8 de junho de 2025

Direito e Justiça

TRT-8 condena banco por litigância predatória reversa

Tomada no processo 0000930-21.2017.5.08.0116, decisão inédita multa instituição financeira por atrasar sistematicamente o cumprimento de obrigação já transitada em julgado.

A 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8) tomou uma decisão inédita ao condenar o Banco da Amazônia S/A (BASA) por litigância predatória reversa, prática caracterizada pelo uso abusivo do sistema judicial para protelar o cumprimento de obrigações. O caso envolveu manobras processuais sistemáticas utilizadas pela instituição financeira para atrasar o pagamento de uma condenação trabalhista já transitada em julgado.

Na fundamentação da decisão, o tribunal destacou que a litigância predatória reversa é geralmente praticada por grandes empresas que, ao contrário da litigância predatória tradicional, não iniciam processos em massa, mas utilizam recursos e artifícios processuais de forma abusiva para postergar o cumprimento de decisões judiciais. O banco, identificado pelo Conselho Nacional de Justiça como um dos maiores litigantes da Justiça do Trabalho, demonstrou comportamento deliberado de resistência ao cumprimento da obrigação.

Como penalidade, o tribunal aplicou multa correspondente a 9,9% do valor da causa, que será revertida em favor do trabalhador prejudicado pela conduta protelatória. A decisão ressalta que a prática adotada pelo banco não apenas prejudica diretamente o reclamante, que tem seu direito reconhecido mas não efetivado, como também compromete a eficiência do sistema judicial como um todo, gerando custos desnecessários e sobrecarga processual.

Especialistas em direito do trabalho consideram a decisão um marco importante no combate ao uso abusivo do Judiciário por grandes litigantes. O ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, já havia alertado recentemente para o crescimento da “litigância abusiva reversa”, afirmando que essa prática tem desafiado a eficácia do sistema judicial brasileiro e prejudicado principalmente a parte mais vulnerável da relação processual.

A decisão do TRT-8 estabelece um precedente significativo para casos semelhantes e sinaliza uma mudança de postura do Judiciário frente a estratégias protelatórias adotadas por grandes empresas. O tribunal determinou ainda que o banco cumpra imediatamente a obrigação principal, sob pena de agravamento das sanções processuais já aplicadas.

Direito e Justiça

Companhia aérea deve reembolsar trabalhadora por exigência estética

Decisão, tomada no processo 0010264-48.2024.5.03.0092, reconhece direito de funcionária a ressarcimento por gastos com maquiagem e manutenção de padrão visual imposto pela empresa.

Uma companhia aérea foi condenada pela Justiça, por decisão da juíza Maria Irene Silva de Castro Coelho, titular da 1ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), a reembolsar uma trabalhadora pelos gastos com exigências estéticas impostas como condição para o exercício da função. A decisão, que estabelece um importante precedente para o setor, reconheceu que os custos com maquiagem, cuidados com cabelo e outros itens relacionados à aparência não devem ser arcados pelos funcionários quando constituem requisito obrigatório para o trabalho.

De acordo com o processo, a empresa exigia que suas funcionárias mantivessem um padrão estético rigoroso, incluindo uso obrigatório de maquiagem específica, penteado padronizado e outros elementos visuais, sem, contudo, fornecer os produtos necessários ou compensação financeira para a aquisição desses itens. A trabalhadora comprovou gastos mensais significativos para atender às exigências da companhia, valores que impactavam diretamente seu orçamento pessoal.

Na fundamentação da sentença, o magistrado destacou que as exigências estéticas, quando impostas pelo empregador como condição para o exercício da função, devem ser custeadas pela própria empresa, uma vez que se trata de instrumentos necessários à prestação do serviço. A decisão ressalta ainda que transferir esses custos aos trabalhadores configura transferência indevida de ônus empresarial, prática vedada pela legislação trabalhista.

O caso se soma a outros precedentes recentes, como a decisão da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho que determinou o reembolso de despesas com maquiagem a uma comissária de bordo. Especialistas em direito do trabalho apontam que essas decisões representam um avanço na proteção dos direitos dos trabalhadores, especialmente em setores que tradicionalmente impõem padrões estéticos rigorosos, como aviação civil, hotelaria e comércio de luxo.

