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A morte e saga de um vaqueiro – Uma outra versão

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Todos Conhecem a historia da Missa do Vaqueiro, mas, poucos sabem que todo “causo” possui registro oficial, a historia mais famosa se parece muito com a literatura de Cordel… “No dia 08 de julho do ano de 1954, ambos partiram à procura de uma rês de estimado valor e famosa por suas astúcias animais. A rês pertencia a patroa e fora alcançada por Raimundo Jacó.

Miguel chegou logo atras de Jacó e se deparou com ele calmamente fumando o seu cigarro sentado perto do açude do sítio Lajes – Serrita – PE, a rês amarrada e o seu fiel companheiro cachorro ao seu lado. vendo isso Miguel ficou bastante irritado e com muita inveja, Pegou uma pedra de regular tamanho e bateu fortemente na cabeça de Jacó.

Essa é a historia famosa e divulgada, mas registros oficiais contam mais detalhes, e pasmem!!! segundo Processo Penal que tramitou na Justiça de Serrita, em sua sentença sobre o caso o Juiz da época da Comarca, JOSÉ ALVES VIEIRA MACIEL, NÃO CONDENOU MIGUEL PELA MORTE DO FAMOSO RAIMUNDO JACÓ.. vejamos parte da transcrição da Sentença:

OS PRESENTES AUTOS NÃO FORNECEM ELEMENTOS QUE PERMITAM IMPUTAR AO ACUSADO A RESPONSABILIDADE QUE LHE FOI ATRIBUIDA, NA DENUNCIA.”

“ NÃO BOSQUEJA A MAIS LIGEIRA PROVA DO CRIME, QUANTO MAIS A SUA AUTORIA”

“OS DEPOIMENTOS INFORMAM QUE, NÃO SÓ O ACUSADO É PESSOA DE CONDUTA EXEMPLAR, COMO QUE NÃO HAVIA MOTIVOS QUE O INDUZISSE A ELIMINAR O SEU COMPANHEIRO DE TRABALHO..

“IMPRONUNCIO O RÉU MIGUEL LOPES FILHO  DA ACUSAÇÃO QUE LHE É INTENTADA…”

SERRITA, 8 DE MARÇO DE 1956

JOSÉ ALVES VIEIRA MACIEL

JUIZ DE DIREITO

Diante dos registros, e com o final do processo, fica a duvida? Como morreu o famoso Raimundo Jacó, Vaqueiro e figura mítica de Serrita?! Pontos que apenas alimentam a GRANDE HISTÓRIA DO FAMOSO VAQUEIRO! Muito semelhante ao mito Yankee Americano do O.K CURRAL e suas intermináveis versões.. mitos e lendas que engrandecem um povo, uma nação!

Por Esmeraldo Cruz Sampaio – Defensor Público – Serrita – Pernambuco

9 comentários sobre “A morte e saga de um vaqueiro – Uma outra versão

  1. Corina

    O Juiz José Alves Vieira Maciel é meu pai. Considerado um dos homens mais inteligentes de sua época, era reconhecido pela retidão de caráter e senso aguçado de justiça. Foi assassinado no terraço de nossa casa em Caruaru (crime por mim presenciado quando só tinha onze anos de idade e que muito me marcou ). Peço a Deus que ilumine o espírito de meu pai. Grata!!!

  2. Marinalva Josefa Soares

    Gostei muito desde site, sou cordelista e vou compor um cordel contando a saga de Raimundo Jacó, primo do nosso poeta maior, Luiz gonzaga, e, assim, promover ainda mais a preservação da memória deste ícone do sertão. Gostaria que o responsavel pelo site entrasse em contato comigo para divulgação.
    Aguardo resposta
    Marinalva Soares – corrdelista de Feira nova -Pe

  3. Alberto Vidal

    Felicito o autor pela iniciativa de “garimpar” tão bela pérola. Verdadeiro “fato histórico”.
    Aproveito para sugerir outras pesquisas: Passagem de Lampião pela Ipueira dos Xavier( no momento não me recordo da data,infelizmente)onde, conta-se, foi morto um de seus mais ferrenhos seguidores e também um cidadão serritense.
    Cerco e morte de um Cangaceiro pelo Cel. Chico e Romão e seus comandados nas imediações do Ori, etc.
    Infelizmente as brumas do tempo não me permitem dizer, sem consulta, as datas em que tais fatos ocorreram.Certamente muito auxiliariam na localização dos registros cartorários.
    Abraços,

  4. machado freire

    Vi o vaqueiro/tangerino Miguel Lopes ainda nos idos da década de 70, quando era repórter do Diário de Pernambuco.
    Ora, o mais importante para qualquer órgão de imprensa naquela época era uma entrevista com o principal e único acusado da morte de Raimundo Jacó, uma vez que a Missa do Vaqueiro teve sua origem nesse possível incidente ocorrido na década de 50.

    A versão corrente -e não acatada pelo magistrado que presidiu o processo, era de que MIguel havia assassinado Raimundo com uma pedra, por inveja. Mas existia uma espécie de “clamor” que denunciava Miguel.

    E lá vou eu para mais uma viagem à procura de Miguel Lopes, depois de percorrer Serrita, Moreilândia, Exu, o Crato, Ouricuri, enfim todas as cidades onde havia feira de gado.

    Num “belo dia” (como dizia papai) eu fui esperar por Miguel Lopes em Moreilândia, onde ele deveria passar com uma boiada (mais uma) com destino ao Crato.
    Fiquei no hotel -onde havia dormindo na noite anterior, na certeza de que o homem deveria passar por alí antes do meio dia.
    Sentado na calçada junto com os meus principais informantes (gente do lugar e da maior confiança sobre o caso), fui surpreendido: De repente chegou Miguel montado em uma burra branca. Ele desceu de pressa e rumou para o interior do restarurante, ligeiro feito uma bala.
    Levantei-me e me encostei nele que já estava com a xícara na mão para tomar café.
    Encostei nele e peguei também peguei uma xícara.
    Olhei para os olhos dohomem e logo perguntei se se tratava do vagueiro Miguel Lopes. Ele disse que sim.
    Eu fui direto ao assusnto: O senhor matou Raimundo Jacó ? Miguel Lopes quase se engasgou e respondeu seco: não senhor, eu não matei Raimundo Jacó. E partiu em disparada. Montou na burrinha e sumiu no mundo.

    Peguei um jipe e fui atrás dele para tirar pelo menos uma foto. Consegui apenas uma, a única publicada no mundo até hoje, pelo Diário de Pernambuco.

    1. ESMERALDO CRUZ SAMPAIO

      Machado Freire, quem sabe muita coisa deste caso é o oficial de justiça que intimou ele naquela epoca, ele ainda é vivo, me contou muitas coisas sobre miguel lopes, nome dele é josé gonçalves, mora em serrita ainda, possui boa saude, mas nunca participou de nada da missa do vaqueiro, nunca foi convidado pra nada.. se voce desejar posso entrar em contato com ele.

  5. Julia Ferreira

    Muito interessante a pesquisa feita por DR. Esmeraldo, dá novos rumos a famosa historia de raimundo jacó! e pela 1 vez um documento que prova a realidade do famoso vaqueiro de serrita! parabens blog do alvinho!

  6. arnaldo luciano de alencar

    Quando falo,que sou parte deste BLOG,sinto orgulho,pois partilhar de histórias como esta
    é saber de coisas de nosso sertão, que muitos pensam que são lendas.