que não se pode permitir que grupos criminosos “operem com impunidade em águas internacionais”. A administração Trump tem insistido em classificar organizações do narcotráfico como entidades terroristas, permitindo o uso de militares em operações de “segurança nacional”.

Em resposta às ameaças americanas, Maduro anunciou na segunda-feira a ativação de um “plano especial” envolvendo 4,5 milhões de milicianos para garantir a cobertura de todo o território venezuelano. Durante ato transmitido pela televisão, o líder chavista disse que as milícias estão “preparadas, ativadas e armadas”, embora não tenha fornecido detalhes sobre como será executada essa mobilização.

A tensão se intensificou após o governo Trump dobrar a recompensa pela captura de Maduro, elevando o valor de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões. A secretária de Justiça americana, Pam Bondi, reiterou as acusações de que o presidente venezuelano utiliza organizações criminosas internacionais, incluindo a facção Tren de Aragua e o cartel mexicano de Sinaloa, para introduzir drogas e fomentar violência nos Estados Unidos.

Segundo autoridades americanas, a agência antidrogas DEA já confiscou 30 toneladas de cocaína supostamente relacionadas a Maduro e seus aliados. O Departamento de Justiça também teria apreendido mais de US$ 700 milhões em ativos vinculados ao líder venezuelano, incluindo dois jatos privados, nove veículos e outros bens.

Internacional

EUA criticam Alemanha por ações contra discurso nazista

Governo Trump questiona legislação alemã que criminaliza apologia ao nazismo em nome da liberdade de expressão.

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O governo de Donald Trump incluiu críticas à Alemanha em seu relatório anual sobre direitos humanos no mundo, questionando as medidas alemãs que historicamente combatem a disseminação de discursos nazistas e a negação do Holocausto. O documento, produzido pelo Departamento de Estado americano, classifica como “censura” as ações do governo alemão contra grupos extremistas.

Segundo o relatório americano, “a situação dos direitos humanos na Alemanha piorou durante o ano”, citando especificamente as “restrições à liberdade de expressão” como uma das principais preocupações. O texto critica o fato de que “o governo impôs limites à liberdade de expressão de grupos que considerava extremistas” e que “prendeu, julgou, condenou e encarcerou várias pessoas por discursos que as autoridades consideraram incitar o ódio racial, endossar o nazismo ou negar o Holocausto”.

A resposta alemã foi imediata e categórica. O vice-porta-voz do governo alemão, Steffen Meyer, rejeitou as críticas americanas afirmando que “não há censura na Alemanha”. Meyer complementou dizendo que o país possui “um nível muito alto de liberdade de expressão na Alemanha e continuaremos a defendê-la de todas as formas”.

As críticas não são inéditas na gestão Trump. Em fevereiro deste ano, o vice-presidente americano JD Vance já havia gerado polêmica ao criticar a Alemanha e outros países europeus por imporem restrições à liberdade de expressão e tentarem marginalizar partidos de extrema direita, incluindo a Alternativa para a Alemanha (AfD). Na ocasião, o chanceler alemão Friedrich Merz considerou os ataques como “intrusivos”.

A legislação alemã contra apologia ao nazismo tem raízes históricas profundas. O Código Penal alemão, que data de 1871 e sofreu alterações ao longo dos anos, proíbe explicitamente negar publicamente o Holocausto e divulgar propaganda nazista. Uma cláusula adicionada em 2005 prevê pena de até três anos de prisão ou multa para quem “aprovar, glorificar ou justificar” o regime nazista.

Brasil, Internacional

Putin compartilha detalhes de encontro com Trump em ligação a Lula

Presidente russo conversou com líderes do Brasil e da Índia sobre reunião no Alasca que tratou do conflito na Ucrânia.

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O presidente russo Vladimir Putin realizou nesta segunda-feira (18) uma série de ligações telefônicas para líderes mundiais, compartilhando informações sobre seu encontro com o presidente americano Donald Trump na sexta-feira (15) no Alasca. Entre os contatos estavam o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, ambos recebendo relatos diretos sobre as discussões relacionadas ao conflito na Ucrânia.

A conversa entre Putin e Lula durou cerca de 30 minutos, segundo informações do Palácio do Planalto. Durante o telefonema, o líder russo detalhou os temas abordados na reunião com Trump, que teve como foco principal a guerra entre Rússia e Ucrânia. Putin também reconheceu o envolvimento do Brasil no Grupo de Amigos da Paz, iniciativa conjunta com a China que busca mediar uma solução para o conflito.

