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Alimentos pressionam alta da inflação; consumidores estão preocupados

A técnica em enfermagem Kananda Damacena, de 21 anos, se viu forçada a fazer escolhas nas últimas idas ao mercado. Ela reclama que os preços subiram demais e que já não dá para comprar tudo que comprava antes. E não é a única a sentir no bolso o preço da carestia. É que a inflação segue em alta, influenciada pelo aumento dos alimentos, e parece que não vai dar trégua até, pelo menos, o fim do ano.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial brasileira acelerou de 0,64%, em setembro, para 0,86% em outubro. A taxa é a mais alta para o mês nos últimos 18 anos, e foi ainda maior para a população mais pobre, que é mais afetada pelo preço da cesta básica: 0,89%. Por isso, puxou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 3,92% no acumulado nos últimos 12 meses, deixando o indicador bem perto da meta de inflação, que é de 4% em 2020. O Banco Central (BC), diz que está tranquilo, pois acredita que esse choque inflacionário é temporário.

Em outubro, o vilão do aumento de preços, mais uma vez, foi a alimentação. De acordo com o IBGE, a inflação desse grupo subiu 1,93% no mês, influenciada pela alta de 2,57% dos alimentos para consumo no domicílio. A elevação é fruto da disparada de preços de produtos essenciais para a mesa dos brasileiros, como arroz (13,36%), óleo de soja (17,44%), tomate (18,69%), batata-inglesa (17,01%) e carnes (4,25%), que vêm sendo pressionados já há algum tempo pela alta do dólar.

“O aumento do dólar encarece as commodities e aumenta as exportações brasileiras, o que eleva o preço e reduz o abastecimento do mercado interno”, explicou o coordenador dos índices de preço da Fundação Getulio Vargas, André Braz. Ele diz ainda que, como o dólar continua acima dos R$ 5,30, esses preços não devem ceder nos próximos meses. A perspectiva é de que haja uma trégua só no início do próximo ano, quando começar a safra brasileira, mesmo depois de o governo ter zerado a tarifa de importação do arroz, da soja e do milho, já que essa medida vem mais para evitar que os preços continuem subindo do que para baixá-los.

Tudo indica, portanto, que a inflação dos alimentos vai chegar a dois dígitos neste ano, pois eles já ficaram 9,37% mais caros neste ano, segundo o IBGE. Kananda diz que vai continuar deixando algumas coisas no mercado. “Os preços estão nas alturas, tudo aumentou bastante. Eu gastava R$ 300 por mês com alimentação. Hoje, são R$ 500”, lamenta.

Fonte: Correio Braziliense