Dr. Martsung Alencar, sua esposa e filha, sendo recebidos pelo Papa Francisco
A humanidade perde um gigante, na acepção mais simples e pura da palavra. O Papa Francisco foi um farol na terra, daqueles que iluminam de verdade. Não dividiu ou discriminou. Não julgou com a perversidade do preconceito ou com a violência irracional do radicalismo. Ao contrário, sempre acolheu, buscou unir, incluir e construir a paz! Que ele siga olhando por nós, lá do céu, junto de Jesus, com quem certamente já está, porque Dele deu verdadeiro testemunho, com sua vida. Ele não pregou só por palavras, mas por gestos de amor, humildade e bondade, que ressoam e reverberam muito mais do que qualquer grito ou agressão. Viva o Papa Francisco! E que suas lições encontrem morada, sempre, em nossos corações!
Martsung Alencar, Dr. Mestre e Doutor em Direito. Professor de Direito Constitucional da UFPB. Advogado Parceiro de Alvinho Patriota Advogados Associados.
No caso de entrevistas ao vivo, veículo não pode ser responsabilizado por afirmações do entrevistado, mas deverá dar direito de resposta
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) aperfeiçoou seu entendimento sobre as condições em que empresas jornalísticas estão sujeitas à responsabilização civil, ou seja, ao pagamento de indenização por danos morais, se publicarem entrevista em que o entrevistado atribua falsamente a outra pessoa a prática de um crime (calúnia). Com os ajustes, foram definidos critérios objetivos para a responsabilização e a remoção de conteúdo.
A decisão, nesta quinta-feira (20), foi tomada em recursos (embargos de declaração) apresentados na tese de repercussão geral fixada no Recurso Extraordinário (RE) 1075412 (Tema 995).
Entrevistas ao vivo
Entre outros pontos, ficou definido que, em entrevistas ao vivo, o veículo não pode ser responsabilizado por declarações feitas exclusivamente pelo entrevistado. Mas, para isso, deverá assegurar à pessoa a quem for falsamente atribuída a prática de crime o direito de resposta em iguais condições, espaço e destaque.
Responsabilização por má-fé ou negligência
O colegiado reafirmou o entendimento de que a empresa jornalística só poderá ser responsabilizada civilmente se for comprovada sua má-fé, caracterizada pelo conhecimento prévio da falsidade da declaração ou por evidente negligência na apuração da informação, sem que seja dada a possibilidade de resposta do terceiro ofendido ou, ao menos, de busca do contraditório. Também ficou estabelecido que o veículo poderá ser responsabilizado caso o conteúdo com a acusação falsa não seja removido de plataformas digitais por iniciativa própria ou após notificação da vítima.
Responsabilização apenas em situações concretas
O julgamento dos recursos, apresentados pelo Diário de Pernambuco, que é parte no processo, e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), admitida como terceira interessada, começou em agosto de 2024. Naquela sessão, o relator, ministro Edson Fachin, votou para que a tese fosse ajustada para deixar claro que a responsabilização ocorre em situações concretas, e a análise foi suspensa por pedido de vista do ministro Flávio Dino.
Antes de ler a nova redação da tese, nesta quinta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, observou que ela foi elaborada em consenso, com a participação dos 11 ministros. O ministro Flávio Dino elogiou a disponibilidade do relator para ouvir as sugestões apresentadas pelos demais ministros ao longo do julgamento, o que possibilitou a construção coletiva do enunciado.
Incidente ocorreu numa plataforma na Bacia de Campos e demorou quatro horas para ser controlado; escoamento de gás foi interrompido após o acidente
Foto: Pedro Kirilos/PEDRO KIRILOS/ESTADÃO
Cerca de 11 trabalhadores teriam ficado feridos num incêndio com explosão em uma plataforma da Petrobras na manhã desta segunda-feira, 21, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
Uma das vítimas precisou ser resgatada pelo mar. O acidente ocorreu na plataforma Cherne 1, conhecida como PCH-1, operada pela Petrobras na Bacia de Campos, no Norte Fluminense. De acordo com informações do sindicato, o trabalhador foi resgatado com vida por uma embarcação local, apresentando queimaduras, mas consciente.
Os feridos foram encaminhados para uma unidade de emergência em saúde em Macaé. De acordo com o sindicato, a própria petroleira teria comunicado sobre o acidente ocorrido às 7h25 e que foi controlado por volta das 11h25.
