Em evento, banqueiros e grandes empresários defendem corte de benefícios sociais para ajuste fiscal
Elite econômica propõe medidas que afetam os menos favorecidos enquanto mantém privilégios tributários históricos.

Grandes empresários e banqueiros brasileiros intensificaram a defesa por ajustes fiscais que recaem principalmente sobre os menos favorecidos economicamente, durante seminário do Esfera Brasil realizado no Guarujá (SP). O evento, com a presença de ministros, governadores e autoridades dos poderes Legislativo e Judiciário, transformou-se em palco para a defesa de cortes nos gastos públicos, especialmente em benefícios sociais.
Wesley Batista, dono da gigante da proteína animal JBS, defendeu abertamente a revisão do tamanho dos programas sociais do governo federal, alegando dificuldade para encontrar mão de obra para suas indústrias. “Precisamos apoiar programas sociais, mas faz sentido rever o tamanho. Estamos no interior do Brasil, o agro é uma economia pujante, mas não tem gente para trabalhar”, afirmou o empresário, sugerindo que os benefícios sociais estariam desestimulando a busca por emprego formal.
Na mesma linha, André Esteves, chairman do banco BTG Pactual, criticou duramente a indexação dos aumentos previdenciários ao salário mínimo, defendendo o desatrelamento entre os dois. “A gente decidiu dar um reajuste real para o salário mínimo, mas o problema é que isso está atrelado às contas da Previdência, o que faz com que o aposentado ganhe um reajuste de 15,5%”, argumentou o banqueiro, acrescentando que “o Brasil passa a ser o único país do mundo que dá um ganho de produtividade para quem não trabalha”.
O CEO do Itaú, Milton Maluhy, também presente no evento, defendeu um aumento do contingenciamento do Orçamento como alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). “O valor de R$ 50 bilhões de contingenciamento anunciado é importante. Mas, se tiver que ser um pouco mais, é melhor isso do que pesar na sociedade”, declarou, priorizando cortes em gastos públicos em vez de medidas que afetariam o setor financeiro.
O discurso dos empresários e banqueiros ocorre em um contexto de pressão contra o decreto que aumentou as alíquotas do IOF para operações de crédito, medida que visa arrecadar R$ 60 bilhões até 2026. Enquanto defendem cortes em benefícios sociais e o desatrelamento da Previdência do salário mínimo, os representantes do setor financeiro e empresarial não mencionaram a possibilidade de revisão dos R$ 700 bilhões em renúncias fiscais que beneficiam majoritariamente grandes corporações e indivíduos de alta renda.
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