Vida FM Asa Branca Salgueiro FM Salgueiro FM

Chavismo sofre racha diante de ofensiva contra Parlamento

A decisão do Tribunal Supremo de Justiça, máxima corte venezuelana, de assumir as funções do Parlamento, de ampla maioria opositora, provocou nesta sexta-feira um racha no chavismo depois que a procuradora-geral, Luisa Ortega, ligada ao governo, denunciou uma “ruptura da ordem constitucional”.

“Nessas sentenças se evidenciam várias violações da ordem constitucional e desconhecimento do modelo de Estado consagrado em nossa Constituição (…), o que constitui uma ruptura da ordem constitucional”, surpreendeu Ortega, muito ligada ao chavismo, durante um ato público, transmitido pela TV estatal, no qual foi aplaudida pelos presentes.

Trata-se da primeira funcionária venezuelana de alto nível que critica a decisão do Tribunal Supremo.

“O governo está fraturado por dentro, dividido entre os que querem seguir sua consciência e os que insistem em seguir mentindo”, disse nesta sexta-feira Julio Borges, presidente do Parlamento, dominado pela oposição.

Borges pediu à Força Armada e aos demais poderes públicos que ajam como Ortega, e denunciou que o deputado suplente Gilber Caro, detido em 11 de janeiro passado por planejar “ações terroristas”, será julgado por um tribunal militar.

O presidente Nicolás Maduro reagiu afirmando que “na Venezuela há plena vigência da Constituição, dos direitos civis e políticos, dos direitos humanos e do poder popular”.

Ao discursar para seus seguidores, Maduro convocou os poderes públicos para superar as diferenças sobre as sentenças que levaram o Supremo a assumir as competências do Parlamento e retirar a imunidade dos deputados.

“Assumo, através do diálogo e da Constituição, a tarefa de resolver hoje mesmo o ‘impasse’ que surgiu entre o Ministério Público e o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), e convoco o Conselho de Segurança da Nação para hoje mesmo à noite deliberar e alcançar uma resolução”.

A oposição, que é ampla maioria do Parlamento, sustenta que um golpe de Estado foi consumado e anuncia que desconhecerá o Tribunal Supremo e pressiona para que a Organização de Estados Americanos (OEA) aja no caso da Venezuela.

Nesta linha, o governador opositor e ex-candidato presidencial, Henrique Capriles, reuniu-se nesta sexta-feira, em Washington, com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, depois que este último pediu uma reunião urgente do Conselho Permanente.

“Esperamos uma resolução na qual o Conselho Permanente diga que houve uma ruptura do fio constitucional. E nesta base, de acordo com o que estabelece a Carta Democrática Interamericana, se dê o passo seguinte”, disse Capriles.

Almagro pediu formalmente nesta sexta ao Conselho Permanente que convoque uma sessão de emergência para avaliar a crise política na Venezuela, conforme o artigo 20 da Carta Democrática Interamericana.

Fonte: AFP