“O escoamento de gás foi interrompido, as comunicações da plataforma caíram e embarcações de emergência foram acionadas”, publicou o Sindipetro-NF, em uma rede social.
O incêndio já teria sido debelado por dois barcos de combate ao fogo, e todos demais mais de 170 trabalhadores da plataforma estariam em segurança.
Presidente destacou a atuação do Papa em favor dos pobres e refugiados
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou nesta segunda-feira (21) luto oficial de sete dias em homenagem ao papa Francisco. Por meio de nota, o presidente destacou o legado do pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio e lamentou profundamente a perda de uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”.
Lula ressaltou que Francisco viveu e propagou valores como o amor, a tolerância e a solidariedade.
“Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o Papa buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia”, disse.
O presidente também destacou a atuação do papa em temas centrais da agenda social e ambiental global. Segundo ele, com simplicidade, coragem e empatia, Francisco levou ao Vaticano o debate sobre as mudanças climáticas e denunciou modelos econômicos geradores de injustiças e desigualdades.
“Ele sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito”, afirmou Lula.
O presidente lembrou ainda os encontros que teve com o papa, ao lado da primeira-dama Janja da Silva, como momentos de carinho e partilha de ideais comuns. “Pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará”, disse.
Ao finalizar a nota, o presidente desejou consolo a todos que sofrem com a perda do líder religioso. “O Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações”, concluiu.
Ontem, domingo de Páscoa (20), na véspera de sua morte, o Papa Francisco realizou o que agora se sabe ter sido seu último gesto público. Da sacada da Basílica de São Pedro, ele proferiu a tradicional bênção Urbi et Orbi, falando sobre paz, solidariedade e esperança.
Foto: Reprodução
“Irmãos e irmãs, boa noite!
Vocês sabem que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos cardeais foram buscá-lo quase ao fim do mundo? Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.
[O papa recitou junto dos fiéis presentes na Praça São Pedro o Pai-Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai]
E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo… este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!
E agora quero dar a bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.
Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade.
[bênção]
Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma inteira. Boa noite e bom descanso!”
O Papa pediu explicitamente que alguns ritos do funeral papal fossem simplificados para refletir melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado
Papa Francisco
O funeral do Papa Francisco, falecido aos 88 anos nesta segunda-feira (27), será um marco na história da Igreja Católica. Diferentemente dos rituais tradicionalmente realizados para seus antecessores, o pontífice argentino, que durante seu papado se destacou pela simplicidade e proximidade com os mais pobres, aprovou mudanças significativas no protocolo das exéquias papais. As alterações visam enfatizar sua condição de “fiel cristão” em detrimento do estatuto de chefe da Igreja, reforçando a mensagem evangélica de humildade.
Jorge Mario Bergoglio, nome de batismo do Papa que escolheu ser conhecido como Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, eliminou exigências históricas até então consideradas imutáveis. Entre elas está a tradição de enterrar os pontífices em três caixões — de cipreste, chumbo e carvalho —, optando por apenas um caixão de madeira com interior revestido de zinco. A decisão simboliza uma ruptura com o simbolismo de poder associado ao cargo papal.
As novas diretrizes foram instituídas em 2024, quando Francisco aprovou uma segunda edição do livro litúrgico Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, publicado originalmente em 1998 sob o pontificado de João Paulo II. Segundo o arcebispo Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas do Vaticano, o Papa pediu explicitamente que alguns ritos fossem simplificados para refletir melhor “a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado”.
“O rito renovado deve sublinhar ainda mais que o funeral do romano pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo, e não o de um homem poderoso deste mundo”, explicou Ravelli em entrevista ao portal oficial do Vaticano no final de 2024.
Mudanças Práticas nos Ritos Fúnebres
Embora as exéquias mantenham as três etapas clássicas — da residência do Papa falecido à Basílica de São Pedro e, finalmente, ao local da sepultura —, há detalhes importantes nas novas normas. A verificação oficial da morte, por exemplo, agora ocorrerá na capela privada do pontífice, em vez de seu quarto. Após essa cerimônia íntima, o corpo será colocado diretamente no único caixão de madeira e transportado para a Basílica de São Pedro, onde ficará exposto para o velório.