O presidente brasileiro reafirmou o apoio do país a todos os esforços que conduzam a uma solução pacífica para o conflito entre Rússia e Ucrânia. Lula agradeceu o telefonema e desejou sucesso às negociações em andamento, mantendo a posição diplomática do Brasil de buscar alternativas pacíficas para a resolução da crise. A Embaixada da Rússia no Brasil confirmou o teor da conversa e destacou o interesse mútuo no desenvolvimento do diálogo russo-brasileiro.

De forma similar, Putin também entrou em contato com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, compartilhando os mesmos insights sobre o encontro com Trump. Modi agradeceu a ligação de seu “amigo” Putin e reiterou a posição indiana de apoio a uma resolução pacífica do conflito ucraniano. A Índia, assim como o Brasil, tem mantido uma postura de neutralidade no conflito, buscando equilibrar suas relações diplomáticas.

Esta foi a segunda ligação entre Lula e Putin nos últimos dias, sendo que a primeira ocorreu em 9 de agosto, também sobre a guerra na Ucrânia. A intensificação dos contatos diplomáticos reflete a preocupação internacional com o prolongamento do conflito, que já se arrasta há mais de três anos desde a invasão russa ao território ucraniano. Enquanto isso, Trump deve receber nesta segunda-feira o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e outros líderes europeus na Casa Branca para tentar avançar nas negociações de paz.

Brasil, Internacional

Moraes defende continuidade das investigações sobre trama golpista em entrevista ao The Washington Post

Ministro do STF responde a sanções americanas e critica papel de Eduardo Bolsonaro na deterioração das relações bilaterais.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma rara entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post sobre sua atuação como relator das ações relacionadas à suposta trama golpista que teria tentado manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Na conversa com os correspondentes Marina Dias e Terrence McCoy, o magistrado defendeu a continuidade do processo, afirmando que “não há a menor possibilidade de recuar nem mesmo um milímetro” na tramitação do caso.

As declarações do ministro evidenciam sua convicção sobre a importância das investigações que envolvem Bolsonaro e outros sete ex-aliados, todos réus em ação penal por tentativa de golpe de Estado. Moraes ressaltou que o processo seguirá os trâmites legais estabelecidos, com análise criteriosa das evidências apresentadas.

“Vamos fazer o que é certo: vamos receber a denúncia, analisar as evidências, e quem tiver de ser condenado vai ser condenado, e quem tiver de ser absolvido vai ser absolvido”, declarou o ministro na entrevista publicada nesta segunda-feira (18). A fala reflete o compromisso com a aplicação imparcial da justiça, mesmo em meio às tensões diplomáticas com os Estados Unidos.

O perfil elaborado pelo Washington Post apresenta Moraes como uma figura experiente em enfrentar grandes desafios institucionais. Segundo o jornal, o ministro mantém a posição de que o Supremo Tribunal Federal seguirá cumprindo seu papel constitucional, independentemente das pressões externas que possam surgir.

Questionado sobre as sanções impostas pelo presidente americano Donald Trump, Moraes demonstrou serenidade diante das medidas punitivas. O ministro atribuiu a deterioração das relações entre Brasil e Estados Unidos à propagação de informações falsas nas redes sociais, destacando o papel do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, nesse processo de desgaste bilateral.

Brasil, Internacional

Depois do Pix, EUA agora miram o programa Mais Médicos

Governo Trump intensifica ofensiva contra políticas públicas brasileiras com revogação de vistos de secretários ligados ao programa de saúde.

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A escalada de ataques do governo americano contra iniciativas brasileiras ganhou um novo capítulo com as sanções impostas a funcionários do Ministério da Saúde ligados ao programa Mais Médicos. Após incluir o sistema de pagamentos Pix em uma investigação comercial contra o Brasil, alegando práticas desleais que prejudicam empresas americanas, a administração Trump agora volta suas críticas para a área da saúde pública.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do ministério e atual coordenador-geral para a COP30. O governo americano justifica as medidas alegando que ambos são cúmplices de “trabalho forçado do governo cubano” por meio do programa Mais Médicos, utilizando um falso pretexto para justificar as sanções.

A estratégia americana de atacar políticas públicas brasileiras bem-sucedidas segue o mesmo padrão observado com o Pix. O sistema de pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central brasileiro, foi incluído em uma investigação comercial dos Estados Unidos por supostamente favorecer o país em detrimento de empresas norte-americanas como Mastercard, Visa e Meta, dona do WhatsApp.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu com firmeza às sanções, declarando que “saúde e soberania não se negociam”. Em suas redes sociais, Padilha estabeleceu uma conexão direta entre os ataques ao Pix e as críticas ao Mais Médicos, afirmando que o programa “sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”, assim como o sistema de pagamentos brasileiro.

