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MP pede prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio

O Ministério Público Federal pediu a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, do PMDB, e de mais dois deputados estaduais do partido, que são suspeitos de receber propina no esquema de corrupção do setor de transportes.

Os deputados foram obrigados a prestar depoimento nessa terça-feira (14), em mais uma etapa da Lava Jato no Rio. Um filho de Jorge Picciani, Felipe, e dois dos maiores empresários de ônibus do Rio foram presos.

Jorge Picciani chegou ao Rio na manhã desta terça-feira em um voo que saiu de Uberlândia. Em vez de assessores, policiais federais esperavam o presidente da Assembleia Legislativa. Um dos deputados mais influentes do estado foi obrigado a acompanhar a polícia para ser interrogado.

Além da influência na política, Jorge Picciani construiu com os filhos um império na pecuária. Mas o Ministério Público Federal suspeita que foi às custas de dinheiro público. Jorge Picciani é pai do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e do deputado estadual Rafael Picciani. Todos do PMDB. A família é dona de fazendas e se dedica à criação de gado e à venda de material genético de bovinos.

Os procuradores investigam se as empresas da família foram usadas para lavar dinheiro de propina. Por isso, o outro filho do deputado, que não seguiu a carreira política e está à frente dos negócios, foi preso nessa terça-feira (14) em Uberlândia e levado para o Rio no fim da tarde.

“Identificamos que essa organização criminosa é a mesma da qual fez parte o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. É a mesma da qual fez parte conselheiros do Tribunal de Contas que estão sendo investigados no Superior Tribunal de Justiça”, disse o procurador da República Carlos Alberto Gomes de Aguiar.

Um dos delatores contou que os maiores pagamentos de propina para Jorge Picciani foram feitos pela Fetranspor, a Federação das Empresas de Ônibus do Rio, e começaram na década de 1990. A investigação mostrou que os empresários pagavam para que deputados defendessem os seus interesses.

O Ministério Público diz que só nos últimos sete anos o presidente da Assembleia recebeu R$ 76 milhões da caixinha dos empresários e que outros dois deputados do PMDB, levados para depor nesta terça, também receberam fortunas: Paulo Melo, R$ 54 milhões, a maior parte quando foi presidente da Alerj; e Edson Albertassi, R$ 3,7 milhões.

A polícia também prendeu dois dos maiores empresários de ônibus do Rio: Jacob Barata Filho e Lelis Teixeira. Eles já são réus na Lava Jato e estavam em casa beneficiados por um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes.

O Ministério Público Federal também pediu a prisão dos deputados suspeitos de receberem propina. Como eles têm foro, o processo está na segunda instância da Justiça Federal do Rio. O desembargador Abel Gomes, responsável pela Lava Jato no Tribunal Regional, preferiu que essa decisão seja tomada por um colegiado de desembargadores.

Fonte: Jornal Nacional