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“Não tínhamos problema na turbina do avião que caiu”, diz diretor da Noar

16622525080002501880000Um acidente aéreo envolvendo aeronave de pequeno porte, fabricada na longínqua República Tcheca e que requer procedimentos especiais de manutenção tende a levantar suspeitas quanto à confiabilidade do equipamento. Nesta quinta-feira (14), em entrevista exclusiva à TV Globo, os dirigentes da empresa aérea Noar abriram as portas do bimotor LET-410 – igual ao avião que caiu na última quarta (13) – e mostraram os documentos de revisão, detalhando todos os procedimentos feitos para garantir a segurança do voo.

A última manutenção no avião que caiu foi feita no fim de semana passado – a data de registro é 10 de julho de 2011. Depois da revisão, o avião voou 17 horas e 4 minutos. “Após o serviço, o motor e a aeronave estavam prontos para voar novamente”, assegura Giovanne Farias, diretor de Assuntos Comerciais e Corporativos da Noar Linhas Aéreas (foto 7). Nas fiscalizações frequentes, mas sem periodicidade definida, que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) faz em empresas aéreas, ela observa a execução e a documentação da manutenção – livros de registro que as operadoras são obrigadas a manter para cada aeronave e para cada motor. No caso do LET-410 que caiu, há três livros: um para cada turbina e um terceiro para a aeronave.

No aeroporto, os voos da companhia foram cancelados por iniciativa da própria empresa – é que com a queda do avião, apenas uma aeronave ficou disponível para fazer viagens. Cada avião fazia de quatro a cinco voos por dia – cerca de 270 por mês, quantidade que fica dentro da média regulamentar. O trajeto mais longo era de 55 minutos – para Mossoró, no Rio Grande do Norte. Desde que foi criada, há um ano, a empresa transportou 47.756 passageiros.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) iniciou um processo de investigação para apurar as causas do acidente. “Não cabe a nós fazer investigação, nós acompanharemos e ajudaremos no que for preciso”, diz Farias. Segundo o diretor, a prioridade da empresa agora é dar suporte às famílias das vítimas. “A segunda prioridade é descobrir o motivo do acidente. Ainda é um processo muito precoce para dizer se houve perda da turbina”, declara.

Para Giovanne Farias, até que se prove o contrário, a aeronave ainda é confiável. Ele explica que a própria companhia faz manutenções periódicas para acompanhar o nível de desgaste das peças e, quando há necessidade, a equipe da General Eletric (GE) da República Tcheca vai ao cliente para substituir peças ou fazer reparos. Existe, inclusive, uma manutenção mais completa chamada “overall”, onde a turbina é levada para a GE e uma outra é trazida para operar durante a ausência da original. A última revisão feita na aeronave acidentada apontou a necessidade de intervenção e troca de peças. “Para isso, solicitamos a presença de técnicos da GE da República Tcheca para acompanhar, executar e gerenciar o processo junto com nossa equipe, do início até o fim”, relata.

Para a Noar, o fato de o fabricante estar em um país distante não põe em risco a segurança dos passageiros. “O que acontece é uma dificuldade logística quando você tem o fornecedor em outro continente, mas esse não é um fator preponderante para a gente falar em não conseguir realizar manutenção ou chegar a um desastre aéreo”, afirma. A decisão por esse modelo, segundo ele, se baseou em pilares como segurança, viabilidade econômica do equipamento e confiabilidade.

Fonte: pe360graus.com