O caso do Pix ilustra como os Estados Unidos utilizam alegações infundadas para pressionar o Brasil. Em 2020, o WhatsApp Pay foi suspenso pelo Banco Central e pelo Cade uma semana após seu lançamento, enquanto o Pix se desenvolvia. Quando o sistema brasileiro foi oficialmente lançado em novembro de 2020, tornou-se um sucesso entre os brasileiros, relegando o WhatsApp Pay ao fracasso mesmo após sua reativação em 2021.

Internacional

Secretário de Defesa dos EUA republica vídeo defendendo fim do voto feminino

Pete Hegseth compartilhou material com pastores evangélicos que afirmam que mulheres não devem ter direito ao voto.

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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, gerou polêmica ao compartilhar em suas redes sociais um vídeo no qual diversos pastores cristãos defendem que mulheres não deveriam ter direito ao voto. O material, originalmente uma reportagem da CNN, foi republicado por Hegseth na última quinta-feira (7) com a frase “Tudo de Cristo para toda a vida”.

O vídeo tem como protagonista principal o teólogo evangélico conservador Doug Wilson, cofundador da Comunhão das Igrejas Evangélicas Reformadas (CREC). No material, Wilson aparece ao lado de outros religiosos que defendem o conceito de “voto em família”, no qual apenas o homem seria responsável pela decisão eleitoral do núcleo familiar.

Entre as declarações mais controversas está a do pastor Toby Sumpter, que afirma entender como ideal que “normalmente, eu seria o único a votar, mas votaria depois de discutir o assunto com minha família”. Uma mulher associada ao mesmo movimento religioso também declara no vídeo ser “submissa ao marido” e apoiar que ele seja o responsável pelo voto da família.

A figura de Doug Wilson adiciona camadas de complexidade à controvérsia. O teólogo é autor de um livro que defende a escravidão e já foi acusado de encobrir casos de violência sexual e doméstica em sua igreja. Em 2024, sua participação no evento brasileiro Consciência Cristã foi cancelada após pressão pública devido a essas posições.

O compartilhamento do vídeo por Hegseth ocorre em um contexto mais amplo de promoção do nacionalismo cristão pelo governo Trump. O secretário, que é membro da igreja afiliada ao CREC, já convidou seu pastor pessoal para realizar cultos no Pentágono durante o horário de trabalho. Organizações evangélicas progressistas expressaram preocupação com a amplificação dessas ideias por uma autoridade governamental de alto escalão.

Brasil, Economia, Internacional

Trump “late mais do que morde” com tarifas ao Brasil, avalia The Economist

Revista britânica analisa que medidas têm motivação política e impacto econômico limitado.

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As tarifas de 50% impostas pelo presidente americano Donald Trump ao Brasil representam mais uma demonstração de força política do que uma ameaça econômica real, segundo análise publicada pela revista britânica The Economist. A publicação classificou as medidas como “mais latido do que mordida”, destacando as contradições na política comercial americana e o impacto limitado sobre a economia brasileira.

A imposição das tarifas em 6 de agosto, foi justificada por Trump como retaliação ao que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta investigações por suposta tentativa de golpe. A medida expõe uma clara contradição na política externa americana, já que Trump havia criticado déficits comerciais bilaterais para justificar outras tarifas, mas os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de uma década.

O contexto político que motivou as tarifas ganhou contornos dramáticos com a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes em 4 de agosto. A decisão judicial, que incluiu o uso de tornozeleira eletrônica, foi tomada após o ex-presidente supostamente descumprir medidas cautelares impostas por atuar para tentar embaraçar investigações sobre uma tentativa de golpe de estado.

Trump, que vê Bolsonaro como um aliado ideológico, reagiu às medidas judiciais brasileiras atacando o que chamou de “regime censurador ridículo” e defendendo seu “tratamento terrível” pelo sistema judicial brasileiro. A resposta americana incluiu não apenas as tarifas comerciais, mas também sanções do secretário de Estado Marco Rubio contra o juiz responsável pelo caso, utilizando a Lei Magnitsky Global.

Apesar do tom agressivo, o impacto econômico das medidas deve ser moderado. Cerca de 700 produtos brasileiros ficaram isentos das tarifas, incluindo aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Setores como café, carne bovina e frutas permanecem sob a alíquota integral, mas representam apenas 13% das exportações brasileiras totais, que hoje dependem menos do mercado americano do que no passado.

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