Benefícios Sociais e Empregos: a verdade que desafia o discurso dos poderosos sobre cortes que afetam os mais vulneráveis

Dados oficiais desmentem narrativa de “vício” e revelam busca por trabalho digno entre beneficiários.

Imagem: Reprodução

O debate sobre programas sociais no Brasil ganha novos contornos à medida que dados oficiais de geração de empregos contrastam com as declarações de grandes empresários e banqueiros. Enquanto setores da elite econômica defendem cortes em benefícios sociais sob a justificativa de ajuste fiscal e alegam dificuldades em contratar mão de obra, o governo apresenta números que pintam um cenário diferente da inserção dos beneficiários no mercado de trabalho.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o Cadastro Único, que inclui os beneficiários do Bolsa Família, foi responsável por uma parcela esmagadora dos empregos gerados em 2024. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que 98,87% das vagas criadas no ano foram ocupadas por pessoas inscritas no CadÚnico.

O ministro Wellington Dias enfatizou que “o Caged mostra, na prática, que as pessoas do Bolsa Família e do Cadastro Único querem trabalhar, estão empregadas, mas buscam empregos decentes”. Essa realidade é reforçada pela “Regra de Proteção” do Bolsa Família, que permite aos beneficiários manter 50% do valor do auxílio por até dois anos após a formalização do emprego, incentivando a transição para o mercado formal sem a perda abrupta do suporte.

Contrariando essa perspectiva, figuras proeminentes do empresariado têm vocalizado preocupações. Ricardo Faria, conhecido como “Rei do Ovo”, expressou dificuldades em contratar, atribuindo-as a um suposto “vício” em programas sociais como o Bolsa Família, que, segundo ele, desestimularia a formalização.

Em evento com banqueiros e grandes empresários, a defesa por cortes em benefícios sociais para um ajuste fiscal foi uma tônica. Wesley Batista, da JBS, e André Esteves, do BTG Pactual, argumentaram pela revisão do tamanho dos programas sociais, alegando falta de mão de obra e a necessidade de desatrelar aumentos previdenciários do salário mínimo. O CEO do Itaú, Milton Maluhy, também defendeu cortes em gastos públicos.

No entanto, a análise dos dados governamentais sugere que a maioria das pessoas no Bolsa Família e no Cadastro Único não apenas deseja trabalhar, mas já está ativamente buscando ou ocupando postos de trabalho. A questão central, conforme apontado pelo ministro Dias, reside na busca por “empregos decentes”, que ofereçam condições justas e dignas, e não em uma suposta dependência dos programas sociais.

A dicotomia entre a percepção de parte do setor empresarial e a realidade dos dados oficiais ressalta a importância de uma análise aprofundada sobre a dinâmica do mercado de trabalho e o papel dos programas sociais. Longe de serem um entrave, as políticas de assistência social, quando combinadas com incentivos à formalização, podem ser um motor para a redução da desigualdade e a inclusão produtiva, desmistificando a ideia de que a população mais vulnerável não busca sua autonomia financeira.

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