Faz pouco mais de um mês que a balconista Leandra Ludmila Leme, de 20 anos, se tornou mais uma vítima da Covid-19. A jovem morreu no dia 25 de agosto, após contrair a variante delta do novo coronavírus em Sorocaba (SP). Desde então, o pai dela, Eleandro Leme, passou a viver uma vida “pela metade”.
O motoboy, de 58 anos, conta que Leandra começou a apresentar os sinais da doença no dia 19 de agosto. Os primeiros sintomas relatados foram febre, dor de cabeça, garganta inflamada e dor nos olhos.
Três dias depois, a jovem aproveitou uma folga no novo trabalho para ir à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da zona leste, onde foi medicada e, em seguida, liberada. Na ocasião, ela fez o teste de Covid-19 e foi informada de que o resultado sairia em sete dias.
Já em casa, por indicação do médico, Leandra tomou azitromicina, uma medicação usada para tratar diversas infecções, principalmente nos pulmões e vias respiratórias, mas que, durante a pandemia, mesmo sem ter eficácia comprovada, ficou conhecida como alternativa para tratar a Covid-19.
Na madrugada do dia 23 de agosto, no entanto, a situação piorou e a jovem começou a apresentar outros sintomas, como diarreia e vômito.
“Ela me mandou mensagem dizendo que estava piorando, que levaria o atestado até o trabalho e ficaria me esperando lá para retornar à UPH. No local, ela foi atendida pelo mesmo médico. Foi colocada no soro e fez um teste de dengue”, relata Eleandro.
Segundo o pai, o médico não descartou a possibilidade de Leandra ter contraído as duas doenças ao mesmo tempo, mas, como tanto o exame de Covid quanto o de dengue demorariam para ficar prontos, deu alta à jovem e recomendou que ela se alimentasse bem, pois estava muito fraca.
Evolução rápida
No mesmo dia, a balconista, que morava com uma amiga, decidiu ir até a casa da irmã, onde os sintomas foram ficando cada vez piores.
“A irmã disse que ela estava muito inchada, com os pés e as mãos muito gelados e com muita dor no pescoço. Todas as movimentações eram feitas com Leandra no colo. A irmã a forçou mais de uma vez a comer, mas até água ela vomitava”, conta o pai.
No dia 24, Leandra foi levada pela irmã à UPH de George Oetterer, em Iperó (SP), onde foi medicada através de soro na veia e fez um exame de raio-x. A esta altura, a jovem já estava sem os movimentos das pernas, mas, diante dos resultados normais dos exames, acabou sendo liberada na madrugada do dia 25.
“Ela retornou à casa da irmã e continuou piorando. Por volta das 10h, passou muito mal e foi encaminhada novamente à UPH de Iperó. Deu entrada com parada cardiorrespiratória e acabou morrendo no local”, completa Eleandro.
Morte suspeita
Assim que foi constatado o óbito da filha, Eleandro precisou ir até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência por morte suspeita. Até então, a informação que a família tinha era a de que os testes de dengue e Covid-19 haviam dado negativo.
Porém, no dia seguinte à morte, a Vigilância Epidemiológica de Iperó entrou em contato com o motoboy para avisar que, na verdade, o resultado do teste de Covid de Leandra havia sido positivo. Por conta disso, a família foi proibida de fazer velório e o corpo da jovem foi enterrado direto em Sorocaba.
Como tiveram contato com ela, Eleandro e a irmã também fizeram os exames, mas testaram negativo para o coronavírus e nenhum deles apresentou sintomas da doença.
Segundo a prefeitura, Sorocaba registrou 131 casos da variante delta até terça-feira (28), com apenas um óbito. Todos os infectados já saíram da fase de transmissibilidade.
Fonte: G1SP