Outra mudança relevante é o local do enterro. Enquanto a maioria dos papas foi sepultada nas Grutas do Vaticano, abaixo da Basílica de São Pedro, Francisco optou por ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Este gesto reitera sua preferência por locais menos ostensivos e mais próximos ao povo.
Comparação com Funerais Anteriores
Papa João Paulo II
Os funerais de João Paulo II, realizados em 2005, seguiram o modelo tradicional ao pé da letra. Após sua morte em 2 de abril, seu corpo foi exposto na Basílica de São Pedro por quatro dias, atraindo milhares de fiéis. Cerca de um milhão de pessoas compareceram à missa fúnebre celebrada no adro da basílica, incluindo líderes mundiais como o então presidente de Portugal, Jorge Sampaio. O corpo de João Paulo II foi colocado em três caixões antes de ser sepultado sob uma lápide com inscrições em latim.
Papa Emérito Bento XVI
Já Bento XVI, que renunciou ao papado em 2013, teve um funeral mais discreto, adequado à sua condição inédita de “papa emérito”. Embora tenha seguido o protocolo geral, suas exéquias foram marcadas por uma atmosfera de maior intimidade.
Legado de Humildade
A morte de Francisco foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, prefeito da Secretaria para os Leigos, a Família e a Vida. O pontífice, que enfrentava problemas de saúde relacionados a uma pneumonia bilateral, deixou um legado marcado pela defesa dos marginalizados e pela busca por uma Igreja mais acessível e inclusiva.
Com a reforma das exéquias papais, Francisco garantiu que seu funeral seja coerente com os valores que pregou durante seu pontificado. Ao descartar símbolos de opulência e priorizar a simplicidade, ele reafirma sua convicção de que o papel de um Papa é, acima de tudo, servir como pastor e testemunha da fé cristã.
O presidente Lula (PT) lamentou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, e lembrou os feitos do pontífice. Jorge Mario Bergoglio morreu hoje após enfrentar um quadro respiratório grave.
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Lula afirmou, em nota, que o Papa buscou de forma incansável “levar o amor onde existia o ódio” e trouxe o tema das mudanças climáticas ao Vaticano. “Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito”, diz o presidente.
“A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo. O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos.”
Lula e a primeira-dama Janja encontraram o Papa em algumas ocasiões. “Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará”, afirmou.
A morte do Papa foi divulgada pelo Vaticano, mas a causa não foi informada. “Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, diz o comunicado.
Outras reações
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Papa deixou um “valoroso exemplo de vida”. “O Papa que apontou um caminho para uma sociedade mais tolerante, justa, fraterna e solidária. Deixa um valoroso exemplo de vida”, publicou no X.
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse que o Papa foi “mais que um líder religioso”. “Para o Brasil e o mundo, a figura do Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza”, publicou no X.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ressaltou os ensinamentos do Papa: “nos ensinou que a fé caminha junto com simplicidade e a esperança. Descanse em paz”, escreveu no X.
Outros políticos e autoridades também manifestaram em suas redes sociais pesar pelo falecimento do Papa Francisco, dentre eles o governador de Minas Gerais, Romeu Zema; o governador do Pará, Helder Barbalho; o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; o ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital paulista, João Dória.
“O Papa Francisco faleceu na segunda-feira de Páscoa, 21 de abril de 2025, aos 88 anos de idade, na sua residência na Casa Santa Marta, no Vaticano”, afirmou o Vaticano num comunicado publicado na rede social X
Com a morte do Papa, dá-se início a um dos rituais mais solenes e meticulosamente coreografados da Igreja Católica.
O primeiro a ser informado é o camerlengo, o cardeal que serve como administrador interino do Vaticano durante o interregno. Tem o dever verificar oficialmente a morte do Papa.
Segundo a tradição, o camerlengo aproxima-se do corpo do Papa e chama três vezes o seu nome de batismo. Se não houver resposta, o Papa é formalmente declarado morto.
É emitida uma certidão de óbito e os aposentos papais são selados.
Historicamente, este ritual foi concebido para evitar o roubo por parte de cardeais oportunistas. Atualmente, serve para salvaguardar a autenticidade do testamento e das últimas instruções do Papa.
O ato simbólico seguinte é a destruição do anel do pescador, um anel de ouro usado pelo Papa e beijado pelos católicos em sinal de reverência. O camerlengo retira-o e parte-o em dois perante um grupo de cardeais. Este ato não só evita eventuais falsificações de documentos, como também assinala o fim do reinado do Papa.
