Tenho quase meio século de atividades jornalísticas e não lembro de algo tão inusitado na administração pública: demissão de coveiros em massa!
Imagine se o “gestor” que jogou os profissionais no olho da rua tivesse necessidade de “atender o chamamento dos céus” de um parente seu ou até mesmo de um amigo que necessitasse descer a uma cova de um cemitério?
Se os coveiros recebessem a solidariedade dos seus colegas que perderam o “pão de cada dia” de suas famílias?
Não tenho conhecimento também de que nenhuma prefeitura quebrou porque pagasse salários – que não são tão grandes, aos seus coveiros!
Se o gestor inconsequente parasse um pouco para raciocinar sobre a atividade de um coveiro, hein?
Será que ele sabe que o coveiro não é um sofredor apenas porque mantém uma família com um salário tão pequeno ?
Será que ele sabe que o coveiro enterra os corpos contra a sua vontade de humano e cristião, pois ninguém quer que ninguém seja colocado debaixo da terra?
Será que o prefeito sabe que o coveiro sua – debaixo de sol e chuva, trabalha apressado para enterrar pessoas pobre de jó e ricos com sobra de dinheiro na mesma cova, como se todos fossem iguais? O coveiro não discrimina ninguém!
Talvez o prefeito não saiba que o coveiro recebe à beira da sepultura, parentes e aderentes do morto (às vezes fedendo muito ) e sente vontade de chorar e não o faz porque tem que se “segurar” como macho e bom profissional?
O coveiro, coitado, humano como todos nós, tem que se mostrar “indiferente” a tudo que acontece em volta da sepultura que ele acabou de cavar para consumir um corpo que foi desejado e respeitado, de mulheres que foram bonitas e de homens tidos como importantes , cheios de dinheiro, durante sua “passagem ” relâmpago aqui na terra!
Eu sinto muito pena dos coveiros e do prefeito.
Por Machado Freire