Papa diz que críticos da igreja são ‘amigos do demônio’

Dois cardeais ultraconservadores denunciaram nesta quarta-feira (20) “a praga da agenda homossexual” que assola a Igreja Católica e exortaram os bispos de todo o mundo convocados nesta quinta-feira pelo papa ao Vaticano a combater esse fenômeno.

“A praga da agenda homossexual se espalhou dentro da igreja, fomentada por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e silêncio”, denunciaram os cardeais Raymond Burke, dos EUA, e Walter Brandmüller, da Alemanha.

A denúncia foi feita na véspera da abertura no Vaticano de uma cúpula excepcional de três dias com os presidentes das 114 Conferências Episcopais em todo o mundo para combater os abusos sexuais cometidos por clérigos.

“As raízes desse fenômeno estão, obviamente, nessa atmosfera de materialismo, relativismo e hedonismo, onde a existência de uma lei moral absoluta, isto é, sem exceções, é abertamente discutida”, afirmam os cardeais.

Eles consideram que uma “profunda desordem” reina e que “o mundo católico está desorientado”.

Os dois, conhecidos por suas posições conservadoras, reconhecem que “o horrível crime do abuso infantil” é grave e acreditam que se espalhou “não tanto pelo clericalismo” e abuso de poder dentro da igreja, mas por que “se distanciaram da verdade do Evangelho”.

Os dois prelados fazem parte do grupo de quatro cardeais ultraconservadores que criticaram em 2016 o papa Francisco por ter concedido em alguns casos a comunhão aos divorciados que voltaram a se casar.

O papa Francisco disse nesta quarta que pessoas que passam a vida denunciando a Igreja Católica são “amigos, primos e parentes do demônio”.

Vítimas de abuso sexual por parte do clero católico exigiram nesta quarta-feira se encontrar pessoalmente o papa Francisco para reforçar o pedido de que os bispos que encobrem tais crimes sejam dispensados do sacerdócio.

As 10 vítimas se encontraram por quase três horas com cinco autoridades do Vaticano um dia antes do início de uma conferência sem precedentes sobre abusos na igreja, planejada para orientar bispos mais velhos sobre a melhor forma de enfrentar o problema que dizimou sua credibilidade.

Todas as vítimas de abuso expressaram descontentamento pelo fato de o papa não ter comparecido à reunião, embora sua presença não estivesse confirmada.

“Se ele pode se reunir com todos os bispos de lá, pode se encontrar conosco”, afirmou Peter Isely, que foi abusado por um padre quando era criança.

“Nós fizemos nossas exigências de tolerância zero. Queremos que o papa escreva em uma lei universal: tolerância zero para o acobertamento de crimes sexuais. Eles podem fazer isso agora”, disse ele a repórteres após a reunião com as autoridades, todas elas clérigos.

Ele e outras vítimas afirmaram que os bispos que haviam acobertado o abuso deveriam ser dispensados do sacerdócio, assim como aqueles que cometeram o abuso em si.

Outras vítimas de abuso esperavam do lado de fora do prédio em que a reunião aconteceu.

“Acreditávamos que a reunião desta manhã seria do papa com um grupo de sobreviventes de todo o mundo”, disse o inglês Peter Saunders, que não participou da reunião.

O Vaticano afirmou que a presença do papa na reunião nunca esteve prevista, pois ele se reuniria com outras vítimas durante a conferência.

Fonte: Folhapress

Putin ameaça apontar mísseis para os Estados Unidos se Washington colocar os seus na Europa

Vladimir Putin quer recuperar a confiança dos russos. Ciente de que sua popularidade está em queda livre pela situação econômica e as reformas sociais impopulares, o presidente da Rússia fez nesta quarta-feira novas ameaças militares contra os Estados Unidos e anunciou um pacote de medidas econômicas destinadas a melhorar a vida das famílias. Distante do discurso focado apenas no belicismo dos últimos anos, Putin tratou de apresentar medidas sociais em seu discurso anual sobre o estado da nação. Mas no trecho final lançou uma ameaça clara e contundente à OTAN e aos Estados Unidos: se após o abandono do tratado de desarmamento nuclear Washington colocar seus mísseis na Europa, a Rússia também posicionará e apontará seus mísseis, e não só para a UE, também para os EUA. “Estamos prontos para entrar em negociações sobre o desarmamento, mas não vamos bater em uma porta fechada”, disse o presidente russo aos membros da Assembleia Federal.