A notícia da morte é então comunicada através dos canais oficiais.
Em primeiro lugar, é informado o vigário geral de Roma, seguido do decano do Colégio Cardinalício, que notifica os outros cardeais. De seguida, os diplomatas do Vaticano – os núncios apostólicos – são encarregues de informar as embaixadas estrangeiras e missões em todo o mundo.
O Papa deve ser enterrado entre o quarto e o sexto dia após a morte. Segue-se um período de luto de nove dias, conhecido como novemdiales. Grande parte dos procedimentos fúnebres e de luto são normalmente planeados pelo próprio Papa, com instruções pormenorizadas deixadas para o camerlengo executar.
Quinze dias após o falecimento do Papa, tem início o conclave papal.
Foto: Reprodução
Trata-se de uma assembleia à porta fechada em que o Colégio dos Cardeais elege o próximo líder da Igreja Católica. A palavra conclave, do latim cum clave (“com uma chave”), refere-se ao secretismo e ao isolamento impostos aos participantes.
Para evitar interferências externas, todos os cardeais elegíveis, os que têm menos de 80 anos e não estão excomungados, são fechados na Capela Sistina. No primeiro dia, celebram uma missa e depois dirigem-se para a capela onde juram seguir as regras da eleição.
A votação prossegue diariamente até que um candidato obtenha uma maioria de dois terços.
Depois de cada ronda, os boletins de voto são queimados. O fumo negro assinala uma votação inconclusiva, o fumo branco anuncia ao mundo que foi escolhido um novo Papa.
Nascido na Argentina, em 1936, Jorge Mario Bergoglio chegou a trabalhar como professor de literatura, até decidir ser padre. Francisco foi eleito papa com a missão de resgatar a confiança na Igreja Católica
Foto: Club Atlético San Lorenzo de Almagro/AP
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (21). O pontífice ficou conhecido pelo seu perfil carismático e pelas reformas que promoveu na Igreja Católica. Ao longo da carreira, antes de ser papa, o argentino também estudou química e trabalhou como professor.
Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia de seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.
À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa número 266. Em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o novo líder – inclusive contra sua própria vontade, segundo ele mesmo admitiu.
Mas a carreira no catolicismo foi uma escolha própria do argentino. Formado em Ciências Químicas e professor de Literatura, o religioso, filho de imigrantes italianos, acabou se dedicando aos estudos eclesiásticos.
O perfil jovial e descontraído do religioso fez com que ele se tornasse uma opção popular entre os colegas cardeais e uma escolha ideal para a Igreja, que vivia um de seus momentos mais delicados.
Religioso argentino
Francisco nasceu em Buenos Aires, em 1936. Seus pais, ambos italianos, chegaram à Argentina em 1929, junto a uma leva de imigrantes europeus em busca de oportunidades de trabalho na América.
Arcebispo da capital argentina, ele era considerado um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores. O religioso era admirado por sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação.
O argentino também era reconhecido por seus dotes intelectuais, por ser considerado aberto ao diálogo e moderado, além de ter paixões pelo tango e pelo time de futebol San Lorenzo.
Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Depois, ingressou em um seminário no bairro de Villa Devoto.
Carreira antes de ser papa
Em março de 1958, Bergoglio entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas, fundada no século XVI.
Em 1963, o religioso estudou humanidades no Chile e voltou à Argentina no ano seguinte para ser professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé.
Entre 1967 e 1970, estudou teologia e acabou sendo ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969. Em menos de quatro anos, chegou a liderar a congregação jesuíta local, um cargo que exerceu de 1973 a 1979.
Foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel entre 1980 e 1986 e, depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba. Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires.
Em 1997, ele se tornou arcebispo titular de Buenos Aires. Em 2001, foi nomeado cardeal e primaz da Argentina pelo papa João Paulo II. Entre 2005 e 2011, ocupou a presidência da Conferência Episcopal do país durante dois períodos.
Como Jorge virou Francisco
Francisco foi eleito papa no dia 13 de março de 2013. Ele substituiu Bento XVI, que resolveu renunciar ao cargo ao alegar falta de ânimo e vigor para governar a Igreja Católica.
À época, a Igreja Católica passava por uma grave crise moral e de confiança, principalmente por causa dos escândalos de pedofilia envolvendo padres ao redor do mundo.
