O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será interrogado em Curitiba nesta quarta-feira (14) como réu no processo da operação Lava Jato sobre o sítio de Atibaia, no interior paulista.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o petista teria sido o beneficiário de reformas feitas no local por empresas após beneficiá-las em contratos com a Petrobras obtidos de forma fraudulenta.
O interrogatório será conduzido pela juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro. Além de Lula, há outros 12 réus no processo, que vêm sendo interrogados nos últimos dias. Entre eles, Emílio e Marcelo Odebrecht; Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; e o pecuarista José Carlos Bumlai.
O ex-presidente está preso na capital paranaense desde abril deste ano porque foi condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá (SP). Ele também responde a outros processos derivados da Lava Jato e da operação Zelotes.
O MPF acusa Lula de ter recebido propina por meio de reformas no sítio, que pertence a Fernando Bittar, amigo da família do ex-presidente. Os recursos teriam vindo de crimes cometidos pela Odebrecht, OAS e Schahin em contratos com a Petrobras.
Marcelo Odebrecht teria corrompido o petista e executivos da Petrobras nomeados pelo ex-presidente para obter vantagens em quatro contratos com a Petrobras. Leo Pinheiro e Agenor Medeiros teriam feito o mesmo para a OAS em relação a três contratos. A acusação informa que a Odebrecht gastou R$ 700 mil com as reformas no sítio, e a OAS, R$ 170 mil.
Ainda segundo o MPF, Bumlai intermediou o pagamento de R$ 150 mil gastos nas reformas. O valor também teria origem em um contrato da construtora Schahin obtido de forma fraudulenta com a Petrobras.
Para atribuir o uso do sítio a Lula, o MPF apresenta indícios como registros de que carros usados pelo ex-presidente estiveram lá ao menos 270 vezes entre 2011 e 2016, a presença de pedalinhos com nomes de netos do petista e a existência de bens pessoais de Lula no local.
Testemunhas ouvidas relataram que foram orientados a manter sigilo sobre os trabalhos, já que a propriedade seria de Lula. O imóvel foi comprado no fim de 2010, quando Lula deixava a Presidência, por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios do filho do petista.
DEFESA
A defesa de Lula questiona a relação entre as obras o esquema de corrupção na Petrobras. Marcelo Odebrecht também rejeita a associação. Apesar disso, o empresário afirmou que a empresa pagou uma reforma para Lula “dentro de um contexto de uma relação que envolvia atos que a gente sabe que é ilícito (sic)”.
Outro ponto questionado é o grau de envolvimento de Lula com as reformas. Ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino Alencar, disse que quem solicitou as obras à empresa, foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017.
Já Marcelo afirma que “com certeza” o petista sabia que a construtora estava bancando os trabalhos na propriedade. Leo Pinheiro, da OAS, declarou que Lula pediu a ele expressamente a realização de reformas em Atibaia. A defesa classifica as afirmações como “mentirosas”.
A defesa de Lula afirma que a vinculação do ex-presidente a crimes na Petrobras “é totalmente descabida e somente foi construída para submetê-lo a processos e condenações pré-estabelecidas no âmbito da Lava Jato de Curitiba”.
Fonte: Yahoo Notícias