A sentença estabeleceu que a companhia aérea deverá ressarcir a trabalhadora pelos valores gastos durante todo o período em que esteve submetida às exigências estéticas, além de implementar uma política de fornecimento dos produtos necessários ou pagamento de adicional específico para cobrir tais despesas para todos os funcionários em situação semelhante.

Internacional

Para reprimir protestos, Trump envia Guarda Nacional a Los Angeles contra vontade do governador

Medida para conter protestos pró-imigração é vista por especialistas como potencialmente inflamatória e capaz de aumentar tensões sociais.

Imagem: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no sábado (7) o envio de 2.000 soldados da Guarda Nacional da Califórnia para Los Angeles, em resposta aos protestos contra as operações de deportação de imigrantes. A decisão foi tomada contra a vontade do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que classificou a medida como “propositalmente inflamatória” e alertou que ela “só aumentará as tensões” no estado.

Para contornar a autoridade do governador democrata, Trump recorreu a um poder raramente utilizado que permite ao presidente federalizar a Guarda Nacional estadual em situações específicas. “O governo federal está tomando o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviará 2 mil soldados”, confirmou Newsom, expressando sua oposição à intervenção federal.

Os protestos em Los Angeles começaram na sexta-feira (6), após agentes federais de imigração prenderem 44 pessoas na cidade como parte da intensificação das operações de deportação promovidas pela administração Trump. As manifestações escalaram para confrontos violentos quando a polícia utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes que se reuniam no centro da cidade.

Em comunicado oficial, Trump justificou a mobilização militar afirmando ser necessário “lidar com a ilegalidade que foi permitida prosperar” e criticou as autoridades locais por “fracassarem em proteger os cidadãos americanos”. O presidente também colocou fuzileiros navais em estado de prontidão, sinalizando uma possível escalada na resposta federal caso os protestos continuem.

A decisão de Trump intensifica o conflito entre o governo federal e a Califórnia, estado que historicamente tem resistido às políticas migratórias restritivas da atual administração. Analistas políticos apontam que esta intervenção representa uma das mais sérias tensões entre autoridades federais e estaduais nos últimos anos, com alguns veículos de comunicação chegando a questionar se o país caminha para um cenário de guerra civil.

Internacional

Pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe, sobrevive à cirurgia após atentado

Senador de 39 anos permanece em estado crítico após ser atingido por dois tiros na cabeça e um no joelho durante evento em Bogotá.

Imagem: Reprodução

O senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe, de 39 anos, sobreviveu à primeira intervenção cirúrgica após ser vítima de um atentado a tiros no último sábado (7) em Bogotá. Segundo informações divulgadas pelo prefeito da capital colombiana, Carlos Fernando Galán, o político “superou a primeira intervenção”, mas seu estado de saúde permanece crítico, com as próximas horas sendo consideradas decisivas para sua recuperação.

O ataque ocorreu enquanto Uribe discursava para apoiadores no bairro de Fontibón, região próxima ao aeroporto internacional de Bogotá. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o senador, membro do partido Centro Democrático, é atingido por disparos e cai ao chão coberto de sangue, sendo imediatamente socorrido por apoiadores presentes no evento.

De acordo com relatos médicos, o pré-candidato foi atingido por dois tiros na cabeça e um no joelho, sendo rapidamente transportado para um hospital da capital colombiana. A cirurgia, que durou mais de três horas, foi realizada durante a madrugada. María Claudia Tarazona, esposa de Miguel Uribe, informou que o político “saiu da cirurgia e está lutando pela vida”, em declaração reproduzida por veículos de imprensa locais.

As autoridades colombianas detiveram um adolescente de 15 anos, suspeito de ser o autor dos disparos. O menor também foi baleado por seguranças após o ataque e encontra-se sob escolta policial em uma clínica de Bogotá. A Procuradoria-Geral da Colômbia, responsável pela investigação do atentado, ainda não determinou as motivações do crime, que está sendo tratado como um ataque político.

O atentado contra Miguel Uribe chocou a nação colombiana e resgatou a lembrança dos assassinatos políticos que marcaram o país nas décadas de 1980 e 1990, reacendendo temores sobre um possível retorno da violência política. O ex-presidente Álvaro Uribe, líder do partido Centro Democrático, descreveu o ataque como um atentado contra “uma esperança para o país”, manifestando solidariedade ao correligionário.

Rolar para cima