Francisco chegou com a missão de reverter a queda na popularidade da Igreja e conquistar novos fiéis, principalmente os mais jovens. Ele acabou sendo eleito papa no segundo dia de conclave por ser visto como um religioso de perfil jovial e descontraído.
Em seu primeiro encontro com a imprensa internacional, o papa disse que escolheu o nome “Francisco” por influência do cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes.
“Quando os votos chegaram aos dois terços, começaram a aplaudir, porque o papa tinha sido eleito. E ele [Dom Cláudio Hummes] me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’”, lembrou o pontífice, em 2013.
“Aquela palavra entrou na minha cabeça: os pobres. Pensei em Francisco de Assis. Depois pensei nas guerras, enquanto a apuração prosseguia. E Francisco é o homem da paz. E assim o nome saiu do meu coração: Francisco de Assis. Como eu queria uma Igreja pobre, para os pobres.”
Em latim, o lema do papado de Francisco foi “Miserando atque eligendo” — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”, em português.
Reformas na Igreja Católica
s reformas da Igreja Católica também foram outra marca de Francisco. Ele iniciou um processo de reformulação das estruturas da Cúria, que é o governo do Vaticano, com atenção especial para a parte econômica e financeira.
Francisco parecia impulsionado por uma missão urgente: incentivar uma Igreja, desertada por fiéis em alguns países, a acompanhar com misericórdia os católicos em situações irregulares.
“Podemos falar de uma revolução, nos passos do Concílio Vaticano II (1962-1965), que abriu a Igreja ao mundo moderno”, disse à AFP o especialista em Vaticano Marco Politi, em 2016.
Politi classifica Francisco como “um grande reformador” que tentou fazer “com que a Igreja abandonasse sua obsessão histórica em tabus sexuais”.
O argentino foi eleito, entre outros motivos, para continuar a reestruturação econômica da Santa Sé iniciada sob Bento XVI, com medidas como o fechamento de contas suspeitas no banco do Vaticano, por muito tempo acusado de lavagem de dinheiro.
“Em termos de doutrina, ele [papa Francisco] não mudou nada. Neste sentido, nunca fez parte dos progressistas”, afirmou Politi. Segundo o especialista, o papa não tinha a intenção de ordenar padres casados ou mulheres e se mostrou horrorizado com o aborto. Ele gostaria que seu trabalho reformista tivesse “continuidade”.
Posturas progressistas
O papa tinha um forte consenso entre os fiéis e, também, entre alguns agnósticos e não-crentes. Mas ele não agradava aos ultraconservadores, que tentavam desacreditá-lo. Como papa, Francisco enfrentou assuntos delicados para a igreja, como os direitos LGBTQIA+ e o sexismo.
Ele foi o primeiro papa a ter convidado um transexual ao Vaticano e se recusou a julgar os homossexuais. Para Francisco, a igreja era um “hospital de campanha, não um posto alfandegário”, que separa os bons e maus cristãos, disse o especialista Marco Politi.
Ele foi elogiado por avanços, como ao permitir bênçãos de padres a casais do mesmo sexo, mas acabou sendo alvo de polêmicas ao dizer que existia “bichice demais” nos seminários, em 2024. À época, Francisco pediu desculpas pelas afirmações.
O pontífice também ficou conhecido por colocar mulheres em cargos mais altos no Vaticano e permitir que elas votassem no Sínodo dos Bispos — a reunião em que bispos debatem e decidem questões ideológicas e regimentos internos.
Por outro lado, ele foi criticado por não adotar as medidas necessárias para autorizar sacerdotes do sexo feminino na igreja, que é uma reivindicação histórica de parte das mulheres católicas.
O papa defendia que apenas cristãos do sexo masculino poderiam ser ordenados para o sacerdócio, usando como base a premissa da Igreja Católica de que Jesus escolheu homens como apóstolos.
Francisco também fez vários discursos com forte teor político durante sermões. Ele não poupou críticas a líderes de países em guerra, como o russo Vladimir Putin e o israelense Benjamin Netanyahu. O papa também criticou a União Europeia e os Estados Unidos ao defender imigrantes e refugiados.
Saúde e morte
Francisco apresentou um quadro de bronquite no início de fevereiro. Nos dias seguintes, o papa começou a ter dificuldades para discursar durante audiências religiosas. Ele admitiu publicamente que estava com dificuldades respiratórias e chegou a pedir para um auxiliar fazer a leitura do sermão.
