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Mesmo com aumento de tarifa, Metrô do Recife corre risco de parar no 2º semestre, diz CBTU

O Metrô do Recife corre o risco de ter a operação paralisada, no segundo semestre de 2019, se não obtiver reforço no orçamento destinado ao sistema ferroviário. A informação foi divulgada pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), nesta segunda (29), uma semana após a Justiça autorizar aumento de 150% na tarifa do sistema, que sobe de R$ 1,60 para R$ 4, de forma gradual, até 2020.

De acordo com o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da CBTU, Pedro Cunto, durante coletiva de imprensa no Recife, os custos de operação da companhia na capital pernambucana são de R$ 541 milhões. Ele diz que esse valor é superior ao que é arrecadado na cidade.

“Nosso faturamento, com a tarifa atual e a regra de integração vigente hoje, está em torno de R$ 60 ou R$ 70 milhões, um déficit de R$ 480 milhões que precisamos pedir ao governo federal. Isso vem fazendo com que, nos últimos cinco anos, nossa operação esteja piorando. A gente está com trens parados, porque não tem recursos para manutenção, e com a operação em risco a partir do segundo semestre”, afirma.

Segundo Pedro Cunto, o valor arrecadado com as passagens é inferior ao que o governo federal precisa repassar como aporte para a operação do sistema de trens. O desafio, de acordo com ele, é equilibrar o custo de operação entre o poder público e os passageiros.

“Estamos tentando aumentar essa receita elevando a tarifa para R$ 4. Esse é o primeiro passo, mas isso só vai chegar, no ano que vem, a uma receita em torno de R$ 130 ou R$ 140 milhões. Falta, no Recife, um segundo passo, que é a repactuação da integração tarifária, que é completamente diferente do que é vigente no resto do país. Hoje, pelos terminais integrados, quem entra pelos ônibus não paga nada à CBTU. Isso gira em torno de 54% a 56% dos passageiros do metrô”, diz.

O superintendente da CBTU Recife, Leonardo Villar Beltrão, afirma que, dos 40 trens que a companhia tem no sistema ferroviário da capital, 13 estão sem funcionar. Ele diz que espera, com o reajuste, ter maior força de barganha com o governo para receber mais recursos do poder público com o objetivo de continuar a operação do sistema ferroviário.

“Hoje, com o orçamento destinado ao metrô, não temos condições de operar até o fim do ano. Se não houver um reforço, teremos que paralisar em junho ou julho. Precisamos da sensibilidade do governo sobre a importância do que é o metrô para 400 mil passageiros no Recife. A liberação da tarifa vai nos facilitar bastante porque mostramos que o usuário está dando sua contribuição. Assim, temos maior força para buscar o reforço no orçamento pelo governo”, declara Leonardo.

Uma dívida do governo do estado, referente ao transporte dos passageiros que entram no metrô pelos ônibus, foi judicializada, segundo Pedro Cunto.

“Há aproximadamente dois anos, a gente vem tendo paralisações no pagamento. Hoje, estamos com um processo na Justiça cobrando do Grande Recife Consórcio [de Transporte] esses valores, que já passam de R$ 100 milhões”, diz.

O G1 entrou em contato com o Grande Recife Consórcio de Transporte para repercutir o caso e aguarda resposta.

Fonte: G1PE