Marco Aurélio diz que Sérgio Moro ‘não era vocacionado ao cargo de juiz’

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira (13) que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, “não era vocacionado ao cargo de juiz”. Moro comandou até o fim do ano passado a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde são julgados processos da Operação Lava Jato.

Antes da sessão no plenário, Marco Aurélio respondeu a perguntas de jornalistas sobre a divulgação de mensagens atribuídas a Moro e ao procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. De acordo com as mensagens, divulgadas pelo site Intercept, o então juiz Moro dá orientações e opina sobre como proceder com as investigações, o que é proibido pela Constituição (Moro e Deltan dizem que os diálogos não mostram ilegalidades).

“Antes desse problema todo, né, que a meu ver enxovalhou o perfil dele, eu disse lá atrás que ele [Moro] não era vocacionado ao cargo de juiz”, disse Marco Aurélio. “O senhor mantém essa convicção?”, perguntou um repórter. E ele respondeu: “Eu mantenho”.

O ministro do STF também foi questionado se ele acredita que os novos fatos podem influenciar o julgamento do pedido da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, que aponta suspeição de Moro no processo em que o ex-presidente foi condenado. Marco Aurélio disse: “A gravidade…. mas não sei a consequência, porque o fato consumado no Brasil , e refiro-me aí à condenação que já existe, tem uma força muito grande”.

Ele também afirmou não ter medo de ser hackeado: “Eu sou um cidadão, sou homem público, devo contas aos contribuintes. Eu falo muito pouco ao telefone, muito pouco mesmo”, disse. Ao ser perguntado sobre mensagens por aplicativo, ele completou: “Pelo WhatsApp, troco mensagens, né. Não tenho nada a esconder. E não mantenho diálogos fora do processo com as partes.”

Fonte: G1

Glenn Greenwald diz que a Globo quer “esconder” vazamentos da Lava Jato

Glenn Greenwald esteve no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, nesta quinta-feira (13), e comentou as conversas vazadas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol , reveladas pelo site The Intercept no último domingo (9). O jornalista contou detalhes também sobre quando trabalhou ao lado da TV Globo , em 2013, no caso de Edward Snowden.

“Ganhamos Prêmio Esso, sempre achei os jornalistas muito profissionais. A Globo é um veículo muito importante no país, mas não sabe como receber críticas”, declarou Glenn Greenwald . “Falei sobre a possibilidade de trabalharmos juntos, o problema é que seis meses atrás tinha um material muito importante, a resposta que recebi é que o Marinho proibiu qualquer pessoa de trabalhar comigo por causa das críticas que eu estava fazendo”, completou o jornalista.

Greenwald disse que antes de debater o conteúdo do que tinha em mãos, queria ouvir da Globo que não havia proibição com seu nome , mas a emissora não respondeu. “Agora eles sabem que nós temos um arquivo enorme de grande importância, que todos os jornalistas estão pedindo, menos a Globo , porque querem esconder o material”, afirmou.

Fonte: IstoÉ

Gilmar Mendes: Moro era ‘chefe da Lava Jato’, e Dallagnol ‘um bobinho’

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou Sergio Moro e Deltan Dallagnol pelo tom dos diálogos registrados em um aplicativo de conversas e ponderou sobre consequências para a Operação Lava Jato associadas ao conteúdo publicado pelo site The Intercept Brasil. 

De acordo com Mendes, as mensagens divulgadas no domingo (9) mostram que “o chefe da Lava Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava Jato era o Moro”, disse Mendes, em entrevista a ÉPOCA.

O ministro identifica implicações diretas das revelações para o desenrolar da operação. “Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação”, analisou Mendes, referindo-se aos trechos das conversas que sugerem uma colaboração entre Moro e Dallagnol.

Mendes viu até a prática de um crime nas conversas vazadas. “Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime”, avaliou Mendes, referindo-se a um trecho das mensagens em que Dallagnol escreveu que faria uma intimação oficial com base em notícia apócrifa, diante da negativa de uma fonte do MPF de falar. E Moro respondeu que seria “melhor formalizar”.

“Simular uma denúncia não é só uma falta ética, isso é crime.” Mendes ressalta não ser contra o combate à corrupção, mas sim contra o que ele chamou de “modelo de Curitiba”.

Fonte: ÉPOCA

Bolsonaro demite Santos Cruz da Secretaria de Governo

O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo da Presidência da República. O ministro foi comunicado de sua saída em uma reunião com o presidente, da qual também participaram os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva , e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno . Assume o cargo o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste. É a terceira demissão de um ministro em menos de seis meses de gestão.

A decisão foi atribuída por um auxiliar direto do presidente a uma “falta de alinhamento político-ideológico” e embates com outros integrantes do próprio governo.  Em carta divulgada no início da noite, Santos Cruz deixa claro que sai do  governo “por decisão” do presidente Jair Bolsonaro. Ele faz agradecimentos e, no final, deseja ao presidente e familiares “saúde, felicidade e sucesso”.

Santos Cruz vinha sofrendo um processo de “fritura” há pelo menos dois meses. Segundo um auxiliar do presidente, Bolsonaro já tinha decidido exonerar o general no início de maio, quando mencionou que haveria “um tsunami”. Entretanto, o presidente esperou para criar um consenso entre a equipe que a permanência do ministro era insustentável.

Militares que integram o governo, entretanto, teriam atuado para manter Santos Cruz no cargo. Internamente, no entanto, Bolsonaro estaria emitindo sinais de “irritação” com a reação em grupo dos militares às críticas de Olavo de Carvalho, que comandou os disparos contra Santos Cruz e o vice-presidente Hamilton Mourão.

De acordo com auxiliares do presidente, Bolsonaro teria aumentado seu descontentamento ao ver a imagem de uma conversa por Whatsapp, supostamente escrita por Santos Cruz, na qual o ministro o chamaria de “imbecil” e sinalizaria aprovar a “solução Mourão”.

Na época, o ministro Heleno, em uma tentativa de apaziguar, incentivou que Santos Cruz acompanhasse o presidente em uma viagem a Dallas, nos Estados Unidos, em meados de maio.

Há um mês, após passar o dia sob ataques nas redes sociais — a hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter —, Santos Cruz se reuniu com Bolsonaro. Na conversa no Palácio da Alvorada, o ministro teria argumentado que não se tratava de um ato espontâneo , mas que era alvo de uma ação coordenada, com a participação dos filhos do presidente, o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e assessores ligados a Olavo de Carvalho.

Mais cedo nesta quinta-feira, antes de saber da demissão, Santos Cruz participou de uma audiência na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle do Senado e saiu em defesa do ministro da Justiça, Sergio Moro, ao comentar a troca de mensagens entre o colega e o procurador Deltan Dallagnol. Ele estava lá para dar explicações sobre a veiculação de um vídeo comemorativo do golpe de 1964, por meio de canal de mensagens do governo, a jornalistas, em 31 de março deste ano.

Em nota, o porta-voz da Presidência, Otávio Santana do Rêgo Barros, confirmou a saída de Santos Cruz e a indicação de Luiz Eduardo Ramos.  “O presidente da República deixa claro que essa ação não afeta a amizade, a admiração e o respeito mútuo, e agradece o trabalho executado pelo general Santos Cruz à frente da Secretaria de Governo”, diz o texto.

Fonte: O Globo