O Banco Central apresentou nesta segunda-feira (16) uma proposta para que, em um primeiro momento, as compras parceladas sem juros sejam feitas em, no máximo, 12 vezes. Segundo a autoridade monetária, não está descartada a hipótese de reduções adicionais no limite máximo de parcelas caso essa iniciativa de limitação em 12 juros resulte em redução dos juros do rotativo.
A tentativa de mediação se dá em meio ao debate sobre os altos juros do rotativo do cartão de crédito, que atualmente estão em 445,7% ao ano.
O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, se reuniu com representantes de comércio, bancos e setores do cartão de crédito em São Paulo.
Foi o primeiro encontro desde que o Congresso aprovou um projeto de lei que busca reduzir os juros do rotativo —a linha de crédito mais cara do mercado. O texto, no entanto, não faz nenhuma menção às compras parceladas e não manda restringir as compras parceladas sem juros no cartão.
De acordo com os bancos, o parcelado sem juros aumenta a inadimplência e força a cobrança de altas taxas no rotativo, que é acionado automaticamente quando a fatura do cartão não é paga de forma integral. Em agosto, a taxa média de juros cobrada de pessoas físicas pelos bancos no rotativo ficou em 445,7% ao ano, segundo dados divulgados pelo BC.
O setor de maquininhas e o comércio, no entanto, refutam os argumentos das instituições financeiras e negam haver relação entre a inadimplência e a oferta das compras parceladas sem juros. De fato, não existe nenhum estudo público independente que mostre essa relação de causa e efeito do parcelado sem juros na inadiplência, e, consequentemente, nos altos juros do rotativo.
Segundo relatos de participantes da reunião, houve uma exposição inicial do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, Renato Gomes.
Ele sugeriu uma redução escalonada para o parcelamento sem juros. Como mostrou a Folha, os bancos já avaliavam propor um corte gradual. Tanto a proposta de Gomes como a dos bancos faziam referência a um limite de 6 vezes.
Fonte: Folha de S. Paulo