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Argentina eleva tarifa de exportações agrícolas. Medida pode afetar preço de pão e massas no Brasil

O presidente argentino, Alberto Fernández, que tomou posse na última terça-feira, decidiu aumentar as tarifas sobre as exportações agrícolas. A medida, que consta de decreto publicado neste sábado, é a primeira ação na área econômica do novo governo peronista e visa a estabilizar os preços dos alimentos no mercado argentino, bem como elevar a arrecadação nacional em meio à crise.

De todo o trigo que o Brasil importa, a Argentina é o principal fornecedor. A medida, portanto, pode ter impacto sobre os preços de derivados do trigo, como pão e macarrão, no mercado brasileiro. Mas ainda é cedo para dimensionar o efeito, segundo analistas, pois o Brasil poderia redirecionar suas compras para outros países, como EUA e Canadá, que também são grandes produtores do grão.

O consumo total de trigo entre 2017 e 2018 no Brasil foi de 11,3 milhões de toneladas, sendo que 54% foram importados, segundo dados do Sindustrigo, sindicato do setor. Mais de 80% de todo o trigo que o Brasil importa vêm da Argentina, de acordo com a Abitrigo, que representa a indústria de moagem nacional. Logo, as importações argentinas representam cerca de 40% do consumo nacional.

— Por ora, ainda é cedo para projetar aumento de preços dos produtos cuja base é o trigo — explica Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da Consultoria Barral M Jorge. — O Brasil, numa redução das importações argentinas, tem canal de compra com Estados Unidos e Canadá. Mas é possível que, por conta do frete, haja algum impacto nos preços.

O decreto de Fernández prevê que as tarifas sobre as vendas de grãos para o exterior terão uma taxa fixa de 12%. Para a soja, principal commodity exportada pela Argentina, a sobretaxa se aplica à base de 18%, o que significa que o imposto total sobre o produto vai alcançar 30%. A tarifa sobre carnes, leite em pó, farinhas e legumes foi fixada em 9%.

Fonte: O Globo