Direito & Justiça VI
Justiça libera venda de produtos que não são medicamentos nas farmácias do país
A Justiça liberou a venda de produtos que não sejam medicamentos nas farmácias e drogarias de todo o país e suspendeu a resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibia a comercialização.
A sentença é do último dia 29, do juiz Paulo Ricardo de Souza Cruz, da 5º Vara da Justiça Federal de Brasília, após a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) recorrer da decisão. A norma da Anvisa – publicada em 17 de agosto deste ano – proibia a venda de não-medicamentos a partir de janeiro de 2010. A agência também determinava que apenas os funcionários das farmácias teriam acesso direto aos medicamentos.
O juiz diz que a Anvisa “não tem competência para regulamentar leis ou inovar na ordem jurídica, que a Constituição assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, salvo nos casos previstos na lei.”
O texto diz ainda que a Anvisa contraria leis dos Estados de São Paulo, Amazonas, Acre, Rio de Janeiro e Bahia, além do Distrito Federal, que complementam a lei federal número 5.991/73, que trata do controle sanitário do comércio de remédios e produtos farmacêuticos.
Além disso, os medicamentos que podem ser comprados sem receitas poderão ficar o alcance dos consumidores, como medicamentos fitoterápicos e dermatológicos.
A resolução da Anvisa dizia que os produtos deveriam ficar atrás dos balcões para que o usuário recebesse a instrução necessária, mas o juiz alega que os balconistas não são farmacêuticos e não tem qualificações para prescrever. O consumidor não poderia escolher o laboratório de sua preferência e poderia ser lesado pela má fé dos funcionários sem ética.
Justiça
“A decisão é muito bem-vinda. A Justiça percebeu que havia mesmo uma irregularidade, a Anvisa não pode definir uma lista de produtos que a farmácia pode vender”, afirmou Sérgio Mena Barreto, presidente-executivo da Abrafarma.
A Anvisa afirma que ainda não foi intimada sobre a decisão, mas que vai recorrer. Barreto diz estar pronto para argumentar em instâncias superiores da Justiça. “Às vezes um juiz toma uma decisão em duas linhas. Esse não, ele fez uma análise interessante, entrou de certa forma no mérito. Acreditamos que ele foi muito claro”, disse.
Fonte: Folha OnLine