9 de junho de 2025

Geral

Há 61 anos, JK era silenciado pelos militares

Dias antes de ser cassado pela ditadura, Juscelino fez um discurso de despedida no Senado. Encerrava-se ali sua trajetória política.

Imagem: Acervo UH/Folhapress

Em 8 de junho de 1964, há 61 anos, o ex-presidente Juscelino Kubitschek teve seu mandato de senador pelo PSD de Goiás cassado e seus direitos políticos suspensos por uma década. Na prática, era o fim de uma trajetória política que parecia destinada a levá-lo novamente à Presidência da República, nas eleições que deveriam ocorrer em 1965. Mas o golpe militar de março daquele ano mudou o rumo da história.

O mineiro JK, o presidente que construiu Brasília e impulsionou a industrialização do país, era, naquele momento, uma das lideranças mais populares e respeitadas do Brasil. Nas pesquisas, aparecia como favorito absoluto para retornar ao Palácio do Planalto. Para o regime militar, recém-instalado, essa era uma ameaça inaceitável.

O instrumento para afastá-lo foi o Ato Institucional nº 1, editado em 9 de abril de 1964. Ele concedia ao governo o poder de cassar mandatos, suspender direitos políticos e afastar servidores, sem necessidade de julgamento. Logo se iniciou a chamada “Operação Limpeza”, que atingiria não apenas apoiadores do presidente deposto João Goulart, mas também nomes como JK, que haviam tentado dialogar com os novos donos do poder.

Em seu último discurso, no dia 3 de junho de 1964, o então senador por Goiás lamentou o tempo de “trevas” que o país vivia. “O golpe que na minha pessoa de ex-chefe de Estado querem desfechar atinge a vida democrática, a vontade livre do povo. Não me estão ferindo pessoalmente, mas a todos os que se julgam no direito de escolher a quem desejam escolher para presidir o seu destino. Este ato é um ato de usurpação e não ato de punição”, afirmou. “Muito mais do que a mim, cassam os direitos políticos do Brasil”, acrescentou. Ele assumiu ainda o compromisso de, mesmo silenciado, não abandonar a luta pela democracia.

Ameaça e investigações

Embora tivesse apoiado a eleição indireta do general Humberto de Alencar Castello Branco, acreditando na promessa de que haveria eleições presidenciais no ano seguinte, Juscelino logo se viu na mira do regime. No Senado, votou em Castello Branco, e chegou a manter conversas com o general em busca de um caminho de transição democrática.

Geral

Governo Bolsonaro teria impedido descredenciamento de confederação suspeita de fraudes no INSS

Conafer saltou de R$ 458 mil para R$ 96 milhões em arrecadação após intervenção política na autarquia previdenciária.

Carlos Lopes, presidente da Conafer, Leonardo Rolim, então presidente do INSS, e Thiago Lopes, vice-presidente da Conafer, em março de 2020, na sede do INSS | Divulgação

A Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) deveria ter sido expulsa do sistema de descontos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2020. A entidade se recusava a apresentar documentos de filiação de aposentados e estava sob investigação interna por irregularidades. No entanto, uma intervenção do governo Jair Bolsonaro salvou a confederação do descredenciamento, permitindo que ela se tornasse uma das maiores beneficiárias do esquema fraudulento que drenou bilhões de reais de aposentados.

O processo de rescisão do acordo da Conafer com o INSS havia sido iniciado pela Diretoria de Benefícios da autarquia, que identificou irregularidades na apresentação de fichas de filiação e associação de aposentados. A medida impediria a confederação de continuar descontando valores das aposentadorias. Contudo, em uma reviravolta suspeita, a entidade foi resgatada pelo governo federal, que transferiu a gestão dos acordos para outra diretoria, facilitando a manutenção do convênio.

