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Guerra na Síria pode causar desintegração regional, alertam especialistas

A guerra na Síria, que se prolonga por quatro anos e resultou no maior êxodo de refugiados desde a 2ª guerra mundial, poderá extrapolar as fronteiras do país e levar à desintegração territorial da região. A recente entrada das Forças Armadas da Rússia no conflito, em apoio ao presidente da Síria, Bashar Al Assad, é mais um fator agravante da situação. Do lado oposto, estão os Estados Unidos e outros países que apoiam os rebeldes sírios. O inimigo comum, no momento, é o Estado Islâmico, que trava uma guerra feroz contra ambos os lados, na tentativa de construir seu próprio país, e contribui para desequilibrar o jogo de forças regionais. A avaliação é de especialistas em política internacional ouvidos pela Agência Brasil.

O cientista político Heni Ozi Cukier, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing, explica que a Síria é palco de grande disputa geopolítica de algumas forças, como sunitas e xiitas. E o Oriente Médio está passando por um processo de transformação destrutiva e desintegrativa, acrescenta. “As bases dos alicerces estão ruindo; a região passa por um redesenho das fronteiras, o que implica enfraquecimento da autoridade central.”

“Com isso, temos uma realidade anárquica, que pode ser muito pior do que uma ordem ditatorial. Esse fenômeno leva ao nascimento do Estado Islâmico, que é produto da guerra regional, de divisões étnicas e do enfraquecimento do Estado. Os impactos disso já estão chegando a outros continentes, como é o caso dos refugiados”, ressalta Cukier.

De acordo com o professor, além do processo de desintegração, a região do conflito vai enfrentar mais instabilidade e terá maior probabilidade de guerra com outros países envolvidos. “A situação é tão grave que facilita a participação de outros países de fora da região. A Síria e o Oriente Médio acabam se tornando o centro de gravidade do mundo e tornam-se uma oportunidade para outros países alcançarem objetivos estratégicos, como a Rússia.”

Cukier diz não imaginar que a Rússia entre em confronto direto com os Estados Unidos, mas considera possível que o conflito na Síria vire uma guerra regional muito maior, cruzando as fronteiras do país, e com participação mais ativa desses países. “O redesenho de fronteiras já acontece de fato. É um processo de cantonização, estados se fragmentando, fronteiras mudando, ficando pequenos cantões.”

Fonte: Agência Brasil