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Reino Unido sai da União Europeia e provoca furacão político

Num dia em que estiveram no centro das atenções mundiais a União Europeia e o Reino Unido foi a ideia de desunião que acabou ditando os rumos da história.

Um furacão político varreu o Reino Unido durante a madrugada. Nunca antes tantos britânicos tinham ido às urnas no mesmo dia. Dos 33,5 milhões que votaram, 48% escolheram manter o casamento com os europeus.

Mas quase 52% decidiram caminhar com as próprias pernas. Um divórcio que atinge, em cheio, meio bilhão de moradores na União Europeia.

Além dos três milhões de cidadãos europeus que vivem em Londres, muitos desses são brasileiros com dupla nacionalidade, como Gustavo.

“Eu conheço brasileiros que tiraram a cidadania britânica e eu sempre pensei, não serve pra nada porque já tenho a italiana. Agora serviria”, disse Gustavo Buriola, administrador de sistemas.

Renato tem o passaporte britânico. Mesmo assim, está preocupado.

“Eu sou comerciante aqui na Inglaterra. A maioria do pessoal que trabalha pra mim tem passaporte europeu. Acho que eles vão ter que ter visto pra ficar e isso custa trabalho, custa tempo, custa estresse”, afirmou Renato Paziam, dono de restaurante.

O primeiro-ministro, David Cameron, garantiu nesta sexta-feira (24) que, por enquanto, nada muda. Britânicos na Europa e europeus no Reino Unido podem continuar vivendo normalmente, sem exigência de visto.

Essa é a prioridade do governo britânico agora: acalmar o mundo. O prefeito de Londres, Sadiq Kahn, não perdeu tempo. Mandou uma mensagem clara aos europeus que moram na capital: “Vocês são bem-vindos aqui e eu só tenho a agradecer a valiosa contribuição de quem trabalha duro, paga imposto e enriquece a vida cultural da cidade”.

Palavras bonitas, mas insuficientes para curar a mágoa de quem se sentiu traído pelo voto da maioria dos britânicos.

Mas coisa pior ainda pode acontecer como a desfiguração completa do Reino Unido, que é formado por quatro nações: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

As duas últimas votaram pela permanência na União Europeia. Por isso, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, anunciou que deve convocar um novo plebiscito para sair do reino e voltar a fazer parte do bloco europeu.

A Irlanda do Norte, que ainda tem feridas abertas com a Inglaterra, pode seguir o mesmo caminho.

“Adeus, Reino Unido”, escreveu a autora britânica J.K. Rowling, dos livros Harry Potter.

Com tantas incertezas, perdas financeiras eram esperadas. Mas o golpe foi além. A Bolsa de Londres, uma das maiores do mundo, despencou.

A libra, moeda local, atingiu o nível mais baixo dos últimos 30 anos. E não melhorou nem com o anúncio do Banco da Inglaterra, de que tem liquidez para garantir o funcionamento das instituições financeiras.

A agência Standard and Poors indicou que pode reduzir a nota de classificação de risco do Reino Unido. O país hoje tem o maior grau de investimento: triplo A. Mas a agência avaliou que é insustentável manter essa nota.

Fonte: Jornal Nacional