Esperança na ciência: medicamento brasileiro pode reverter lesões medulares

Desenvolvida a partir da placenta humana, a polilaminina se mostra promissora na regeneração de tecidos nervosos e na devolução de movimentos.

Imagem: Reprodução

Uma nova proteína, extraída da placenta humana, surge como uma promessa para a recuperação de pessoas que sofreram lesões na medula espinhal. O medicamento, chamado polilaminina, foi desenvolvido pelo laboratório brasileiro Cristália e apresentado como uma novidade mundial, capaz de regenerar o tecido medular em pacientes que perderam movimentos devido a acidentes, quedas ou outros traumas.

A polilaminina atua estimulando o rejuvenescimento de neurônios maduros, incentivando-os a criar novos axônios, que são as vias de comunicação do sistema nervoso. A aplicação do medicamento é feita diretamente na coluna e, segundo os estudos, apresenta melhores resultados quando realizada em até três meses após a lesão, embora também demonstre efeitos em casos mais antigos.

Durante a fase experimental, voluntários que receberam o tratamento relataram melhoras significativas. A atleta paralímpica Hawanna Cruz Ribeiro, que ficou tetraplégica em 2017, recuperou entre 60% e 70% do controle do tronco. Já Bruno Drummond de Freitas, que sofreu um acidente de carro em 2018, teve uma recuperação completa em cinco meses após receber a aplicação 24 horas depois do trauma.

Os testes em animais também foram animadores. Cães com lesões medulares não provocadas voltaram a andar, e em ratos de laboratório, os efeitos da aplicação foram observados em apenas 24 horas. A produção da polilaminina já está em andamento, utilizando placentas doadas por mulheres saudáveis, acompanhadas durante toda a gestação.

Apesar dos resultados promissores, o medicamento ainda aguarda a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a realização de um estudo clínico ampliado. O laboratório Cristália espera que a liberação ocorra em breve, mas a agência afirma que aguarda dados complementares dos estudos pré-clínicos para dar prosseguimento à análise.

Grandes hospitais de São Paulo, como o Hospital das Clínicas e a Santa Casa, já se preparam para aplicar a polilaminina assim que houver a autorização. Inicialmente, o tratamento será focado em pacientes com lesões recentes. Os pesquisadores ressaltam que, embora os resultados variem, as evidências são promissoras e representam um avanço significativo.

O fundador do Cristália, Ogari Pacheco, expressou grande emoção com o avanço, classificando o momento como histórico. A equipe de pesquisa, por sua vez, mantém uma postura de otimismo cauteloso, afirmando: “Não vendemos ilusões, trazemos evidências”. A comunidade científica e os pacientes aguardam com expectativa os próximos passos para a disponibilização do tratamento.

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