No dia 14 de fevereiro, o papa foi internado no hospital Agostino Gemelli para fazer exames e tratar a bronquite. Mesmo hospitalizado, ele continuou participando de algumas atividades religiosas. No domingo (16), ele pediu desculpas por faltar à oração semanal com fiéis na Praça de São Pedro.
Já na segunda-feira (17), o Vaticano informou que Francisco estava com uma infecção polimicrobiana — causada por um ou mais microrganismos, como bactérias, vírus ou fungos. O quadro de saúde do papa foi descrito como “complexo”.
No dia seguinte, em um novo boletim, o Vaticano anunciou que o pontífice estava com uma pneumonia bilateral. A infecção é mais grave do que uma pneumonia comum, já que pode prejudicar a respiração e a circulação de oxigênio pelo organismo de uma forma geral.
Francisco teve alta após cerca de 40 dias internado e estava sob cuidados médicos. O pontífice teve compromissos oficiais e chegou a realizar as celebrações de Páscoa, abençoando fiéis da sacada, antes de morrer nesta segunda-feira (21).
Argentino representou ponto de virada na Igreja, com postura mais progressista sobre tabus como direitos LGBTQIAP+
Foto: Vincenzo Pinto/ AFP
A eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como 266º Papa, após a renúncia de Bento XVI, representou um ponto de virada na Igreja Católica. Primeiro Pontífice latino-americano, assim como o primeiro a adotar o nome Francisco — em homenagem ao santo padroeiro dos pobres —, seus 12 anos à frente do Vaticano foram marcados por importantes reformas e uma maior conexão com os problemas globais. Francisco, afirmou o especialista em Vaticano Filipe Domingues, “retomou o projeto de uma Igreja que fala para o mundo”.
Com uma postura mais progressista que seus antecessores em temas até então considerados tabu no catolicismo, como direitos da população LGBTQIAP+, o Papa obteve enorme popularidade com seus discursos sobre justiça social e meio ambiente. Ao mesmo tempo, enfrentou a resistência de grupos conservadores no Vaticano, contrários ao movimento de descentralização do poder, tradicionalmente eurocêntrico.
Reformador
Francisco Borba, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP, afirma que Papas reformadores sofrem ataques por mexer na estrutura de setores da Igreja “acostumados em ter um lugar no poder”:
— Francisco enfrentou uma forte incompreensão pois falou sobre temas como a opção pelos pobres. Por isso, foi chamado de comunista, acusado de não seguir o Evangelho e atentar contra a dignidade eclesiástica — diz — O Papa foi acolhedor e misericordioso com os fiéis, mas muito rígido com seus auxiliares diretos. Teve dificuldades para encontrar figuras dispostas a reformar a Cúria. O combate à pedofilia, por exemplo, não foi marcado apenas por acertos. Quanto mais se investigava, mais casos foram encontrados, já que os escândalos foram encobertos por muitos anos.
Em junho de 2021, o Papa fez a revisão mais abrangente do Código de Direito Canônico em quatro décadas, incluindo um artigo que contempla regras contra a pedofilia, em especial crimes de abusos contra menores cometidos por padres. Segundo o texto, o clérigo que viola o mandamento contra o adultério “ou força alguém a cometer ou submeter-se a atos sexuais deve ser punido”, “não excluindo a demissão do estado clerical se o caso assim o justificar”. Também foram incluídos novos crimes, como aliciamento de menores ou adultos vulneráveis para abuso sexual e posse de pornografia infantil.
Borba considera que o Pontífice soube ao menos aumentar o “radar da Igreja”, que se tornou mais protetora com as minorias e os excluídos. O Papa discursou diversas vezes sobre o drama dos refugiados e visitou presídios em diversos países, do México e Chile à própria Itália.
Apesar de não ter alterado a doutrina católica, o Papa fez reformas que transformaram a estrutura do Vaticano em trabalho de descentralização da Igreja visto por Carlos Frederico Gurgel, professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis, como o maior desafio por ele enfrentado.
— Com João Paulo II, a centralização na Itália já diminuiu. Com Francisco, a Igreja buscou se deseuropeizar — diz Gurgel. — Há grupos conservadores que talvez até aceitassem a transferência do centro do poder, mas se fosse para a América do Norte — diz.
