Olímpio Souza Barros nasceu no tempo em que a extinta PRA-8 Rádio Clube de Pernambuco, a pioneira, era a mais importante (e quase única) emissora do Norte e Nordeste do Brasil. Só depois o Sertão passou a contar com os prefixos da Rádio Pajeu, de Afogados da Ingazeira, e da Emissora Rural, a Voz do São Francisco, que fez escola na região, a partir de Petrolina.
Salgueiro, que conta quatro com quatro emissoras, nem sonhava possuir uma rádio, embora tivesse um prefixo do sistema Jornal de Commercio de Comunicação pertencente ao ex-senador Francisco Pessoa de Queiros. O empresário era amigo do comerciante e industrial salgueirense Veremundo Soares e simplesmente esqueceu ou não teve interesse em implantar uma rádio em nosso município. dando preferência a Pesqueira, Limoeiro, Garanhuns, Petrolina e Recife, que hoje integram o sistema JCPM de comunicação, incluindo a TV Jornal e o Jornal do Commercio.
Indiferente a tudo isso, o radiotécnico Olímpio de Nanô (ele era tratado assim por parentes e amigos mais próximos), que nos deixou recentemente, com 88 anos bem vividos, montou por conta própria uma oficina em sua casa para consertar rádio e se transformou em um “faz tudo” na técnica de radiodifusão, como autodidata de sucesso incomparável.
Ainda muito jovem e com a calma que Deus lhe, o menino que foi escoteiro, colocou em funcionamento sua invejável inteligência voltada para a eletrônica. Começou a criar e inventar projetos, como serviço de autofalantes, propaganda fixa e volante em carro de som, nascendo ai a Miramar Publicidade.
Ele evoluiu tanto na atividade que deixou de ser um simples radiotécnico, para se tornar um profissional com elevado grau de conhecimento na profissão que escolheu ao ponto de montar um transmissor de rádio com freqüência AM, cuja potência atingia um raio de mais de 100 quilômetros. Era o sonho de Olímpio que recebeu o nome de Miramar.
Tive a satisfação – e a coragem inocente de “cuspir” (como costumo falar na brincadeira) no microfone da Rádio Miramar, onde fazia um programa da Jovem Guarda. Mas, como estávamos em uma situação de “ilegalidade”, em plena ditadura, fui eu ao Recife buscar informação e orientação junto ao extinto Dentel para legalizar a rádio que já estava sendo sintonizada até em Serra Talhada.
Na minha volta para Salgueiro contei a Olímpio que não tínhamos como continuar com a rádio no ar, pois precisávamos “preencher” uma série de requisitos, um dos quais aguardar que um dia o governo abrisse um edital (concorrência) para implantarmos uma emissora de rádio.
A nossa saudosa Rádio Miramar teve que sair do ar, mas seu nome continua lembrado na empresa mantenedora da Talismã FM, de propriedade de Ailton, filho de Olímpio.
Só que a primeira rádio a funcionar legalmente em Salgueiro foi a Asa Branca AM, uma conquista liderada por meu amigo Mansueto de Lavor, nascido na fazenda Urubu, em Serrita. O projeto foi apoiado por Luiz Gonzaga, Rei do Baião (dai o nome Asa Branca), e os empresários José Tavares de Sá (Sazinho), Antonio José de Souza (Antonio Dedé) e a Igreja Católica.
Então, Olímpio nasceu para a comunicação e deixou um legado importante, como marco de sua inteligência e devoção à comunicação social. Ele não era apenas um radiotécnico, um publicitário; foi um grande inventor e criador.
Por Machado Freire
Grande Olímpio, Deus esteja contigo.