A mudança administrativa ocorreu durante a gestão de Leonardo Rolim, que assumiu a presidência do INSS em 2020, substituindo Renato Rodrigues Vieira. Enquanto Vieira havia criado uma diretoria de integridade e endurecido os critérios de fiscalização, Rolim promoveu alterações que beneficiaram entidades sob suspeita. A transferência da gestão dos acordos da Diretoria de Benefícios para a Diretoria de Atendimento foi apresentada como racionalização do serviço, mas na prática facilitou a continuidade das operações fraudulentas.

O crescimento da arrecadação da Conafer após o “resgate” foi vertiginoso. A confederação saltou de R$ 458 mil em 2019 para R$ 59 milhões em 2020, tornando-se a segunda entidade que mais descontava valores de aposentadorias no país. Em 2022, último ano do governo Bolsonaro, a Conafer já embolsava mais de R$ 96 milhões, consolidando-se como vice-campeã nacional em descontos de aposentados do INSS.

A reação da Conafer às investigações teria incluído intimidação a servidores públicos. Quando notificada pelo INSS em agosto de 2020 para se defender das acusações de desconto ilegal, a confederação não apresentou defesa técnica. Em vez disso, dois servidores responsáveis pela fiscalização relataram ter recebido mensagens anônimas contendo fotos e endereços de suas famílias, caracterizando uma tentativa de coação.

Direito e Justiça

Morador é condenado por injúria racial contra porteiro

Proferida no processo 1500635-62.2025.8.26.0540, sentença destaca gravidade de crimes de ódio.

Morador de um condomínio em Santo André/SP foi condenado a três anos e seis meses de reclusão em regime fechado, além do pagamento de 17 dias-multa, pelo crime de injúria racial. A decisão é do juiz Jarbas Luiz dos Santos, da 3ª Vara Criminal da comarca, após episódio de agressão verbal contra um porteiro do prédio.

O caso ocorreu quando o agressor, em estado visivelmente alterado, desceu à portaria com um soco inglês e iniciou uma discussão com a síndica. Ao tentar intervir, o porteiro foi alvo de uma série de insultos racistas, incluindo termos como “macaco”, “preto”, “orangotango” e “macaco chita”, cujas ofensas foram confirmadas por diversas testemunhas e por uma gravação de vídeo entregue às autoridades.

A defesa do réu alegou que ele não era racista, que não havia provas suficientes e que estava alcoolizado no momento dos fatos, não se lembrando do ocorrido. Contudo, o magistrado rejeitou todas as argumentações, enfatizando que a alegação de “não ser racista” é “típica de quem é racista” e que a responsabilidade penal se baseia na conduta, não na autoimagem do indivíduo.

O juiz também afastou a tese de exclusão de responsabilidade por embriaguez, ressaltando que o preconceito e a aversão a grupos específicos não surgem em momentos de ira, mas preexistem e são externados de forma contundente nessas situações. A sentença considerou os maus antecedentes e a reincidência do agressor, além da gravidade da conduta e suas amplas consequências sociais.

Ao dosar a pena, o magistrado destacou que “os crimes de ódio devem ser vistos sempre como delito de consequências que extrapolam a prática de crimes comuns”. A substituição da pena por medidas restritivas de direitos foi negada, reforçando a seriedade da condenação e a necessidade de uma resposta firme do judiciário diante de atos de discriminação racial.

Internacional

Repórter é atingida por bala de borracha durante entrada ao vivo nos protestos em Los Angeles

Jornalista australiana do canal ‘9news’ foi atingida na perna e não ficou ferida, segundo a emissora. Protestos contra política anti-imigração do governo Trump eclodiram no final de semana na Califórnia.

Imagem: Reprodução

Uma repórter australiana foi atingida por uma bala de borracha enquanto cobria os protestos de Los Angeles, nos Estados Unidos.

Lauren Tomasi fazia uma entrada ao vivo no canal australiano “9news” no domingo (8) para reportar a situação dos protestos, quando foi atingida na perna. Seu cinegrafista registrou o momento: ela estava de costas para um cordão de policiais, quando um dos agentes olhou para ela, apontou sua arma e disparou.

