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Em tom de autoajuda, Barroso clama por respeito às instituições

“Não importa o que esteja acontecendo, faça o melhor que você puder”. Foi assim que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso terminou uma palestra de cerca de uma hora a investidores em evento promovido pela XP Investimentos, em São Paulo, nesta sexta-feira (21).

Em tom de autoajuda, Barroso afirmou que o momento atual, diante das incertezas eleitorais, é “aflitivo” e “angustiante”, mas que as pessoas não poderiam se hipnotizar pela “fotografia sombria” que se apresenta. “O filme de 30 anos de democracia nos dá motivos para celebrar”, afirmou, citando conquistas recentes, inclusive para minorias como afrodescendentes e a comunidade LGBT.

Em um dos momentos mais descontraídos da exposição, o ministro confidenciou que é convidado a paradas do orgulho gay, por ter votado a favor da união estável homoafetiva, e também à marcha da legalização da maconha, por ter sido favorável à descriminalização.”Recentemente uma militante das uniões poliafetivas veio dizer que, dado meu histórico, contava com meu apoio. Em uma democracia, não há tema tabu, que não possa ser discutido, mas imaginem para que tipos de evento eu não passaria a ser convidado?”, questionou, arrancando risos da plateia e até uma manifestação de “Que horror!”, de uma espectadora.

Barraso falou em um palco compartilhado com o dono da Cacau Show, Alexandre Tadeu, o velejador Amyr Klink e o investidor Romero Rodrigues. Os presentes usavam fones com quatro canais de áudio, e, não raro, a plateia que acompanhava a palestra de Klink dava gargalhadas que se sobrepunham à fala do ministro.

Em sua exposição, Barroso defendeu uma reforma política (incluindo voto distrital e menos partidos) e reformas econômicas (da Previdência e tributária). Também frisou a importância do respeito ao resultado das eleições majoritárias (“quem ganhar leva”). “Por fim, o vencedor deve governar respeitando as regras do jogo e os direitos fundamentais”, apelou, reforçando os papéis do STF e da Constituição.

No começo da exposição, Barroso lembrou três capas da revista britânica The Economist, em que o Brasil era o foco: com o Cristo Redentor decolando, em 2009, com o mesmo Cristo caindo, em 2013; em uma com a ex-presidente Dilma Rousseff e o título “Time to go”, em 2016, às vésperas do impeachment. Na saída do evento, questionado por ÉPOCA sobre a última capa do veículo, com Jair Bolsonaro e o título “A última ameaça na América Latina”, Barroso foi enfático: “Tenho minha opinião, mas não posso revelar”.

Fonte: ÉPOCA