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Em 2 semanas, Pernambuco deve dobrar número de leitos de UTI para crianças

Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18/05), na Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), no Bongi, zona Oeste do Recife, o Governo de Pernambuco anunciou o cronograma de abertura de novas vagas de terapia intensiva para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) no público infantil. Ao todo, em duas semanas, devem ser abertas 80 novas vagas de UTI para crianças, praticamente dobrando a capacidade instalada. A medida ocorre por conta do grande aumento das doenças respiratórias, que tem provocado aumento de internações de crianças com quadros respiratórios graves no Estado.

A rede pública estadual já recebeu autorização para colocar em operação, nesta quinta-feira (19/05), 30 novos leitos de UTI pediátrica, distribuídos pela UPAE Goiana (10), na Zona da Mata Norte; no Hospital Regional de Palmares (10), na região da Mata Sul; e na Maternidade Brites de Albuquerque (10), em Olinda. Até o início da próxima semana, já foi acertada a abertura de outros 30 leitos – junto à rede contratualizada – no Recife, no Hospital Maria Lucinda (10); em Jaboatão dos Guararapes, no Hospital Memorial Guararapes (10) e na cidade de Bezerros, no Agreste do Estado, no Hospital Jesus Pequenino (10). No final da semana passada, já foram inaugurados 10 leitos no Hospital e Maternidade Santa Maria, em Araripina, e, na noite de ontem (17/05), mais 10 leitos no Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada. Além disso, oito leitos de enfermaria ganharam suporte ventilatório no Hospital Maria Lucinda no dia de ontem.

“Diversas vezes ressaltamos nossa preocupação com o período sazonal e, por isso, já vínhamos trabalhando para ampliar a oferta de leitos. Do ano passado para cá, mais que dobramos as vagas de UTI para este público na rede estadual, passando de 56 leitos na sazonalidade de 2021 para 116 atualmente. Mas estamos vivendo um grande aumento de casos de doenças respiratórias, com maior grau de severidade e também frequência de solicitação de leitos, desta vez com foco nas crianças e predominância do vírus sincicial e rinovírus. O número de solicitações de UTI para crianças teve aumento de 3 vezes em comparação ao período sazonal do ano passado. E isto é algo que extrapola qualquer planejamento. Neste cenário, o governador Paulo Câmara determinou a abertura de todos os leitos necessários. E, mesmo com a escassez de intensivistas pediátricos e neonatais – realidade de todo o país, vamos abrir em duas semanas 80 novos leitos, praticamente dobrando novamente a capacidade de terapia intensiva para crianças”, informou o secretário estadual de saúde, André Longo.

O gestor detalhou que, na sazonalidade das doenças respiratórias do ano passado, o Estado registrava, em média, 53 solicitações por leitos de UTI infantis por semana. Na semana passada, foram 150 – número três vezes maior. Esta alta na demanda por internações envolvendo crianças e o aumento no fluxo de atendimentos pediátricos têm relação direta com a maior exposição das crianças aos diversos vírus e também ao menor contato delas com os agentes infecciosos. Em crianças pequenas, de até 2 anos de idade, o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, corresponde a mais de 40% dos quadros. E, nas crianças maiores, o rinovírus humano (HRV) corresponde a 20% dos casos na faixa etária entre 3 e 5 anos e 66% nas crianças entre 6 e 9 anos.

“A maioria dos casos fazem infecções leves, com tosse, coriza, febre baixa, com uma resolução de 3 a 5 dias. No entanto, mesmo não sendo uma característica em todos os casos, há quadros de maior gravidade. Indicamos que, se possível, evitem nesse momento lugares fechados e com aglomeração. Esperamos que em junho, esses números comecem a reduzir e desafogar o sistema de saúde”, afirmou o pediatra e vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco, Eduardo Jorge da Fonseca. Como medidas essenciais para reduzir a transmissibilidade dos vírus, o médico pediatra ressaltou, ainda, a importância de lavar as mãos e lavar as narinas com soro fisiológico. “Só é necessário procurar as grandes emergências pediátricas em casos mais graves quando houver algum sintoma mais persistente, como febre de 3 a 5 dias e desconforto respiratório. Inicialmente, as famílias devem procurar as unidades básicas de saúde”, finalizou.