“Lauren e seu cinegrafista estão bem e continuarão seu trabalho essencial cobrindo esses eventos. Esse incidente é um lembrete claro dos perigos inerentes que os jornalistas podem enfrentar ao cobrir protestos na linha de frente, reforçando a importância do papel que desempenham ao fornecer informações vitais”, disse a emissora australiana em comunicado.

Protestos contra batidas de agentes de imigração do governo Trump eclodiram em Los Angeles durante o final de semana. O protesto foi crescendo e a tensão aumentou após a chegada de homens da Guarda Nacional enviados pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Los Angeles tem forte presença de comunidades latinas.

Publicado originariamente pelo portal g1.

Geral

Caso Miguel completa 5 anos: mãe critica lentidão da Justiça

Prestes a se formar em direito, Mirtes apresenta TCC sobre escravidão

Imagem: agência Brasil

A próxima terça-feira (dia 10) será mais um dia de emoções especiais para a estudante de direito pernambucana Mirtes Renata Santana, de 38 anos. A ex-empregada doméstica, mãe do menino Miguel, que morreu há cinco anos,da queda de um prédio no Recife (PE) vai apresentar o trabalho de conclusão de curso sobre escravidão moderna. Ela está próxima de se formar e ter mais instrumentos de luta pela própria família e por outras histórias de violência e injustiça.

Depois da apresentação do TCC, outra data, marcada de expectativa, é o dia 16 deste mês. O Ministério Público de Pernambuco tem até essa data para se pronunciar sobre as responsabilidades penais da ex-patroa dela, Sari Corte Real, em relação à morte do garoto. O posicionamento do MP é considerado importante pela acusação e defesa antes do veredito dos desembargadores do Tribunal de Justiça daquele Estado.

Sari foi condenada inicialmente a oito anos e seis meses de prisão. Em novembro de 2023, a pena foi reduzida para sete anos. Como cabem recursos à decisão, a ex-patroa continua em liberdade.

Abandono e morte

O caso chocou o país. Naquele 2 de junho de 2020, em plena pandemia, a creche de Miguel estava fechada. Por isso, ele teve que ir com a mãe para o trabalho dela, no apartamento de Sari Corte Real, em uma torre de luxo no centro do Recife.

A patroa ficou incomodada com os pedidos do menino para ficar com a mãe, que tinha recebido ordem para passear com o cachorro da casa. Segundo as imagens do circuito interno do prédio, o menino foi deixado sozinho por Sari dentro do elevador. Ele subiu para a área da cobertura, e foi de lá que ele caiu. Miguel chegou a ser atendido, mas não resistiu aos ferimentos. Durante a última semana, foi feito um ato em frente ao local da morte do menino.

Geral

STF inicia oitivas de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe

Ex-presidente será o sexto a depor no processo.

Foto: Cristiano Mariz

O Supremo Tribunal Federal (STF) dará início nesta segunda-feira, 9 de dezembro, a uma nova fase do processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. As oitivas dos réus envolvidos na suposta trama golpista começaram com o depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, que atua como colaborador da Justiça. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou que os interrogatórios sigam ordem alfabética após o depoimento inicial de Cid.

Entre os principais réus que serão ouvidos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), além de outros seis denunciados. A expectativa é que Bolsonaro seja o sexto a prestar depoimento, com sua oitiva dividida entre terça-feira, 10, e quarta-feira, 11 de dezembro.

As sessões terão transmissão ao vivo pela TV Justiça, para dar transparência ao processo.

O grupo de réus inclui figuras centrais do governo Bolsonaro, como os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa); também responde ao processo o ex-comandante da Marinha, Almir Garnie. Todos são acusados de participação na articulação de um plano para manter Bolsonaro no poder, mesmo restando vencido nas eleições de 2022.

Após a conclusão dos depoimentos, o ministro Alexandre de Moraes intimará tanto a acusação quanto a defesa para apresentarem suas alegações finais. O prazo para os réus será de 15 dias, contados a partir da manifestação da defesa de Mauro Cid, considerando que sua delação implicou diretamente os demais envolvidos.

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