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Brega pernambucano é tema de documentário da GloboNews

Mais do que um estilo musical, mais do que uma paixão. Em Pernambuco, o brega é um estilo de vida. Começou com Reginaldo Rossi e hoje os MCs conquistam multidões em shows e fãs nas redes sociais. As festas bregas atraem diversos públicos, de diferentes gerações, e fazem a economia girar. É o que mostra o documentário “Capital do Brega”, produzido pela GloboNews, o canal de notícias da Globo na TV por assinatura.

O documentário vai ao ar no dia 10 de novembro, às 15h30 (horário local). Depois, vai ser exibido também na TV Globo em Pernambuco. Mas, se você curte o brega e quer assistir a esse documentário antes de todo mundo, numa sessão exclusiva, junto com os artistas, um concurso vai selecionar três telespectadores para a pré-estreia, na sede da Globo.

As inscrições terminam dia 31 de outubro de 2018. O anúncio dos vencedores será no dia 6 de novembro. 

“Pernambuco respira o brega. A gente tem, hoje, uns 400 artistas que vivem do brega. Na Região Metropolitana, são umas 60 casas de shows. Em termo de show business, aqui em Pernambuco, o brega responde por 70%. Até shows grandes têm que ter uma bandinha de brega”, afirma Fábio Tenório, empresário da banda Torpedo e dono de casas de show.

“É importante pensar o Recife como uma cidade que, apesar de ser uma metrópole, tem uma área geográfica muito concentrada. A periferia está muito próxima do centro. Você tem bolsões periféricos muito próximos de bairros muito nobres. No momento em que a periferia está muito próxima da cidade, ela permite muitos atravessamentos urbanos. De forma que, a classe média, que circula nos seus espaços, digamos: praias, parques ou no centro da cidade, acaba sendo tocada por essas sonoridades que chegam do brega. E que chegam da periferia. Então, é essa geografia do Recife que faz com que essa classe média recifense comece também a ouvir esse tipo de música”, explica Thiago Soares, professor doutor da UFPE que pesquisa o assunto.

Realeza

O documentário mostra que o brega tem a sua realeza. E, na hierarquia real, o rei é Reginaldo Rossi, cantor e compositor falecido em 2013. “No começo ele ficou meio incomodado em relação ao rótulo de brega. Dizia ‘poxa, faço uma coisa tão bacana, uma música romântica, uma letra boa, e o pessoal acha que é brega’. Os intelectuais é que diziam isso, ele falava. Mas começou a inverter. Aí disse: ‘não, bicho, vou ser o rei do brega, então vou cantar brega mesmo’. E ele levantou essa bandeira”, conta Sandro Nóbrega, que foi empresário de Reginaldo Rossi por mais de 20 anos.

Depois da morte de Reginaldo, em dezembro de 2013, ele montou a banda The Rossi. “Eu sinto a responsabilidade de transmitir as músicas, e as pessoas gostam porque a gente faz o show cantando dos primeiros sucessos até a fase do falecimento. A gente presta uma homenagem a Reginaldo. O nosso show faz recordar, não é um show de sósia, nem uma banda cover” diz o cantor Lêdo Silva, vocalista da banda.

Na hierarquia do brega, a rainha é Michelle Melo, que recebeu esse título de Reginaldo Rossi. “Por conta desse meu encantamento pelo brega, todas as vezes que a gente se encontrava nos camarins, ele sempre me perguntava: ‘vem cá, menina, você tão nova, por que brega?’. Eu falava do brega sempre com paixão. Então, ele começou a me intitular rainha do brega. E falou: ‘se eu sou o rei, você é a rainha’. Até que ele foi em rede nacional e falou. Depois, o próprio público (reconheceu), pela história que eu tenho”, conta a cantora.

A coroa de príncipe é de Kelvis Duran, que nasceu no Rio Grande do Norte, mas escolheu Pernambuco para morar há mais de 20 anos. “Essa história de príncipe do brega, quem batizou foi o pessoal das boates da Zona Sul do Recife. Começaram a curtir o brega e me deram esse título. Quando eu comecei, existia um certo preconceito. Mas aí esse movimento foi crescendo, o pessoal da Zona Sul não queria ir para a periferia, então nós tínhamos que ir onde eles estavam. Eles inventaram umas festas, diziam: ‘vamos chamar Kelvis Duran, a noite da gréia’. Tudo bem, vou. E acabaram se rendendo. E hoje eu canto para todas as classes sociais”.

Fonte: G1