Nove anos depois e somente 50% da Transnordestina concluída

No dia 6 de junho de 2006, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva desembarcava na cidade de Missão Velha, no Ceará, para anunciar o início da construção da Transnordestina. Nove anos após, a solenidade que reuniu políticos e animou empresários dos estados diretamente beneficiados pela ferrovia, Piauí e Pernambuco – além do cearense – o empreendimento atingiu apenas 50% de conclusão. Promessa de conectar a Região do Cariri ao município de Eliseu Martins (PI) e aos portos de Pecém (CE) e Suape, a malha, hoje, não liga nada a lugar nenhum.

Os 1.753 quilômetros (km) de ferrovia, que cortará 83 cidades nordestinas, deveriam ser entregues em 2010, ao custo de R$ 4,5 bilhões. Segundo o Governo Federal, a obra enfrentou dificuldades para avançar devido aos problemas com desapropriações. O atraso obrigou o Planalto a aumentar a concessão da malha à Transnordestina Logística S.A. (TLSA) em 30 anos, ou seja, a subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) poderá explorar até 2057.

O reajuste no cronograma, em 2013, provocou a remobilização dos canteiros, mesmo assim, o calendário do projeto incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi sendo esticado. Com o novo contrato assinado, em janeiro de 2014, já se falou na conclusão da Ferrovia Nova Transnordestina em setembro de 2014, junho de 2016, depois setembro de 2016, e mais recentemente diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) revelaram o início da operação para 2018.

Se o ritmo das obras foi diminuindo gradativamente, os custos aumentaram. Atualmente, o empreendimento deve custar aos cofres públicos R$ 7,5 bilhões, mas já se fala em uma nova correção e a cifra deve subir para R$ 9 bilhões. Para o consultor em logística e diretor do Centro de Ensino Grau Técnico, Carlos Gomes, o anúncio da Transnordestina atraiu muitos investimentos para o Nordeste, sobretudo, para Pernambuco. “Os empresários aguardam ansiosos pela ferrovia que vai ligar portos importantes. Ela é imprescindível para a economia da Região e do Brasil, mas infelizmente parece que só teremos ela daqui a mais nove anos”, lamentou Gomes.

Segundo a assessoria de Imprensa da TLSA, as obras da ferrovia Transnordestina seguem em ritmo acelerado, com 5,5 mil trabalhadores e 1,7 mil equipamentos de grande porte. Além dos 50% das obras totais concluídas há 538 km de grade montada (superestrutura – trilhos, dormentes e brita). No mês passado, o diretor da CSN, Ciro Gomes, garantiu que o ritmo nos canteiros dobrará nos próximos meses. Atualmente, a evolução das obras segue em 1% ao mês.

Fonte: Folha de PE