Para enfrentar a resistência interna, sobretudo de clérigos norte-americanos, Francisco passou a nomear cardeais da África, Ásia e América Latina como saída para recalibrar o poder no Vaticano, afirma Arnaldo Lemos, professor de Sociologia na PUC-Campinas e que foi padre.
— A Igreja tem uma estrutura quase medieval, não é democrática — pontua Lemos. — Se o Papa não descentralizar o poder, ela ficará cada vez mais engessada.
O Papa também adotou a convocação periódica de sínodos — reuniões entre lideranças eclesiásticas pelo mundo — e concedeu mais autonomia às conferências nacionais.
— A sinodalidade é um novo estilo da Igreja de tomar decisões. Pode ser muito bom, porque as pessoas vão participar mais, os leigos vão assumir mais posições, mas por outro lado corre-se o risco de haver um distanciamento das igrejas locais [do Vaticano] — diz Domingues.
Ouvir os fiéis
Outra medida participativa que desagradou a ala mais conservadora do clero foi a convocação pelo Papa, em 2021, do maior processo de consulta popular da História. Nele, mais de 1,3 bilhão de fiéis foram chamados a opinar sobre questões pertinentes ao futuro da Igreja, como ordenamento de mulheres, celibato, divórcio, uso de métodos contraceptivos e relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
— Estamos em um momento de declínio do cristianismo, um processo de secularização onde as coisas sagradas passam a ter menos importância — avalia Arnaldo Lemos, indicando como os temas em debate são cruciais para conter a perda de fiéis.
Apesar de ainda sensível para a Igreja, discutir o celibato, por exemplo, é, argumenta, central para a modernização da instituição.
— O celibato surgiu na Idade Média. A Igreja era proprietária de boa parte das terras na Europa e, com o casamento, teria de dividi-las. Hoje isso não faz mais sentido — diz Lemos.
No Sínodo da Amazônia, em 2019, bispos da região recomendaram a ordenação de homens casados para expandir a presença da Igreja na floresta e estancar a perda de fiéis. A proposta provocou forte reação dos conservadores, incluindo Bento XVI, e acabou rejeitada por Francisco.
Também discutiu-se a ordenação de mulheres para evitar a perda de fiéis indígenas para igrejas neopentecostais. Mas a proposta teve papel secundário nas discussões. “Na Amazônia, as mulheres — leigas e irmãs religiosas — dirigem comunidades eclesiais inteiras. Dizer que não são verdadeiramente líderes porque não são padres é clericanismo e falta de respeito” escreveu Francisco em seu “Vamos sonhar juntos”, lançado em 2020.
A beatificação é o passo anterior a se tornar santo
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Antes de falecer na madrugada desta segunda-feira (21), o Papa Francisco teria autorizado o decreto relativo à beatificação do sacerdote missionário italiano no Brasil, padre Nazareno Lanciotti, considerado mártir. Conhecido por denunciar diversos crimes, ele foi assassinado com um tiro no pescoço, no Mato Grosso, em 2021.
A beatificação é o passo anterior a se tornar santo. Para o Vaticano, o padre Nazareno “se dedicou aos mais pobres e se engajou na luta contra várias formas de injustiça e opressão, como os projetos dos mercantes da prostituição e do tráfico de drogas”.
Nascido em 3 de março de 1940, em Roma, Nazareno se tornou sacerdote em 1966 e, após exercer seu ministério em sua cidade natal, conheceu a Operação Mato Grosso, uma iniciativa de apoio a populações carentes no Brasil. Em 1971, ele chegou ao país, fixando-se na aldeia de Jauru, na fronteira com a Bolívia.
Durante os trinta anos em que permaneceu no Brasil, fundou a Paróquia Nossa Senhora do Pilar, criou 57 comunidades eclesiais rurais e estabeleceu a prática diária de adoração eucarística. Além disso, fundou um dispensário que se tornou um dos hospitais mais importantes da região e construiu a Casa de Repouso “Coração Imaculado de Maria” para idosos.
Engajado também na luta contra as injustiças sociais, como o tráfico de drogas e a prostituição, Padre Nazareno foi nomeado, em 1987, diretor nacional do Movimento Sacerdotal Mariano no Brasil, promovendo encontros de oração e espiritualidade por todo o país. Sua dedicação aos mais pobres e sua luta contra a opressão eram marcas indeléveis de seu trabalho pastoral.
