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Estudo liderado por Oxford: 76% das infecções por Covid-19 no Brasil têm origem em três linhagens do coronavírus

O maior mapeamento genético das variantes de coronavírus em circulação no Brasil sugere que 76% das infecções no país foram provocadas por apenas três linhagens. Ao sequenciar o material genético de 427 amostras de vírus na América Latina, os pesquisadores concluíram que mais de 100 pessoas infectadas cruzaram a fronteira do país para dar início à epidemia, mas apenas algumas  desencadearam surtos locais.

A informação, que é importante para monitorar a propagação geográfica do vírus e orientar projetos futuros de vacinas, está descrita em estudo publicado nesta quinta-feira (23) na revista “Science”, num dos trabalhos científicos mais abrangentes sobre a presença do coronavírus no Brasil publicados até agora.

Ao todo, 15 instituições brasileiras participaram do projeto conduzido pela Universidade de Oxford, que lidera o estudo do Imperial College de Londres, além de outros centros de pesquisa estrangeiros. USP, Unicamp e UFRJ coordenaram os sequenciamentos genéticos feitos a partir de amostras coletadas em mais de 80 municípios em 20 estados.

Uma detalhada análise epidemiológica do trabalho cruzou dados de registros de casos de Covid-19, mobilidade de pessoas medida por telefones celulares e as relações entre os genomas sequenciados.

No estudo, assinado por 81 cientistas, a mensagem é clara: a epidemia ainda está fora de controle no país, é preciso ampliar medidas de distanciamento social, testagem e rastreamento de contatos (esta última uma medida nunca adotada pelo país em maior escala).

“Este estudo joga luz sobre a transmissão epidêmica e as trajetórias evolutivas das linhagens de Sars-CoV-2 no Brasil e fornece evidência de que as intervenções atuais continuam insuficientes para manter a transmissão do vírus sob controle no país”, escrevem os cientistas.

O estudo traz uma atualização da estimativa do chamado “número de reprodução básica” para o Brasil, a variável *R0*, que indica quantas pessoas cada indivíduo portador do coronavírus costuma infectar.

Segundo o estudo, as medidas de distanciamento social conseguiram derrubar o *R0* do Brasil de 3 ou mais para algo entre 1,0 e 1,6, nível que ainda é insuficiente para conter o avanço da Covid-19. (A epidemia só desacelera *R0* abaixo de 1,0).

Fonte: Revista Época