No primeiro discurso para todo o país após a retirada dos EUA do tratado de desarmamento nuclear de mísseis de médio alcance, conhecido como INF, o presidente russo disse que a Rússia não tem a intenção de agir primeiro, mas não hesitará em responder. Putin anunciou com orgulho que as últimas armas nucleares prometidas – novos mísseis hipersônicos e um submarino nuclear – estarão prontas em breve. E acusou Washington de mentir e usar desculpas para abandonar o INF, que proíbe o desenvolvimento e a colocação de mísseis terrestres com um alcance de 500-5500 km. Além disso, o líder russo disse que os EUA estão há anos descumprindo esse pacto bilateral crucial que data da Guerra Fria, e que após a saída dos EUA a Rússia também abandonou. A Casa Branca afirma que foi a Rússia que violou o tratado em numerosas ocasiões nos últimos anos.

Putin lançou nesta quarta-feira sua mais dura ameaça contra Washington e a OTAN. Ele pediu à Casa Branca que calcule os riscos de atacar e intimidar Moscou. E se contrapondo ao discurso que vinha mantendo nos últimos dias, de que a Rússia usaria apenas medidas equivalentes contra os EUA, ele também ameaçou recorrer a medidas “assimétricas” se os EUA colocarem seus mísseis na União Europeia. Se assim for, “a Rússia será forçada a fabricar e deslocar tipos de armas que podem ser usados não só contra os territórios de origem da ameaça direta, mas também contra os territórios em que se encontrem os centros de tomada de decisão para o emprego dos sistemas de mísseis que nos ameaçam”, enfatizou no discurso sobre o estado da nação, que esboça as linhas a seguir durante o ano. Ou seja, se os Estados Unidos colocarem seus mísseis na UE, a Rússia posicionará os seus para alcançarem não apenas a Europa, mas também os Estados Unidos.

Fonte: EL País

Governo propõe idade mínima de 70 anos para benefício integral a idosos sem meios de se sustentar

A proposta de reforma da Previdência Social do governo, entregue ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (20), determina que idosos sem meios de se sustentar terão de aguardar até os 70 anos para receber integralmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Atualmente, o benefício, no valor de um salário mínimo, é pago mensalmente à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprove não possuir meios de se sustentar, e nem de ter auxílio da família.

O governo propõe o pagamento de um valor menor, de R$ 400, a partir dos 60 anos de idade.

Se esse idoso não tiver o tempo mínimo de contribuição para se aposentar pelo regime geral ao atingir 65 anos, ele continuará recebendo R$ 400 até completar 70 anos.

A partir dos 70 anos passaria a receber um salário mínimo.

“Se ele conseguir se aposentar, sai da assistência e vai para a Previdência. Se não, aos 70 anos passa a ganhar um salário mínimo”, afirmou o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolin.

O secretário explicou ainda que o valor de R$ 400 estará indexado à inflação, ou seja, será reajustado pela inflação.

Fonte: G1

Trabalhador levará 40 anos para chegar a 100% do benefício, diz ministério

O Ministério da Economia confirmou nesta quarta-feira, 20, que os brasileiros que ganham acima de um salário mínimo precisarão contribuir por 40 anos para conseguir se aposentar com 100% do salário de contribuição (cujo teto hoje é de R$ 5,839 mil). A regra havia sido adiantada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) ainda no dia 4 de fevereiro, por meio da minuta da proposta.

Para quem ganha o piso, nada muda, uma vez que o texto proíbe o pagamento de qualquer aposentadoria abaixo de um salário mínimo. Mesmo assim, essa regra deve ser um dos focos de resistência dos parlamentares durante a tramitação no Congresso Nacional.

O ministério também confirmou que os segurados que ganham mais de um salário mínimo vão ter direito a 60% do benefício ao completar 20 anos de contribuição – que passaria a ser o tempo mínimo de contribuição, hoje em 15 anos. A cada ano adicional, são conquistados mais 2 pontos porcentuais. Por exemplo, quem conseguir ficar 35 anos recolhendo para a Previdência vai receber 90% do salário de contribuição.

A regra vale tanto para o INSS quanto para o regime dos servidores públicos, embora o tempo mínimo de contribuição a ser exigido seja diferente. Enquanto no INSS será de 20 anos, para o funcionalismo seria de 25 anos. Para professores, que, pela proposta, seriam contemplados com idade mínima menor (60 anos), a exigência seria de 30 anos de contribuição.

Fonte: Estadão