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Com a liderança de Bolsonaro e o crescimento de Haddad, pleito caminha para a polarização

Com o presidenciável Jair Bolsonaro, do PSL, à frente das pesquisas de intenção de votos, e a alta do movimento #ELENÃO, que se manifesta contra o ex-capitão abertamente, as eleições de 2018 podem ganhar caraterísticas de um plebiscito, que é a consulta popular em que o eleitor vota sim ou não sobre um determinado assunto. O cenário político também ganha outra dimensão quando o pleito se afunila e se dirige para a polarização com o rápido crescimento do candidato do PT, Fernando Haddad, apenas dois anos depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A eleição esta caminhando para um plebiscito, uma eleição plebiscitária, o sim ou não, o nós ou eles”, diz o cientista político, André César, da Hold Assessoria Legislativa.

O “risco Bolsonaro é real” e há a chance de ele ganhar por uma margem apertada. O atentado sofrido pelo candidato que o tirou da campanha nas ruas teve impacto sobre o eleitor. O discurso pró-Bolsonaro e o tom raivoso antipetista nas redes sociais aumentaram. Mas o temor em vê-lo no comando do Brasil chegou à imprensa internacional e levou a influente revista britânica ‘The Economist’ a estampar o presidenciável em sua capa com a manchete “Jair Bolsonaro, a última ameaça da América Latina”.

Diante de um cenário eleitoral tão inusitado, as próximas pesquisas serão decisivas para apontar se o eleitor brasileiro lançará mão do chamado voto útil já no primeiro turno. Esse tipo de voto acontece quando os eleitores que não querem jogar seu voto fora votando em um candidato que não tem chances de vencer. Ou, como agora se desenha, para evitar que um certo candidato ganhe, o eleitor deixa de apoiar seu candidato para votar em quem tem mais chances de derrotar quem não quer ver eleito. Tanto no eleitorado de esquerda quanto na direita, há a discussão de fazer uso do voto útil para Haddad e Bolsonaro.

Segundo o cientista político, Antônio Lavareda, há uma expectativa com base teórica e vivenciada em outras eleições de que o voto útil será exercido. Guardadas as devidas proporções, as eleições deste ano fazem lembrar os pleitos de 1989, quando Fernando Collor se colocava como o outsider e ganhou do petista Luiz Inácio Lula da Silva, e de 2014, quando Dilma Rousseff venceu o senador Aécio Neves, do PSDB, por menos de 4% dos votos válidos. Naquele ano, a candidatura de Marina Silva desidratou quando havia uma perspectiva de vitória do PT. Segundo Lavareda, “vaticinar” que o voto útil vai acontecer é difícil pois, assim como nas eleições de 89, hoje há uma fragmentação de candidaturas, enquanto que no pleito passado a disputa foi basicamente entre três nomes.

“No primeiro turno você vai com a sua convicção e no segundo turno vai no menos pior. Polarizou tanto que os dois lados estão olhando um por outro. ‘Então vamos fazer um hedge, uma proteção já de cara pensando no menos pior para evitar que o outro lado vença’”, diz o cientista político André César ao comentar o comportamento do eleitor. “Não está comprovado porque tem o fator Ciro, mas está caminhando para isso, vamos ver as próximas pesquisas”, completa referindo-se ao candidato do PDT, Ciro Gomes, que na pesquisa Datafolha, foi o único a crescer e chegar mais perto de Fernando Haddad, enquanto Marina e o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, viram seus votos caírem.

O desfecho das eleições depende ainda de alguns fatores para saber se o voto útil se dará entre Bolsonaro e Haddad. Um deles é se a trajetória de crescimento do petista vai continuar. Olhando para as pesquisas, segundo Lavareda, o teto de alta do ex-prefeito é ainda de cerca de 45%. Haddad tem que “fechar” o eleitorado do Norte e Nordeste e conquistar o eleitorado feminino, refratário a Bolsonaro e receoso em relação a Ciro, além de buscar o eleitor de baixa renda. O ex-prefeito conseguiu conquistar espaço na esquerda, principalmente no eleitorado de Ciro e da candidata Marina.

Fonte: Jornal do Brasil