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Líderes do PCC têm de ser isolados, diz delegado-geral do futuro governo Doria

Os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) têm de ficar isolados dos outros presos no sistema penitenciário de São Paulo. Esta é uma das medidas defendidas pelo futuro delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, anunciado nessa sexta-feira, 30, pelo governador eleito João Doria (PSDB), para combater o crime organizado. 

Chefe do Departamento de Narcóticos (Denarc), Fontes foi um dos primeiros delegados a investigar o PCC e é considerado um especialista na facção. Para ele, o atual regime prisional de lideranças criminosas em São Paulo seria “inadequado”. “Não podem ficar misturados com presos comuns no cárcere”, afirmou ao Estado. “Aqueles que lideram e que exercem influência nos demais membros que estão presos têm de ficar em um regime especial, como em outros países.”

Atualmente, a gestão do governador Márcio França (PSB) tem resistido à pressão do Ministério Público que quer a transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, maior chefe do PCC, para um presídio federal. O entendimento é de que seria mais fácil controlar os presos e evitar uma possível reação enquanto estiverem no sistema estadual.

Nessa sexta, o governador eleito, João Doria (PSDB), afirmou que seria “implacável” no combate à facção, mas evitou informar se vai transferir os líderes. “Cabe ao governo atual qualquer decisão até 31 de dezembro”, disse. “Não temos nenhum temor das ações duras que passaremos a exercer em relação às facções, especialmente o PCC.”

Doria prometeu, ainda, maior articulação com o governo Jair Bolsonaro (PSL) e com a Polícia Federal. Segundo afirma, o objetivo seria combater as facções “em todos os âmbitos”. “Do menor traficante, que vai ter o mesmo tratamento de bandido, ao maior traficante.”

“O RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) é só no momento que você constata a prática da infração (no presídio) e é por tempo determinado”, afirmou o futuro delegado-geral. “O tempo (de isolamento) tem de ser o suficiente para que eles entendam que só vão participar da sociedade quando tiverem condição.”

Questionado se medidas mais duras poderiam provocar reação do PCC, Fontes não demonstrou preocupação. “Eventual retaliação tem de ser debelada pelo Estado. Isso vai acontecer. Se a polícia precisar lidar com o assunto, vai lidar bem.”

Fonte: Estadão