Em 11 de fevereiro de 2001, enquanto jantava com colaboradores em sua casa, padre Nazareno foi atacado por dois criminosos encapuzados. Ele morreu onze dias depois, em 22 de fevereiro, aos 61 anos.
O anúncio foi feito pelo Camerlengo da Casa Santa Marta
Morre o Papa Francisco. O anúncio foi dado, com pesar, poucos instantes atrás diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminêcia, o cardeal Farrell, com as seguintes palavras:
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã [2h35, pelo horário de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
Ainda ontem, domingo (20), o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, sua última para a Igreja e o mundo.
As primeiras repercussões
Logo após o anúncio, no dia em que a Igreja celebra a Segunda-feira do Anjo, as mensagens de condolências de um mundo inteiro começaram a chegar no Vaticano. Uma das primeiras foi da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que escreveu através da rede social X, antigo Twitter:
“Hoje o mundo chora o falecimento de Papa Francisco. Inspirou milhões de pessoas, muito além da Igreja Católica, com a sua humildade e o seu puro amor pelos menos afortunados. Os meus pensamentos estão com todos aqueles que sofrem essa profunda perda. Que possam encontrar conforto na ideia de que o legado do Papa Francisco continuará a nos guiar todos em direção a um mundo mais justo, pacífico e compassivo.”
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, também já se declarou sobre a morte do Papa Francisco: “recebi com grande tristeza pessoal a notícia da morte do Papa Francisco, sentindo o grave vazio que se cria com a perda do ponto de referência que para mim sempre representou”. O falecimento do Pontífice, continuou o Chefe de Estado, “suscita dor e comoção entre os italianos e em todo o mundo. O seu ensinamento recordou a mensagem evangélica, a solidariedade entre as pessoas, o dever de proximidade com os mais frágeis, a cooperação internacional, a paz na humanidade”. “A gratidão para com ele”, concluiu Mattarella, “deve ser traduzida com a responsabilidade de trabalhar, como ele fez constantemente, para esses objetivos”.
Da Espanha, a mensagem de pesar do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que elogiou o “profundo legado” deixado pelo papa Francisco por seu compromisso com a paz e a justiça social: “lamento o falecimento do Papa Francisco. Seu compromisso com a paz, a justiça social e os mais vulneráveis deixa um legado profundo. Descanse em paz”, escreveu o chefe do governo espanhol nas redes sociais após a morte do Pontífice.
Segue, ainda, declaração dos bispos belgas, expressando pesar e gratidão pelo serviço do Papa Francisco:
“Com grande tristeza”, os bispos da Bélgica receberam a notícia da morte do Papa Francisco, que liderou a Igreja Católica como bispo de Roma desde 2013. Em uma declaração divulgada hoje, os bispos expressaram “profunda gratidão por seu ministério” e relembraram um pontificado “marcado pela simplicidade, proximidade com os pobres e um forte apelo à misericórdia e à justiça social”. Suas encíclicas – em particular Laudato si’ (2015) e Fratelli tutti (2020) – “permanecem pontos de referência para o mundo e a sociedade”, escrevem os bispos, que também enfatizam “o forte impulso pastoral dado à construção de uma Igreja mais sinodal e inclusiva”. Os bispos belgas recordam com gratidão a visita do Papa em setembro de 2024, durante a qual ele ofereceu três palavras-chave para a Igreja na Bélgica: “evangelização, alegria e misericórdia”. Por fim, o convite a todos os fiéis do país: “Rezemos para que o Senhor acolha seu servo Francisco na casa do Pai”.
Na véspera do falecimento, encontrou-se com o vice-presidente dos EUA
Ontem, domingo (20), além de ter aparecido na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, o Papa Francisco chegou a recebeu o vice-presidente dos EUA, James David Vance, conhecido pelas suas iniciais JD Vance, a quem presenteou com uma gravata com o brasão do Vaticano, um terço e ovos de Páscoa para cada um dos filhos de Vance. “É um prazer vê-lo em melhor estado de saúde”, disse JD Vance ao papa argentino, em vídeo divulgado pelo Vaticano. “Obrigado por me receber. Rezo pelo senhor todos os dias. Que Deus o abençoe”. O encontro ocorreu ocorreu dois meses após críticas do pontífice à política migratória do governo Donald Trump.