3 de julho de 2025

Esportes, Internacional

Mesmo em momento de glória, Hugo Calderano é barrado nos EUA por viagem profissional a Cuba

Brasileiro, atual campeão da Copa do Mundo e medalhista de prata no Mundial de tênis de mesa, não poderá disputar importante competição em Las Vegas devido a regra migratória americana.

Imagem: Reprodução

O mesatenista Hugo Calderano, que vive o melhor momento de sua carreira, foi impedido de participar do WTT Grand Smash nos Estados Unidos devido a uma questão burocrática relacionada a uma viagem profissional que realizou a Cuba em 2023. O atleta brasileiro, que possui passaporte português, descobriu que não poderia obter a autorização eletrônica (ESTA) para entrar no país sem visto por ter visitado a ilha caribenha no passado.

A viagem a Cuba, que agora impede sua entrada nos EUA, teve finalidade estritamente profissional. Calderano esteve no país para disputar o Campeonato Pan-Americano e participar do evento de qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Segundo as regras da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, essa visita o tornou inelegível para o programa de dispensa de visto.

Mesmo com o apoio da Associação de Tênis de Mesa dos Estados Unidos (USATT) e do Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC), o brasileiro não conseguiu agendar uma entrevista consular a tempo para obter um visto emergencial. “Segui o mesmo protocolo de todas as viagens anteriores que fiz aos Estados Unidos utilizando o meu passaporte português. Ao ser informado sobre a situação, mobilizei toda a minha equipe para conseguir um visto regular de emergência, mas, infelizmente, não houve tempo hábil”, explicou o atleta.

O impedimento ocorre justamente quando Calderano atravessa uma fase excepcional em sua carreira. Nos últimos meses, ele conquistou a Copa do Mundo e a medalha de prata no Mundial de tênis de mesa, feito inédito para um brasileiro e sul-americano. No fim de semana passado, venceu o WTT Star Contender Ljubljana, sua oitava taça no circuito mundial, e em junho finalizou nove temporadas no clube alemão Liebherr Ochsenhausen com o título da Liga Alemã.

“É frustrante ficar fora de uma das mais importantes competições da temporada por questões que fogem do meu controle, especialmente vindo de resultados tão positivos”, lamentou Calderano. O caso ilustra como regras migratórias podem afetar a carreira de atletas de alto rendimento, mesmo quando suas viagens a países sob restrições americanas têm finalidade exclusivamente esportiva e representativa de suas nações.

Personalidade

Personalidade | Saiba quem foi José Correia Picanço

O pernambucano que revolucionou o ensino da medicina no Brasil e realizou a primeira cesariana do país.

Imagem: Reprodução

José Correia Picanço, nascido em 10 de novembro de 1745 na vila de Goiana, Pernambuco, é considerado o patriarca da medicina brasileira. Filho de Francisco Correia Picanço, um cirurgião-barbeiro, e de Joana do Rosário, o jovem pernambucano cresceu em um ambiente modesto, onde desde cedo demonstrou interesse pela arte da cura praticada pelo pai, ainda que esta fosse, à época, uma simples técnica manual com pouco embasamento teórico.

Sua trajetória profissional começou no Recife, onde aprendeu os primeiros passos da profissão. Aos 21 anos, sua dedicação já havia chamado a atenção do Conde de Vila Flor, António Francisco de Paulo Manoel de Souza e Menezes, então governador da Província, que o nomeou Cirurgião do Corpo Avulso e Oficiais de Ordenança de Entrados e Reformados em 1766. Essa oportunidade foi o primeiro passo de uma carreira que o levaria além-mar.

Determinado a aprimorar seus conhecimentos, Picanço partiu para Lisboa, onde se matriculou na Escola Cirúrgica do Hospital São José. Ali, teve como mestre o barbeiro Manoel Constâncio, considerado genial por suas aulas magistrais de anatomia. Posteriormente, em 1765, seguiu para Paris, tornando-se discípulo de renomados mestres da cirurgia como Sabatier e Morand. Em 1789, conquistou o título de Doutor em Medicina, defendendo uma tese na prestigiada Universidade de Montpellier, na França.

De volta a Portugal, foi nomeado professor da cadeira de Anatomia, Operações Cirúrgicas e Obstetrícia da Universidade de Coimbra, onde lecionou por 18 anos. Seu grande mérito foi introduzir o uso de cadáveres humanos nas aulas práticas, uma inovação revolucionária para o século XVIII, quando ainda persistiam preconceitos e resquícios da Santa Inquisição. Essa abordagem pioneira transformou o ensino da medicina em Portugal.

A vida de Picanço tomou novo rumo quando, em 1807, acompanhou a família real portuguesa em sua fuga para o Brasil, fugindo das tropas napoleônicas. Como Cirurgião-mor do Reino, chegou a Salvador em 22 de janeiro de 1808. Apenas um mês depois, com autorização do Príncipe-Regente Dom João VI, fundou a primeira escola de medicina do Brasil, na Bahia. No mesmo ano, criou também a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, libertando os brasileiros da dependência exclusiva da formação médica europeia.

Rolar para cima