Histórias da Minha Vida – O Caminho – Tomo II
Quando éramos pequenos – a partir dos seis anos, idade que começavam os estudos, isso para as crianças cujos pais permitiam que seus filhos frequentassem a escola, graças a Deus foi o nosso caso – minha mãe dizia, filhos pisem no chão devagar pra não deixar rastros!
Eu ficava a imaginar, como podemos andar numa estrada de terra sem deixar rastros (nossa escola ficava a uma distância de três a quatro quilômetros, a depender do lugar que morava a família, sítio Caldeirãozinho ou Soares)?
Dona Eliza era uma pessoa que sequer frequentou escolas, mas transmitia aos seus “poucos” filhos, 12 dos 13 que teve com partos naturais, na zona rural, apenas assistida por dona Quitéria parteira, muita segurança e grandes lições.
Mãe não tinha frequentado a escola, mas aprendeu em casa o suficiente para se comunicar com os filhos, de dois em dois porque não tinha condições de ir mais, pois precisam trabalhar no roçado, arrancando caroá para a fábrica de seu Pinheiro em Sertânia e tantas outras atividades.
A partir dos 15/16 anos, começavam a traçar seus destinos, primeiro em busca de estudo na cidade, vez que no sítio só tínhamos um ano para a carta do ABC, um ano para a cartilha e mais quatro anos para o estudo primário, de forma que os homens logo conseguiram trabalho como telegrafistas da REFESA. E as mulheres, algumas se casaram com ferroviários, as mais velhas Raimundinha e Maria Anunciada.
Dona Eliza se gabava, “meus filhos todos deram pra gente”.