A imprensa brasileira de um modo geral, principalmente os “jornalistas comentaristas” considerados consagrados, como Ricardo Boechat, Mirian Leitão, Reinaldo Azevedo e Alexandre Garcia, para ficar apenas nestes ícones, exercem o melhor dos papéis em uma Democracia representativa como a nossa: o de crítico do assunto do dia!
É bom demais criticar! Melhor ainda: é aparentemente fácil!!
É, pois, cômodo opinar sobre tudo o que afeta a sociedade; sobre a corrupção; a violência; o desemprego; a falta de ética; bradar que a saúde é precária; que a educação é deficiente; que os políticos são todos medidos pela mesma régua; que o Judiciário ora é moroso e leniente, ora é rígido e desalmado; que os governos (federal, estaduais e municipais) não prestam; que as instituições não funcionam a contento, etc, etc, etc.
Sucede que em qualquer época da história da humanidade, em qualquer civilização e sob qualquer governo ou regime político, a crítica descompromissada e feita, apenas, sobre os temas, as agruras e aflições que impactam, sobretudo negativamente, a sociedade de então, e principalmente, o povo majoritariamente sofrido – como é exatamente o caso do nosso Brasil atual -, divorciada de propostas sérias, de soluções práticas, de alternativas viáveis para consertar as mazelas sociais, econômicas, institucionais e políticas que assolam a Nação e o País, soa mais como oportunismo piegas e baboso, como manipulação da opinião pública, como tentativa de estabelecer um padrão de (falsa) moralidade, com o fim específico de criar fatos, replicar notícias e de pautar o sentimento fragilizado da população apenas para atender objetivos outros, que muito certamente interessam à mídia e à audiência que lhe move, e menos importa à sociedade desassistida, leiga, órfã e refém daqueles que ostentam a condição de formadores e indutores da opinião pública, da “vox populi”.
Recomenda-se, prudentemente, que façamos uma análise acurada das informações e das notícias que nos chegam diuturnamente, mormente, através da internet e das diversas redes sociais, filtrando-as, pesquisando-as e, ao menor sinal de desconfiança, confrontemo-las incansavelmente até alcançarmos a confiabilidade da fonte e da procedência da notícia, pois só assim evitaremos a propagação de inverdades dos chamados “fake news”, evitando, inclusive, que sejamos processados cível e criminalmente por todos quantos se sintam atingidos pela divulgação e reverberação de pseudas informações.
Nessa profusão de opiniões e manifestações – próprias desse nosso tempo “on line” – a máxima do filósofo iluminista francês François Marie Arouet, que viveu entre os séculos XVI e XVII, conhecido como Voltaire, permanece viva, porém, demandando atenção e cautela hoje mais do que nunca. Ei-la: “Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o direito que tens de dizê-las.”
Pois é, defenderei, mas só publicarei se expressar a verdade!
Falar, comentar, opinar, criticar, aqui e alhures, é fácil. Difícil é propor sugestões, apresentar caminhos a seguir, apontar os próprios erros, fazer a “mea-culpa”, enfim, trazer luz à treva.
Democracia, que etimologicamente significa o governo do povo (e para o povo!), também é isso: o que ontem era pedra, hoje, ou amanhã, pode se tornar vidraça!
Pensemos nisto.
Por Gilson Alves – Advogado