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Em carta, Lula diz que Moro “saiu do armário” ao aceitar convite para ministério

Em sua primeira manifestação pública após as eleições presidenciais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou o ex-juiz Sérgio Moro e sua relação com o presidente Jair Bolsonaro. Preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, Lula enviou uma carta que foi lida na reunião da Direção Nacional do PT, que aconteceu nessa sexta-feira, 30, em Brasília. No documento, o ex-presidente petista diz que Sérgio Moro “saiu do armário”.

“Se alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político de Sergio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial. Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza”, disse.

Lula também afirmou que, com Sérgio Moro no Ministério da Justiça, a “perseguição ao PT” vai continuar. “Eu não tenho dúvida de que a máquina do Ministério da Justiça vai aprofundar a perseguição ao PT e aos movimentos sociais, valendo-se dos métodos arbitrários e ilegais da Lava Jato. Até porque Jair Bolsonaro tem um único propósito em mente, que é continuar atacando o PT. Ele não desceu do palanque e não pretende descer. Temos de nos preparar para novos ataques, que já começaram, como vimos nas novas ações, operações e denúncias arranjadas que vieram neste primeiro mês depois das eleições”.

Em outra passagem da carta, o ex-presidente também acusou Moro e a Lava Jato de premiar os “corruptos” da Petrobras. “Sergio Moro e a Lava Jato premiaram os corruptos e corruptores da Petrobras. A maioria está solta ou em prisão domiciliar, gozando as fortunas que roubaram”, complementou.

Em seguida, no documento, Lula analisa a eleição de Bolsonaro. Segundo o petista, o presidente eleito chegou ao Palácio do Planalto com a ajuda do “Departamento de Estado norte-americano e pelo governo Trump”, além de ter sido apoiado “pelo que há de mais atrasado no Congresso Nacional”.

“Jair Bolsonaro se apresentou ao país como um candidato antissistema, mas na verdade ele é o pior representante desse sistema. Foi apoiado pelos banqueiros, pelos donos da fortuna; foi protegido pela Rede Globo e pela mídia, foi patrocinado pelos latifundiários, foi bancado pelo Departamento de Estado norte-americano e pelo governo Trump, foi apoiado pelo que há de mais atrasado no Congresso Nacional, foi favorecido pelo que há de mais reacionário no sistema judicial e no Ministério Público, foi o verdadeiro candidato do governo Temer”, disse em texto.

Ainda assim, o ex-presidente usou a questão do que Bolsonaro representa para fazer uma autocrítica em relação ao próprio PT. Disse que o partido que ajudou a fundar precisa “voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases”, em referência direta ao rapper Mano Brown, que criticou a sigla em ato do próprio PT antes do segundo turno.

“As mesmas pessoas que elegeram Bolsonaro vão julgá-lo todos os dias, pelas promessas que não vai cumprir e pelo que vai acontecer em nosso país. Temos de estar preparados para continuar construindo, junto com o povo, as verdadeiras soluções para o Brasil. O PT nasceu na oposição, para defender a democracia e os direitos do povo, em tempos ainda mais difíceis que os de hoje. É isso que temos de voltar a fazer agora, com o respaldo dos nossos 47 milhões de votos”, afirmou no documento. “Temos de voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases, como disse o Mano Brown”.

Fonte: O Povo