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”É preciso encerrar o ciclo de falsos heróis”, diz ministro Gilmar Mendes

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a criticar a criação de “heróis” para o combate à corrupção no Brasil. “É preciso que a gente encerre o ciclo dos falsos heróis”, avaliou. Em entrevista ao CB Poder, programa da TV Brasília em parceria com o Correio nesta segunda-feira (2/9), o magistrado também fez uma autocrítica da Justiça brasileira, comentou o trabalho do ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot, e discutiu a importância da liberdade de imprensa. 

Apesar de defender a investigação de hackers nos vazamentos das mensagens entre procuradores da Lava-Jato, publicadas pelo site The Intercept, Gilmar também argumentou a necessidade de que as partes envolvidas no escândalo se expliquem. “Em nome do espírito republicano, eles deveriam contar a todos nós o que fizeram. O ministro Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol, os procuradores, o Roberto Leonel, da Receita, acho que deveriam ser chamados”, disse. “Essa parceria juiz-procurador não é correta, não encontra respaldo na Lei. Todo esse consórcio, essa indução de testemunhas, de depoentes, delatores, também é grave. Em suma, é preciso que a gente fale, que tenha um balanço disso, mas que depois, essas pessoas assumam suas responsabilidades”, acrescentou. 

Apesar das críticas, Gilmar afirmou não se opor à Lava-Jato, assim como reconheceu a importância da operação. Mas, disse que não se pode “combater crime com crime”, mesmo que os resultados apareçam ou que, no imaginário dos procuradores, não houvesse outra forma de obter prisões. “Do contrário, qual é a diferença da Força-Tarefa e as milícias do Rio de Janeiro? Porque a milícia entra em princípio para eliminar traficantes, combater o crime patrimonial e depois, para se financiar, ela começa a vender gato-NET e a fazer outros ilícitos”, afirmou. 

O ministro também citou irregularidades cometidas pelos procuradores que deveriam ser investigadas. “A indução ou a escolha de alvos para eventual delação, isso tudo encontra enquadramento penal. O autofinanciamento via palestras é um pouco venda da própria função. Esses setores que eram contemplados com essas palestras passaram também a não ser investigados”, completou.  

Fonte: Correio Braziliense